sexta-feira, agosto 29, 2008

"Salvai-vos desta geração perversa" - 2

2. Voltemos às palavras de Pedro: “Salvai-vos desta geração perversa”. O máximo da perversão foi rejeitar a Cristo e pedir a Sua crucificação. Mas todo tipo de pecado existia entre o povo naqueles dias. Citemos alguns: o pecado íntimo da hipocrisia; Cristo denunciou-o quando repreendeu “escribas e fariseus hipócritas”, líderes religiosos, meros profissionais que tinham o coração longe de Deus; o pecado da avareza e amor ao dinheiro; prostituição, adultério, indiferença diante das necessidades do próximo e negando-lhe o socorro, e tantos outros tipos de pecado.

Todos estes existem abundantemente na sociedade de hoje, além de formas novas de pecar: pedofilia, que está se tornando moda, prática comum, contrabando, crime organizado, utilizando todos os recursos da moderna tecnologia, tráfico de drogas, desenfreada corrupção de políticos e até de juízes. E o pior: o mundo quer tornar tudo isso normal, aceitável, e quer impô-lo até às Igrejas; por exemplo, considerar crime de discriminação o repúdio ao homossexualismo e lesbianismo mencionados e condenados em Rm 1; prostitutas e prostitutos agora são chamados “trabalhadores do sexo”, com direito a aposentadoria! A tudo isso soma-se o descrédito e desprestígio da família instituída por Deus, quando se substitui o casamento pelo concubinato irresponsável, quando se tolera e quer se impor a união legal de homossexuais e lésbicas com direito de adotar filhos! Os deuses deste século são: Eros e Afrodite (do amor sensual), Mamon (da riqueza) e Marte (da guerra e violência).

E qual é o resultado de tudo isso? Um mundo cada vez mais injusto e violento, riquezas imensas acumuladas, de um lado, e miséria de outro lado; terrorismo internacional, crianças abandonadas desde recém-nascidas até a adolescência; prisões abarrotadas sem nenhum trabalho eficiente para reeducar e recuperar os condenados, enquanto que aqueles que roubaram muito permanecem impunes. Até o nosso planeta Terra está ameaçado de destruição pela maldade e imprevidência do homem. Nos meus 81 anos de existência nunca vi tanta decadência moral, com a televisão e a mídia em geral a serviço da imoralidade, apresentando como bom e natural aquilo que é aberração e pecado!

Mas o pior de tudo é o mundo invadindo a Igreja! Digo isso com convicção e muita tristeza, embora isso não seja novidade. Nas sete cartas de Cristo às Igrejas, no Apocalipse, só duas não receberam reprimendas do Senhor; as demais foram repreendidas por deixarem o primeiro amor a Deus e aos irmãos, infidelidade doutrinária com a conseqüente fraqueza moral, tolerância com a prostituição, morte e frieza espiritual, mornidão espiritual, falta de zelo com as coisas de Deus.

Pois tudo isso está acontecendo na Igreja hoje: igrejas deixando a evangelização e o ensino correto para se transformarem em “clubes religiosos”, mercenarismo em lugar de exercício sério dos ministérios dados por Deus; pastores profissionais e ambiciosos, presbíteros que pensam ser “donos da igreja”, diáconos que não exercem o ministério da caridade cristã e se transformam em simples “porteiros da igreja”; crentes “igrejeiros” freqüentadores da Igreja mas que não são “sal da Terra e luz do mundo”, porque não vivem em comunhão com Deus, sob a direção dEle.

quinta-feira, agosto 21, 2008

"Salvai-vos desta geração perversa" - 1

SALVAI-VOS DESTA GERAÇÃO PERVERSA” - Atos 2.14-41

Exórdio – Esta é a peroração do sermão de Pedro a uma multidão. Logo após o “batismo com o Espírito Santo” prometido por Cristo (At 1.8), ocasião em que cerca de 120 pessoas foram cheias do Espírito Santo, começaram a falar em “outras línguas”, sendo ouvidas por mais de 3.000 pessoas de diversas procedências (cerca de 14 nações e diferentes idiomas) o assunto não foi outro senão a mensagem evangélica, de salvação mediante o sacrifício de Cristo e a fé nEle.

Muitos não entenderam o que se passava e atribuíram à embriaguez o fato de ouvirem os galileus falando outras línguas que eles não entendiam. Então Pedro, sempre afoito, tomou a palavra e explicou o que se passava (At.2.28-29) – era o cumprimento da promessa feita por Deus por meio do profeta Joel (2.28-29), promessa repetida por meio de João Batista (Mt 3.11) e pelo próprio Cristo (At 1.4, 5 e 8).

Pedro, então, recordou os fatos acontecidos há pouco mais de 50 dias: condenação, crucificação e ressurreição de Cristo. Muitos creram na palavra de Pedro, que encerrou seu discurso com a exortação “Salvai-vos desta geração perversa”.

Realizada por Deus a missão de Cristo, cabia à humanidade, aos que cressem, libertarem-se da incredulidade e dos maus costumes da sociedade humana pervertida. Acreditar – uma atitude apenas mental – mas continuar na mesma vida de pecados, não salvaria ninguém. “Salvar-se” era e é a mudança completa, a conversão: passar da incredulidade cega para a crença esclarecida e inteligente em Deus e Seu Filho, Cristo; é mudança radical de estilo de vida – de vida dominada pelo pecado, para a vida em busca constante de santidade e retidão.

Essa mensagem de Pedro é de atualidade impressionante para os nossos dias.

Vamos analisá-la.

Tema – “Salvai-vos desta geração perversa”.

1) As palavras “salvai-vos” são um alerta para quem está perdido mas poderá salvar-se. Segundo as Escrituras, Deus criou o ser humano “à Sua imagem e semelhança”, portanto capaz de ser plenamente correto, sem defeito, mas livre, inclusive para tornar-se mau. Diz Eclesiastes 7.29: “Deus fez o homem bom, mas eles buscaram para si muitas invenções”.

O pecado, que começou com Adão e Eva, progrediu de tal maneira que o ser humano se tornou inteiramente corrompido – Gn 6.5: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra,e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Desse modo estaria perdido para sempre a menos que reagisse e obedecesse a Deus como fez Noé com sua família; o destino dos demais foi a destruição pelo dilúvio. Outro exemplo da perdição em que esteve o povo foi a destruição de Sodoma e Gomorra – Gênesis, capítulos 18 e 19.

Mas em Sodoma Deus providenciou a salvação de um justo com sua família, Ló, sobrinho de Abraão.

Abraão foi habitar em Canaã, onde estavam os cananeus, povo mau em todos os sentidos, que deveria ser destruído completamente nos dias de Josué.

A salvação, porém, oferecida de graça por Deus, continuou a ser oferecida para quem quisesse recebê-la pela fé, como foi com Abraão – Gn 15.6: “Creu Abraão em Deus e isso lhe foi imputado como justiça” e Rm 4.3-5: “Que diz a Escritura? ‘Creu Abraão em Deus e isso lhe foi imputado como justiça’. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê nAquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. É absolutamente necessário não nos deixarmos influenciar e contaminar pelo mundo. Rm 12.2: “Não vos conformeis com este mundo”, isto é, não tomeis a forma “deste mundo”.

quarta-feira, agosto 13, 2008

"A raiz de todos os males...

... é o amor ao dinheiro”, diz o apóstolo Paulo em 1Tm 6.6-10. Até parece que Paulo está exagerando, no uso de uma hipérbole. Mas, se analisarmos mais profundamente o assunto, verificaremos que ele está falando em termos bem realístas.

Sim, porque “dinheiro” não é apenas moeda, mas representa tudo que o dinheiro pode comprar: satisfação de caprichos, prazeres carnais, dominação, posse de bens sem limites, satisfação da vaidade, etc. Na busca de tais coisas o dinheiro é imprescindível; então amar essas coisas é amar o dinheiro, que pode comprá-las.

Em todo o texto citado não está o apóstolo fazendo apologia da pobreza, nem dizendo que é errado e pecaminoso ser rico. Grandes servos de Deus no passado e no presente têm sido homens riquíssimos. Abraão foi rico; Jó foi e voltou a ser depois de suas provações, mais rico ainda; Davi foi rico e Salomão mais ainda. Paulo viveu tanto em pobreza como em abundância – Fp 4.11-13.

O problema está no fato de alguém colocar seu coração nas riquezas. “Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração”, diz o Salmo 62.10; “Não ajunteis tesouros na Terra... porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”, ensinou Cristo – Mt 6.19-21.

O que se observa no mundo confirma o ensino de Paulo; até pessoas inteligentes, possuidoras de boas qualidades morais, acabam se corrompendo quando passam a amar o dinheiro e a tudo o que o dinheiro pode proporcionar. Acostumam-se com um nível de vida alto, fora da realidade da maioria das pessoas a seu redor, e até dentro de nossas igrejas isso acontece.

A corrupção, que no Brasil se tornou a má cultura, generalizada e dominante, é um triste exemplo disso: pela ambição desmedida de uma minoria muito rica, a maioria vive na pobreza; a péssima distribuição de renda, a exploração do homem pelo homem; a pressa de enriquecer que leva muitos a usarem métodos inescrupulosos – lucro exorbitante, sonegação de impostos, contrabando, estelionato, peculato, etc. Pessoas pobres que não se conformam com a pobreza, nem esperam melhorar com a bênção de Deus, corrompem-se também. Mulheres se entregam à prostituição, homens e mulheres praticam toda espécie de delitos para conseguirem dinheiro e com o dinheiro conseguirem o que ambicionam. Políticos, para galgarem postos e poder, precisam de muito dinheiro e lançam mão de métodos escusos, ou usam postos e poder já conquistados para obterem mais dinheiro sem limites. Jovens pobres, que não tenham o temor de Deus e melhor formação moral, não podem conformar-se com a fome e a miséria, especialmente quando vêem outros com imensos recursos, esbanjando tudo o que está fazendo falta ao pobre; sucumbem diante do convite para optarem pelo roubo, furto, contrabando, tráfico de drogas, prostituição, etc.

Aqueles que fazem parte do povo de Deus estão imunes às tentações atrás citadas? Não! Até aquele que é realmente convertido pode cair em toda espécie de pecado, se descuidar-se de sua santificação e da resistência ao diabo (1Pe 5.8). Seja ele quem for dentro da Igreja, pastor inclusive. Ou decidimos pôr em prática em nossa vida o ensino de Paulo: “Tendo, porém, o sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (1Tm 6.8), ou corremos o risco da decadência espiritual e moral, e é quase certo que isso acontecerá. Infelizmente isso tem ocorrido até com pastores.

Meu irmão, minha irmã, seja diligente: estude, trabalhe, planeje sob a orientação de Deus que nos ensina como ganhar e como administrar o dinheiro que nos é necessário; progrida em tudo, conforme a vontade de Deus, inclusive profissional e materialmente, mas “não ponhais nas riquezas o coração”.

Se você se tornar rico pela bênção de Deus e não pela usura, nem pela ambição, nem pela astúcia, lembre-se de que essa riqueza também é de Deus, e você é apenas o mordomo. Administre-a e use-a honestamente e para a glória de Deus. Você estará ajuntando tesouros no Céu – Mt 6.19.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Lições Bíblicas - 15

Governo eclesiástico: A Igreja Presbiteriana

Seu nome decorre do fato de ser governada por presbíteros. Estes são referidos em muitos textos do N.T., por exemplo Tt 1.5, onde Paulo "ordena" a Tito que estabeleça presbíteros nas cidades da ilha de Creta. Em Ef. 3 ele mesmo fala sobre as qualidades morais e espirituais que alguém precisa ter para ser presbítero.

A palavra presbítero é da língua grega e passou para o português da mesma forma que é no grego; significa e é traduzida, algumas vezes, por "ancião". Isso mostra que o sistema de governo da Igreja do N.T. segue o modelo do governo do povo de Israel desde o tempo de Moisés, quando este, a conselho de Jetro, seu sogro, e por ordem de Deus, estabeleceu 70 anciãos sobre o povo para governarem juntamente com e1e, liderados por ele - Ex 18.21 e Nm 11.16-17. No l° concílio da Igreja, referido em Atos 15, estavam presentes, participando, também os "anciãos" - 15.2 e 6. "Presbitério" também é referido em 1Tm 4.14, como o concílio que ordenou Timóteo tornando-o um pastor.

Na Igreja Presbiteriana local o conjunto dos presbíteros forma um concílio chamado Conselho da Igreja, do qual faz parte o pastor, que também é presbítero.

Em âmbito regional existe o Presbitério, constituído de um presbítero de cada uma das igrejas locais e seus pastores. Vários presbitérios vem a constituir um Sínodo, que é um concílio superior aos presbitérios, e os sínodos vem a constituir o concílio superior a todos os outros, que é chamado, às vezes, Supremo Concílio, como é hoje na Igreja Presbiteriana do Brasil, ou Assembléia Geral, como já o foi.

Resumindo: o governo na Igreja Presbiteriana é um governo democrático-representativo, pois os presbíteros são eleitos pelas igrejas e as governam em nome do povo que os elegeu. O Conselho da Igreja, assim, exerce jurisdição ou autoridade sobre a igreja local. O Presbitério é formado por representantes dos Conselhos das Igrejas e seus pastores, e exerce o governo ou jurisdição sobre os Conselhos e Igrejas de uma região; o Sínodo governa e jurisdiciona os presbitérios, o Supremo Concílio governa toda a Igreja nacional com seus concílios inferiores.

Este é o tipo de governo presbiteriano, democrático-representativo, que tem servido de modelo para os governos republicanos, como Brasil e Estados Unidos.

Há 2 outros tipos de governo de Igreja: o Episcopal, em que um bispo tem autoridade sobre os pastores e igrejas de uma região, e o governo Congregacional, em que a Assembléia de uma igreja local governa a comunidade e decide todos os assuntos, tanto administrativos como doutrinários e espirituais. Nas igrejas que adotam esse tipo de governo não há concílios superiores; cada Igreja é autônoma, havendo Convenções de igrejas, que não tem autoridade de jurisdição sobre as igrejas locais.

Comparando os três tipos de governo podemos dizer: o mais democrático dos três é o congregacional em que o povo se governa, reunido em assembléia da igreja local; o menos democrático é o episcopal, no qual um bispo decide, inclusive sobre a nomeação dos pastores para as diferentes igrejas. Existem vantagens e desvantagens em cada um desses tipos de governo. O sistema episcopal se centraliza em uma pessoa, o bispo. O sistema congregacional coloca todos os problemas, inclusive doutrinários e disciplinares, em Assembléia constituída, inclusive, de crentes novos, imaturos, o que cria problemas sérios e constrangedores. O sistema presbiteriano é um meio-termo entre os dois: é democrático-representativo, isto é, os eleitos governam em nome do povo que os elegeu e devem sempre lembrar-se disto: eles recebem um mandato e devem sempre corresponder à confiança dos eleitores, para governarem bem, para o bem da comunidade. Depois de instruídos é que assumirão seus encargos.

Existe base bíblica para cada um destes tipos de governo eclesiástico, mas o maior número de textos sobre o assunto é o que caracteriza o governo presbiteriano que, como os outros dois, também apresenta vantagens e desvantagens: é mais burocrático, mas é o governo de um colegiado que deve ser especialmente preparado para suas funções. A burocracia não deve emperrar um governo, mas apenas garantir que tudo se fa com ordem.

Nós, presbiterianos, escolhemos nosso tipo de governo e assim também os episcopais e os congregacionais. O mais importante é isto: ''Faça-se tudo com decência e com ordem" (1Co 14.40) para que em cada igreja e em cada denominação o nome do Senhor de toda a Igreja, Jesus Cristo, esteja sendo realmente glorificado. Amém.