quinta-feira, janeiro 29, 2009

Predestinação - 2


Os 5 pontos do Calvinismo

1. Total depravação do ser humano - Embora tenha sido criado por Deus em perfeita santidade e retidão, podendo permanecer para sempre nesse estado, o homem desobedeceu a Deus, tornou-se corrupto e mortal. Gn 2.9, 16, 17; 3.1-8; 17.19; 4.8, 23; 6.1-5; 11.1-7; 12.10-19; 20.12; Sl 14.1-3; Rm 5.12.
2. Eleição incondicional - De toda a humanidade perdida , Deus escolheu, pela sua livre graça, os que Ele quis para salva-los. Mt 13.20; Rm 8.29, 33; Ef 1.3-5; 2.8; 2Tm 1.9.
3. Expiação limitada - Embora Deus desejasse a salvação de todos, e o sacrifício de Cristo fosse suficiente para a salvação de todos, pela graça de Deus - porque ninguém merece a salvação - são salvos apenas os escolhidos, pois estes recebem de Deus a fé mediante a qual são salvos . Mt 25.31-32, 41; Jo 1.12; 3.5, 15-16, 18, 36; 2Co 5.14-15, 17; 1Jo 1.7; Ap 1.4-6; 7.9, 13-14.
4. Graça irresistível ou Chamado eficaz - Os que Deus escolheu, Ele de algum modo chama; eles atendem ao Seu chamado e são salvos. Jo 6.37, 44; Rm 8.30; 1Pe 1.1-5 .
5. Perseverança dos santos ou salvos - Os que Deus salva, salva para sempre - isto é vida eterna; não se acaba nem sofre interrupção. Esta perseverança , porém, que faz com que o salvo jamais perca a salvação, não se dá pelo esforço e poder do homem, mas porque ''Deus é poderoso para nos guardar". Lc 22.31-32; Jo 6.39; 10.28-29; 18.9 e 17.12; Rm 14.4; 1Jo 5.18.

Em lugar de questionar a Deus, discordando daquilo que Ele fez e faz, reconheçamos nossa pequenez diante dEle, como fez o apostolo Paulo - Rm 9.20 e 11.33-36.
Esta é talvez, a mais profunda e confortadora doutrina bíblica, pois nos dá uma visão clara de nossa pequenez, da soberania de Deus e de segurança, pois estamos nas mãos de Deus e Ele, dirige todas as coisas para o nosso bem e glória de Seu nome. “Gloria, pois, a Ele, eternamente. Amém".

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Tempo

Apesar das sequelas físicas e mentais decorrentes do derrame sofrido há 4 anos, minha mãe, M. Aparecida - esposa do pastor Rubens - mantém o bom humor e uma mente afiada, como sempre, embora sem boa memória. Na passagem de ano, o pastor fez uma pequena reflexão sobre o tempo, e minha mãe declamou por inteiro, de improviso, um poema que eu não a ouvia dizer há décadas. De tão interessante, tomo a liberdade de publicá-lo aqui, mesmo sem saber a autoria.

Tempo

Deus pede estrita conta do tempo.
Forçoso desse tempo já dar conta.
Mas como dar conta em tempo,
Eu que perdi sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bem tempo e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta e falta tempo.

Ó! vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis em vão o vosso tempo
(Em passatempo).
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.

Mas, ah! Se os que contam com esse tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não chorariam sem conta
O não ter tempo.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Predestinação - 1


É a doutrina que, com base na Soberania de Deus, afirma que Deus não só criou tudo o que existe, mas também sustenta a Sua criação e dirige tudo o que acontece - sempre de acordo com o Seu plano.
Predestinação não é fatalismo, nem é a eliminação da liberdade do ser humano. Deus dirige todas as coisas sem, contudo, retirar a liberdade e responsabilidade de suas criaturas racionais - anjos e seres humanos. Rm 8.29 e 30; 1Pe 1.2 (presciência);Ef 1.5 e 11; Fp 3.21 (poder eficaz para sujeitar todas as coisas); Cl 1.16-17 - são alguns dos textos que afirmam o poder absoluto de Deus.
O texto básico para sabermos o que é predestinação é Rm 8.28. Nossa dificuldade humana para aceitar a doutrina é a duvida: “Como pode Deus dirigir tudo sem tirar a liberdade do ser humano? A soberania de Deus não torna o homem um autômato? Se tudo está determinado por Deus, onde fica a liberdade e a responsabilidade da criatura?” Tudo isso é para nós um mistério insolúvel. Se pudéssemos compreender e explicar tudo isso, seríamos tão inteligentes quanto o próprio Deus.
Somos finitos e por isso não temos condições de compreender o Infinito - e Deus é infinito em todo o Seu ser.
Podemos apenas constatar o ensino bíblico, que é claro; pela fé é que aceitamos tudo e por isso damos graças a Deus.
Vamos estudar a doutrina vendo, primeiro, a doutrina dos decretos de Deus e, em segundo lugar, os chamados “5 pontos do calvinismo”. Entendidas essas doutrinas, não teremos dificuldade para reconhecer a predestinação com base bíblica.
Presciência e vontade absoluta de Deus estão sempre juntas. Não é que Deus predestinou porque sabia o que haveria de acontecer, mas o contrário: Deus sabe porque Ele planejou tudo que haveria de acontecer. Pv 16.4; Rm 8.24; Is 14.24 e 43.13.
Os Decretos de Deus

De diversos modos Deus dirige os fatos através dos séculos, com os Seus decretos:
1. Determinativos - aqueles em que Ele determina algo. Exemplos: Gn 1.3; 12.1-3; Sl 33.9.
2. Permissivos - aqueles em que Ele permite que a criatura aja por si mesma. Exemplos: Gn 37.19-28; 39.7-20; 40.1-15; Jó 1.12; 2.6; 1Co 10.13.
3. Delimitativos - aqueles em que Deus põe um limite na ação da criatura. Exemplos: Jo 1.13; 2.6; At 16.6-7; 1Co 10.13.
4. Diretivos - aqueles pelos quais Deus garante o fim em vista. Exemplos: Gn 45.5 e 7; 50.20; At 16.9-10; Rm 8.28.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Oração - 2g

7. Por que orar

Diante do texto de 1J o 5. 14 - "E esta é a confiança que temos nEle, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve", e a conclusão lógica: Deus faz sempre a Sua própria vontade, dentro de Sua soberania, alguns perguntam, perplexos: "Então, por que orar? Se Deus não muda Seu plano diante de nossas petições, não há razão para orar". Antes de tudo, lembremo-nos de que oração não é só petição, nem jamais teve o objetivo de mudar os planos de Deus. Além disso:
1. As Escrituras nos exortam a orar, ordenam que oremos e nos animam a orar, não para mudarmos o plano de Deus, não para exercer um poder que nunca nos foi dado, não para alguém se convencer de que tem muito prestígio diante de Deus, mas para que tenhamos maior e verdadeira comunhão com Deus.
Embora Deus saiba todas as coisas, inclusive nossas necessidades, Ele quer que falemos com Ele.
2. A oração não é um monólogo, em que apenas nos falamos; Deus nos fala também, muitas vezes durante nossa própria oração. Nesse diálogo somos edificados.
3. O contato constante com Deus nos leva a uma vida de santidade. Não é possível estar em comunhão com Deus e ao mesmo tempo estar no pecado. Portanto, a oração nos santifica.
4. Através da oração confessamos nossos pecados para que sejamos perdoados.
5. Também reconhecemos, com humildade, nossa dependência de Deus.
6. Declaramos nossa submissão à vontade dEle, querendo que esta se faça e não a nossa.
7. Através da oração agradecemos os constantes benefícios que de Deus recebemos, e O louvamos por todos os Seus feitos.
Outras razões certamente ainda existem para que oremos. Lembremo-nos, por fim, que oração é essencialmente comunhão com Deus. Por isso ensina-nos Paulo: "Orai sem cessar” (1Ts 5.17).
Orar não é só pronunciar palavras; é estar mesmo em comunhão com Deus; é manter viva e forte a nossa fé.
Para orar precisamos de mais razões do que estas? Estreitemos cada vez mais nosso relacionamento com Deus; primeiramente pela vida de oração; e então, por uma vida santificada, aprendendo com a leitura e o estudo das Escrituras, pelo serviço cristão, pela participação no culto público e na Ceia do Senhor. E cada vez mais compreenderemos e experimentaremos o valor da oração.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Oração - 2f

Tais práticas se assemelham à oração dos profetas de Baal (1Rs 18.25-29) e à oração dos gentios, criticada por Cristo em Mt 6.7.
Oração não é mágica nem poder em si mesma; é a entrega incondicional de nossos desejos a Deus, como ensinado nas Escrituras e em nosso Catecismo. O mau entendimento de um texto bíblico tem causado muita confusão e discussão; um exemplo é Mt 17.20 e passagens paralelas: Mt 21.21-22; Mc 11.23-24; Lc 17.6 e outras semelhantes. Leia-as.
Em Mt 17.20 Jesus diz: "...porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acola e há de passar; e nada vos será impossível". Quando Jesus fala em "fé como um grão de mostarda", nem está dando ênfase ao tamanho do grão, nem está dizendo que temos o direito ou o poder de fazer realizar-se qualquer coisa que pedimos. Está se referindo à principal qualidade do grão: ter vida, como os grãos semeados pelo semeador, que germinam e produzem. Cristo esta falando de fé viva, oposto daquele tipo de fé que Tiago chama de "fé morta" (Tg 2.17). Essa fé viva produz, primeiramente, comunhão intensa com Deus; dessa comunhão resulta a "oração da fé" (Tg 5.15), fruto da fé, oração em que o cristão pede exatamente aquilo que Deus quer. Por isso Deus faz o que foi pedido. Cristo jamais ensinou que oração é um poder que nos pertence, de obter tudo o que quisermos, mesmo que não seja a vontade pré-determinada por Deus. Veja-se, mais uma vez, o texto de 1Jo 5.14: "...se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve" (grifo meu).

(Na próxima semana: Por que orar)