quinta-feira, abril 17, 2014

A Linda História do CEPHAS

Foi em 1981 que Deus iniciou a linda história do CEPHAS. A iniciativa foi claramente de Deus. Dois cristãos presbiterianos que moravam no “Conjunto Habitacional Castelo Branco”, pertencente à COHAB, Orlando Fogaça – membro da Igreja Presbiteriana de Osasco, da qual eu era pastor – e Job Paulo de Oliveira – da 1a. Igreja Presbiteriana de Carapicuíba, por mim iniciada na década de 60 – me procuraram com a informação de que havia lá um terreno com uma placa informando: “Terreno Reservado para uma Igreja Ecumênica”, e sugeriam: “Não poderíamos obter da COHAB esse terreno para construir lá uma Igreja?”. Respondi: “Vale a pena tentar”.
Marcamos um dia, agendamos com o secretário do Dr. José Celestino, presidente da COHAB. Apresentamo-nos, ele então contou que estudara no Mackenzie; era um importante ponto de contato. Esclareceu-nos que eram 2 terrenos, mas a COHAB não sabia como ou a quem vendê-los. Marcou uma nova audiência, mas avisou que as entidades que ficassem com os terrenos deveriam realizar ali serviços sociais, pois esse era o objetivo da COHAB. Respondemos que à igreja também cabiam serviços sociais.
No novo encontro, estavam além de nós, um padre de uma missão alemã, um pastor batista e um pentecostal. Informou-nos que a COHAB decidira doar os terrenos a 2 entidades que apresentassem os melhores projetos. Houve um edital. Procurei uma assistente social evangélica para nos orientar. No dia marcado comparecemos com o projeto. Surpresa: o pastor pentecostal fora assassinado em um assalto, o pastor batista desistira e comprara outro terreno. Dois terrenos e 2 pretendentes. Nosso projeto foi aprovado. Ficamos com o terreno maior, e regular, de 50m X 40m, na avenida Amazonas e a missão católica com o terreno mais no centro do njunto habitacional, em ponto mais elevado. Tínhamos 6 meses para começar as obras e dezoito para terminar e iniciar as atividades.
A igreja de Osasco adquiriu os blocos estruturais necessários, que dispensavam reboco e possibilitavam colunas de concreto embutidas nos blocos.
Conseguimos com o Mackenzie tábuas que haviam sido usadas em suas construções no Guaporé. Parte delas foi usada para construir um barracão que serviu como depósito, como residência da família do zelador e também serviu para iniciar quase imediatamente uma Escola Dominical.
Precisávamos de um pedreiro e não encontrávamos. Foi quando o irmão Gentil Reis Bragança veio de Minas Gerais com a família à procura de trabalho e o contratamos. Ele era o único pedreiro e seus filhos adolescentes, Eder e Nilson, foram seus ajudantes. Seu cunhado, o presbítero Samuel Alves Fernandes ensinou-o a trabalhar com as ferragens.
Conseguimos a terraplanagem com a Prefeitura de Carapicuíba e comunicamos à COHAB que iniciaríamos as obras dentro do prazo. Um engenheiro amigo projetou o prédio; meu sobrinho, o engenheiro Raymundo Poleti Osorio assinou o projeto e ficou responsável pela obra.
Começamos a solicitar ofertas de amigos, parentes e irmãos em Cristo para construir um prédio de 600 m2 e outro de 110 m2.
As ofertas chegaram sempre “em cima da hora”.
Empresas diversas doaram materiais: a “Hervy” nos deu todos os aparelhos sanitários tanto para adultos como os próprios para crianças. A “Casa Albano” nos “vendeu” todas as portas internas de madeira por apenas Cr$ 1,00 cada; outra empresa nos doou toda a fiação elétrica, comutadores e tomadas; outra nos deu os chuveiros,e assim foi até o fim das obras.
Um casal se encarregou de colocar o piso de cimento. Quando faltava o “acabamento”, procurei o empresário Fuad Chucre para pedir ajuda. Ele quis ir na mesma hora conhecer nosso prédio. Ficou entusiasmado: faltava a colocação dos vidros nas janelas e outros acabamentos diversos. Disse-me: “Pastor, reúna 10 homens da igreja que trarei dez amigos meus”. Passamos alguns sábados trabalhando e ele mesmo preparava um churrasco custeado por ele. Chamou um vidraceiro e pagou pela colocação de todos os vidros nas janelas.
Começamos a receber uma verba mensal da “Visão Mundial” e mais tarde, da LBA. Os pais das crianças contribuíam conforme suas possibilidades.
Outra providência de Deus: estava eu um dia no escritório do pastor da I. P. da Lapa, Rev. Jonas Gonçalves, quando uma funcionária do restaurante central da USP, membro da congregação do Rio Pequeno, perguntava, pelo telefone, se interessava para a creche da igreja sobras de alimentos, mas seria necessário ir buscar diariamente. O pastor respondeu que não, por falta de transporte; e então lembrou-se de me perguntar se o oferecimento interessava ao CEPHAS. “Sim”, foi minha pronta resposta, e passei a buscá-la em meu carro, um Volkswagen TL no qual mandei instalar um bagageiro no teto. Durante cerca de 10 anos fomos buscar esses alimentos, quase 200 kg em média, por dia. Toda noite, um grupo de senhoras distribuía os alimentos às famílias que faziam fila na rua.
Depois de 10 anos o CEPHAS passou esses alimentos para a Igreja P. I. de Boaçava, que fez um importante trabalho junto a moradores de rua e pessoas carentes.
A congregação, que se iniciara no barracão de madeira, passou a usar o salão social e algumas salas para realizar a Escola Dominical e os cultos. A E. D. Chegou a ter 110 matriculados – crianças, jovens e adultos. O número de membros comungantes chegou a 70 em 1998.
Realmente, “grandes coisas fez o Senhor por nós
Mas não podemos deixar de referir que durante todo o tempo houve também momentos amargos e lutas desagradáveis, porque Satanás não assiste a tudo impassível. Não, ele sempre procura colocar pedras de tropeço, inclusive personalismos e mentiras; ele semeia o joio que precisa com muito cuidado ser erradicado, e assim aconteceu.

Na seara do Senhor não há lugar para vaidade, egolatria e mercenarismo. Então é necessário, muitas vezes, travar lutas amargas. Também nessas situações “grandes coisas fez o Senhor por nós e por isso estamos alegres” - Sl 126.3.