quinta-feira, setembro 21, 2006

Os Filhos de Deus (1Jo 4.1-9)

Alguma pessoa tem o direito de dizer-se filho (a) de Deus?

Por nós mesmos, não temos esse direito, como qualquer de nós não pode dizer que é filho de um milionário e assim tornar-se herdeiro dele. Mas se o milionário quiser adotar-nos como filhos, ele poderá fazê-lo – se aceitarmos – e tornar-nos seus herdeiros. Vamos ver como pode isso acontecer entre Deus e nós.

Deus é Deus - Is 45.5; 43.11.

Pelo pecado, o ser humano se afastou de Deus, desde o início - Gn 3.8 e Is 59.2.

Mas Deus busca o ser humano – Jo 4.23.

Veja alguns exemplos de pessoas que Deus procurou: Noé – Gn 6.8-14; 9.1, 8 e 9; Abrão – Gn 12.1-3; Moisés – Ex 3.1-6; Samuel – 1 Sm 3.1-10; os apóstolos – Mc 3.13; Mt 4.18-22; 9.9; Paulo – At 9.1-6; At 26.12-22.

Assim também Deus chama hoje, de algum modo. A todos Ele convida – Mt 11.28-30; Sl 95.7-8. Ele espera que nós aceitemos o Seu convite – Jo 6.35-37; 7.37-38; 4.10-14.

O que acontece quando alguém recebe e atende o convite de Cristo? Jo 1.11, 12; Gl 4.4-6; Rm 8.14-16; At 2.37-39. Somos adotados como filhos de Deus, e recebemos o dom ou dádiva do Espírito Santo; passamos a ser herdeiros de Deus - Rm 7.17; Gl 4.7; Tt 3.7.

Quem Deus deseja salvar? 1Tm 2.3-5.

alguém que não quer ser salvo? Jo 5.39-40.

Se hoje alguém ouvir a Sua voz, não endureça o seu coração Sl 95.7-8.

terça-feira, setembro 12, 2006

A imposição de mãos

Não imponhas precipitadamente a mãos sobre ninguém” - 1Tm 5.22 e 1Co 1.14.

A imposição de mãos é referida no N.Testamento em vários casos: na ordenação de oficiais - 1Tm 4.14; por ocasião do batismo de pessoas - At 19.5-6; na cura de enfermos - Mc 6.5; em manifestação de carinho e amor fraternal - At 9.17, Mc 10.16.

Em nenhum texto a imposição de mãos é apresentada como algo mágico e poderosa em si mesma, nem como um gesto necessário para que algo especial aconteça. Em alguns casos, surge como um gesto litúrgico. Assim é até hoje, especialmente nas cerimônias de batismo, ordenação de oficiais e impetração da bênção apostólica (esta, nem sempre com imposição das mãos).

No texto de 1Tm 5.22, Paulo certamente se refere à ordenação de presbíteros, pois nos vv. 17 a 20 refere-se a eles. Precisamos ser muito criteriosos e rigorosos no exame de pessoas a serem ordenadas para o oficialato na Igreja. É um desastre termos como diáconos, presbíteros e pastores, pessoas que não foram chamadas para esses ministérios e qualificadas por Deus. Da mesma forma, quando são batizadas pessoas não - convertidas. Se não podemos, de um modo absoluto, saber quem é e quem não é convertido, por isso mesmo temos de tomar muito cuidado para não admitirmos ao batismo quem não nos pareça convertido. Isso, através de rigoroso exame.

Pode parecer estranho, mas Paulo escreveu aos coríntios (1Co 1.14): “Dou graças a Deus porque não batizei a nenhum de vós, senão a Crispo e a Gaio”. Isto porque a Igreja de Corinto estava se mostrando muito defeituosa e problemática, certamente por terem sido batizadas e admitidas como membros, por outros pastores que lá estiveram, pessoas não-convertidas.

Tais pessoas não-convertidas criam problemas muito mais graves do que os próprios convertidos podem criar. Estes reconhecem mais facilmente seus erros e ajudam a corrigi-los, enquanto os não-convertidos, muitas vezes são movidos por vaidades e interesses ilegítimos, buscando indevidamente o oficialato, inclusive o pastorado. Como isso é trágico! Na Igreja freqüentemente tornam-se maus políticos.

Se os Conselhos das Igrejas forem bastante criteriosos no preparo dos crentes novos (catecúmenos) e, depois, no exame deles para admiti-los ao batismo, evitarão muitos desapontamentos e dissabores.

O art. 12 dos “Princípios de Liturgia” estabelece que “todo aquele que tiver de ser admitido a fazer a sua profissão de fé será primeiramente examinado em sua fé em Cristo, em seus conhecimentos da Palavra de Deus e em sua experiência religiosa”.

Esse exame não deve, absolutamente, ser um exame “pró-forma”, mas sim muito cuidadoso e individual, inclusive porque é um exame de sua “experiência religiosa”, que implica na conversão, nas mudanças havidas em seu caráter e em sua vida.

Por tudo isso, sigamos a instrução inspirada do apóstolo: “Não imponhas as mãos sobre ninguém, precipitadamente”. De modo especial precisamos observar rigorosamente esta recomendação, que não é de Paulo somente, mas sim do Espírito Santo, quando se tratar de ordenar pastores. Pastor ordenado indevidamente, precipitadamente ou irresponsavelmente, é certo que vai ser um sério problema; para a Igreja e para ele mesmo. Levemos a sério o ensino bíblico.

sexta-feira, setembro 01, 2006

SOMOS, MESMO, REFORMADOS?

Quando lemos a História da Igreja vibramos com a fidelidade a Cristo, dos homens e mulheres de Deus. A começar com João Batista, Tiago irmão de João, Estevão, Paulo e outros. Encanta-nos a fidelidade de dezenas de pré-reformadores que surgiram quando a Igreja entrou em decadência por volta do século XIV; pregaram fielmente o Evangelho desafiando a cúpula corrompida da Igreja; quase todos foram martirizados pela “Santa” Inquisição.

O primeiro reformador bem sucedido foi Martinho Lutero, graças à proteção de Deus que pôs a seu lado os príncipes alemães. Depois, e ainda em seu tempo, vieram Melanchton, Zwínglio, João Calvino.

A Reforma se espalhou por grande parte da Europa sedenta da Palavra de Deus, tanto quanto de justiça social. Os poderosos exploravam os plebeus, geralmente muito pobres.

Era inseparável a verdade evangélica, do clamor por justiça social. Aos reformadores como Lutero e Calvino, interessava-os e movia-os a vida espiritual cristã coerente. Mas vida espiritual legítima desperta o desejo de justiça, pelo amor ao próximo, sem o qual não há verdadeira fé cristã.

Lutero e Calvino foram os dois pregoeiros da fé cristã integral. Não queriam a violência, mas foram acusados de promovê-la, porque o Evangelho estimula o povo ao progresso, e à não-aceitação da injustiça. As muitas revoltas dos camponeses e burgueses, contra a dominação do clero e dos ricos e nobres, misturavam-se com o movimento puramente religioso e cristão.

Calvino, especialmente, batalhou pela justiça social. Não podia aceitar que um cristão, a partir dele, deixasse de partilhar os seus bens com os mais pobres. Ele e os pastores reformados, em Genebra, viviam pobremente porque suas consciências não lhes permitia viver com fartura e ostentação enquanto havia pobres e miseráveis até mesmo entre cristãos verdadeiros.

Viviam, realmente, um “estilo de vida simples” (1Tm 6.8-10: “...tendo o que comer e o que vestirmos, estejamos com isso satisfeitos...”).

Ser pastor e cristão reformado é isso: pregar a doutrina de Cristo com fidelidade até as últimas conseqüências, amar a cada irmão, e não admitir nem aceitar a vida folgada financeiramente enquanto irmãos passam por toda espécie de privações.

João Calvino, o maior dos pastores reformados, era inteligente, muito culto, um verdadeiro “doutor”. Mas nem um instante deixou de identificar-se com os pobres, e por amor deles foi pobre também.

Hoje existe má distribuição de renda como nos dias de Calvino. Se somos realmente reformados, não podemos satisfazer-nos com o bonito discurso que fica só em discurso; temos que praticar o que pregamos. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes”, disse Jesus Cristo. Especialmente nós, pastores, temos que dar o bom exemplo de desprendimento, preocupação real com o pobre, e prática real do amor cristão bem definido por Tiago e João: “Não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1Jo 3.18); “se um irmão ou irmã estiver necessitado de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês disser: `vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se´ sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? ...Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta” e v.14: “acaso a fé (essa fé) pode salvá-lo?” (Tg 2.15-17). Não é uma questão de opção, questão de foro íntimo: ou somos integralmente cristão, ou não somos cristãos, ainda que imperfeitos. O que não é possível é conhecer as Escrituras e não a cumprirmos, exigindo isso dos outros. Leiam Mt 23.3.

Com tanta gente em nossas igrejas em extrema pobreza, estamos mesmo sendo “pastores reformados”? Ou apenas somos “bacharéis” e “doutores”?

Pior, ainda, se exigimos para nós uma situação financeira privilegiada, que no caso é ainda injusta e até desonesta. Temos que pensar nisso e agir coerentemente.