quinta-feira, julho 30, 2009

Palestra com Noivos - 18

Tem havido esposas responsáveis pelo adultério de seus maridos, por se terem negado a eles indevidamente, como tem havido casos de maridos serem culpados pelo adultério de suas esposas, por terem negligenciado seu relacionamento íntimo - ou porque se entregaram demasiadamente ao trabalho exaustivo, ou porque se ausentaram do lar por longo tempo, expondo as esposas à tentação.

Este é um campo perigoso em que marido e esposa precisam cuidar-se, cada um de si mesmo e do outro, para que não enfrentem a tragédia da infidelidade conjugal.

E lembrem-se: não se trata só da relação sexual, mas também do relacionamento afetivo e emocional, do carinho que um deve ao outro. Há sempre algum estranho oferecendo aquilo que está faltando em casa. Cuidado, pois!

O versículo 7 é muito interessante. Paulo fala a respeito dele mesmo. Sem revelar-nos se era casado, solterio ou viúvo, Paulo diz, no versículo 8, que ele possuia uma grande capacidade de conter-se: “Eu quereria que todos os homens fossem como eu mesmo”, mas reconhece que nem todos são iguais, com a mesma capacidade; “mas cada um tem de Deus o seu próprio dom”. “Digo, porém, aos solteiros e às viuvas, que lhes é bom se ficarem como eu”.

O versículo 9 também merece muita atenção:

Caso, porém, não se dominem” (ed.atualizada) ou “mas, se não podem conter-se” (ed.corrigida), “casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” ou “do que viver abrasado”.

Vai aqui um aviso solene aos namorados e noivos. Seus afetos têm que ser controlados por uma grande força de vontade. A troca de carinhos físicos é uma faca de dois gumes, perigosa. A intimidade é crescente, chegando a ser altamente excitante e até pecaminosa, pouco faltando para a conjunção sexual. Casais de namorados cristãos caem nessa armadilha, para ficarem depois com consciências pesadas. É pior, ainda, quando se casam porque a paixão e o desejo sexual os dominou, levados pela atração sexual (eros), sem as necessárias afinidades de amizade (filía) e sem o indispensável e mais forte amor espiritual (agápe). Esse é um casamento de risco, um risco que ninguém devia correr.

Infelizmente também tem havido muitos casos de casais de namorados cristãos terem de apressar a realização do casamento porque a noiva está grávida; e aí até os noivos não sabem se estão se casando por amor, por conveniência ou por obrigação. Quando acontece isso é necessário que, diante de Deus, assumam sua união e a promessa de se amarem profundamente, cultivando com empenho o verdadeiro amor, sobretudo o amor espiritual.

Namorados e noivos! Cultivem a amizade e o amor espiritual, com vistas ao casamento. Não cultivem o amor erótico; reservem este apenas para quando estiverem casados. Antes de se casarem, basta a atração sexual que os atrai desde o início. Após o casamento, então usufruam plenamente do amor, na presença de Deus, com consciência tranquila.


(na próxima semana, estudo 7)

quarta-feira, julho 29, 2009

Palestra com Noivos - 17

O versículo 4 diz: “A mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também o marido não tem poder sobre seu próprio corpo, mas tem-no a mulher”.
O que Paulo mostra, aqui, é que cada um deixa de ser dono de si mesmo, de seu corpo, pois se deu efetivamente ao cônjuge. Seu corpo não é só seu, mas é também do outro. Assim como as mãos socorrem os pés em alguma necessidade, e são os pés que levam todo o corpo de um para outro lugar, assim também entre o casal: o corpo de um serve ao corpo do outro.
Cabe aqui uma palavra sobre o tipo de relação sexual que seja agradável e satisfatória para ambos. Existe a relação chamada genital, que se caracteriza principalmente pela conjunção dos órgãos sexuais feminino e masculino. Existe também a relação mais sensual, em que os parceiros se excitam mutuamente, com muitas carícias, antes da conjunção genital.
Cada casal decidirá, ao passar dos dias, sobre o tipo de relação sexual que lhe convém e satisfaça a ambos, e poderá variar conforme as condições e a disposição de cada um. Isto é assunto do casal tão somente. Podemos usar uma comparação: há pessoas que, quanto à alimentação, comem o que lhes é bom para a saúde, na medida certa, sem gulodice e sem requintes no tempero, enquanto há outras que gostam da comida mais temperada, e gostam muito de determinados alimentos e os comem com apetite. Contanto que não prejudiquem sua saúde, têm o direito de comerem o que quiserem. Na vida sexual também há quem se satisfaz logo, sem muitos preâmbulos, sem “apetite”; mas há quem tem mais necessidade de carinho, de carícias, do que simplesmente a satisfação física e fisiológica.
Dentro do casamento o casal decidirá como será sua vida sexual, que certamente variará de acordo com as circunstâncias - maior ou menor disposição física, maior ou menor carência afetiva, condições psicológias mais favoráveis ou menos favoráveis, o ambiente em que estiverem e solicitados ou não, a qualquer momento, pelos filhos. É preciso lembrar que o casal precisa ter privacidade e convém que os filhos, desde pequeninos, não durmam no mesmo quarto dos pais.
O casal deve contar com todos esses e outros fatores, como normais na vida de qualquer casal, e cuidar de todos esses aspectos para que nunca se sinta frustrado e insatisfeito.
No versículo 5 Paulo é ainda mais incisivo, quando diz:
Não vos defraudeis um ao outro” (ed. corrigida) ou “não vos priveis um ao outro” (ed. atualizada). Um não tem mais o direito de se negar ao outro; isso seria como defraudar - deixar de dar ao outro o que lhe é devido; seria privá-lo de algo necessário, a que o outro tem direito. Cria-se um hábito, que deve ser mantido.
O relacionamento sexual entre o casal deve ser visto com muita seriedade e honestidade.
Mas existem razões e ocasiões em que ambos concordam, “por mútuo consentimento”, em abster-se do ato sexual. Pode ser que algum deles esteja muito cansado pelo trabalho exaustivo, pode estar passando por uma situação estressante que lhe tire as condições psicológicas para o ato sexual, e pode ser por um problema de saúde; então o cônjuge, reconhecendo o problema do outro, voluntariamente se abstém, sem queixa, sem reclamação.
O motivo pode, também, ser de ordem espiritual e religiosa, ainda que pouco comum. Embora não haja incompatibilidade entre sexo do casal e sua comunhão com Deus, pode um casal querer abster-se do sexo numa ocasião especial de maior intensidade da vida religiosa.
Neste caso - “para vos aplicardes à oração” - Paulo faz uma concessão (veja o versículo 6), observando, porém: “por algum tempo para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência”. Incontinência é a incapacidade de uma pessoa conter-se ou controlar-se, que é a capacidade de abster-se de algo necessário ou agradável, que lhe dá prazer. Há pessoas com maior ou menor capacidade de conter-se.
A incontinência ou incapacidade de qualquer dos dois conter-se, pode levá-lo à tentação e ao adultério. Então, após um pequeno período de abstenção, diz Paulo: “ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente”.

(continua)

quinta-feira, julho 23, 2009

Palestra com Noivos - 16

6º estudo - A Vida Sexual no Casamento

l Coríntios 7.1-9

Sobre sexo é também com a Bíblia que vamos aprender o mais importante. Quando lemos o texto todo acima, percebemos que o assunto tratado por Paulo é sexo.

No 1º versículo Paulo se refere a alguma consulta feita pelos irmãos de Corinto a respeito de sexo, e responde inicialmente:

Bom seria que o homem não tocasse em mulher”.

Evidentemente Paulo nada tinha contra o casamento mas, por que motivo daria este parecer? Só podemos entender isto lembrando-nos das circunstâncias em que os cristãos estavam vivendo, em meio a perseguições. Quando um cristão era violentamente perseguido, com prisão e morte, a situação se agravava quando se tratava de um homem casado. Solteiro, ele poderia fugir mais facilmente; se morresse, não deixaria viúva e filhos órfãos. Naquelas circunstâncias, seria melhor que não se casassem.

Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”.

Paulo está dizendo que, se alguém não se casa está muito sujeito à tentação de prostituir-se, porque relações sexuais fora do casamento é prostituição. Então, apesar dos riscos trazidos pela perseguição, seria melhor casar do que prostituir-se. Por isso, “...cada um tenha sua própria mulher e cada uma tenha o seu próprio marido”.

Tanto o homem como a mulher são tentados; tanto um como o outro, tendo condições, devem casar-se.

Não é bom que o homem (ser humano) esteja só”. Fisicamente, psicologicamente e espiritualmente marido e mulher se completam, como duas metades que realmente se ajustam. Então, com muito cuidado precisam verificar bem as afinidades que possam ter nesses três aspectos de sua personalidade.

O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido” (Almeida, ed. Corrigida). “O marido conceda à esposa o que lhe é devido e também semelhantemente a esposa ao marido” (Almeida, ed. Atualizada). Note-se a imparcialidade; o que é dever de um, é também do outro

Para compreendermos “o que é devido”, basta lembrar que o assunto é sexo. “Pagar” ou “conceder” ao outro o que é devido pelo marido ou pela mulher, é satisfazer seu apetite sexual - não só no aspecto físico e fisiológico, mas também no aspecto afetivo e emocional. Além de ser um ato de amor entre pessoas que se deram mutuamente, é também um dever assumido voluntariamente, de satisfazer uma necessidade física, emocional e afetiva que se criou na pessoa que se casou e passou a ter esta intimidade regularmente com seu parceiro. Forma-se um hábito que deve ser mantido.

(continua na próxima semana)

quarta-feira, julho 22, 2009

Palestra com Noivos - 15

Cuide-se! Procure ser atraente para seu marido ou sua esposa e, na intimidade, corresponda à expectativa de seu cônjuge.

A amizade entre o casal é de suma importância. O diálogo, o “bate-papo” descontraído, o lazer, a recreação, pequenas e grandes atenções dispensadas um ao outro, passeios juntos, camaradagem, são muito importantes. É necessário cultivar o “bom humor”. Seu melhor amigo deve ser seu cônjuge, aquele que o conhece muito bem, e está pronto a servi-lo em todas as horas e situações. Se possível, leiam juntos, estudem juntos, ajudem-se no trabalho, na vida doméstica, sejam companheiros em tudo, amigos que deram a vida um ao outro.

O amor espiritual também precisa ser cultivado, e está intimamente relacionado com a vida religiosa, a comunhão com Deus.

Ler a Bíblia juntos, orar juntos, adorar a Deus juntos, compartilhar a vida espiritual, tudo isso fortalecerá e enriquecerá em tudo a vida matrimonial; ajudará grandemente os outros aspectos ou níveis do amor.

Se fizerem isso, marido e esposa compreenderão claramente, e cada vez mais, que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem dos que amam a Deus”- Rm 8.28. Compreenderão e terão mais condições para praticar isto: “quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus” - 1Co 10.31.

Não há incompatibilidade entre os níveis do amor no casamento; ao contrário, eles se completam; mas só no casamento, não fora dele. Sexo fora do casamento é prostituição. Casamento sem amizade é atrito constante. O amor “agápe” é o “vínculo” que une tudo com vistas à perfeição.

Qual deles é o mais forte ou o mais importante?

Seguindo a mesma ordem que seguimos até aqui: o amor “eros” é muito importante, indispensável; é ele que completa e consuma a união matrimonial, sem ele não há um casamento completo, pois a ordem de Deus inclui o sexo: “crescei e multiplicai-vos” - Gn 1.28. Este tipo ou nível de amor é fortíssimo, queima como fogo.

Mas, por outro lado, é frágil porque depende de várias circunstâncias e fatores: saúde física e disposição para o ato sexual; uma enfermidade passageira ou permanente pode comprometê-lo em parte ou totalmente, e os cônjuges devem saber disso. Isso significa que, se a união conjugal estiver alicerçada no sexo, ela poderá acabar e tornar-se uma grande decepção. Como base do casamento, “eros” é o mais frágil.

O amor “filía” (amizade) é, em certos aspectos, mais importante do que o sexo, porque se deixa de haver amizade entre o casal, entendimento e prazer na companhia um do outro; se há uma discussão azeda, um ressentimento, uma ira não resolvida, isso pode acabar temporária ou definitivamente com a atração sexual. Brigado, dificilmente um casal se relaciona sexualmente de modo satisfatório.

Então, cuidado! Cuide da amizade com seu cônjuge. Verifique se seus melindres, caprichos e exigências muitas vezes excessivos, não estão prejudicando seu relacionamento com o cônjuge. Verifique se é ele que está exagerando nesses melindres, caprichos e exigências; conversem sobre o assunto. Busquem sempre o “entendimento”, pois um desentendimento - às vezes por motivo insignificante - se não for bem resolvido, poderá ir crescendo como uma bola de neve, destruindo tudo o que vier pela frente.

Às vezes este aspecto do amor é prejudicado através dos anos, porque um dos cônjuges evolui e o outro, não. Um estuda, ilustra-se, muda sua maneira de pensar sobre aspectos importantes da vida, e o outro permanece onde estava há 5, 10 ou 20 anos. As próprias condições de vida sofrem mudanças. Então o casal que antes se entendia, começa a ter dificuldades de relacionamento. Convém que ambos procurem estar no mesmo nível intelectual. Um precisa acompanhar o desenvolvimento do outro.

Como um dos fundamentos da união conjugal, a amizade é importantíssima e mais resistente do que “eros”, mas também pode acabar se não for bem cuidada.

O amor espiritual, “agápe”, é o que tem condições de durar a vida inteira, porque não depende das condições físicas, nem das idéias e gostos, nem de afinidades ou interesses intelectuais e sociais. Ainda que falte tudo o que já foi mencionado como importante para o casal, 2 pessoas podem continuar se amando a vida toda, como marido e esposa; podem continuar unidos, féis um ao outro; podem superar as deficiências; superar de fato e ser felizes, tanto quanto é possível a felicidade na Terra.

Lembro-me de um casal, membros da primeira igreja que pastoreei. Relativamente moços, entre 40 e 50 anos de idade, amavam-se. Ela começou a sofrer um reumatismo tal que a levou para uma cadeira de rodas; suas pernas não tinham mais a mobilidade de antes. Um dia o marido me contou como ela estava preocupada com ele porque seu relacionamento sexual estava prejudicado. Ele lhe disse que não precisava ter tal preocupação. E continuaram se amando e sendo fiéis um ao outro, “até o fim” que um dia realmente chegou.

Lembro-me também de uma cena mostrada na televisão, numa “Campanha da Fraternidade”. Era uma cena real: um casal velhinho; ela, enrugada, feia, quieta, sem nada dizer, presa ao leito de enfermidade; ele, também feio, enrugado, sentado ao seu lado, igualmente quieto, sem dizer nada. Mas ambos de mãos dadas. O que representava essa cena: a atração física (sexo) se acabara; assunto para conversar, já era escasso; o que restava, porém, era o mais importante, que “dura para sempre”, o amor espiritual, de alma para alma.

Cuide dos três níveis do amor. Eles são o tripé que sustentará sua vida familiar equilibrada, feliz. Nenhum dos três pode faltar para uma felicidade completa. E prepare-se para continuar amando sua esposa/seu esposo “até o fim”, e na eternidade esse amor ainda existirá.

(continua com o estudo 6)

quinta-feira, julho 16, 2009

Palestra com Noivos - 14

Eros” é o que explica a atração dos sexos, e a paixão carnal, despertada pelos fatores físicos, mas também desaparece se estes deixam de existir: a beleza física, o apetite sexual ou libido, etc.

Filía” é o que torna amigas duas pessoas que têm afinidades intelectuais: os mesmos gostos, os mesmos interesses, a mesma maneira de pensar. Forma grandes amizades, mas também pode desaparecer quando desaparecem essas afinidades, com a mudança de maneiras de pensar, de interesse intelectual ou estético, ou quando há choques de interesses e desentendimento entre as pessoas.

Agápe”, o amor espiritual, não depende de qualquer fator físico, de condição social, de conceitos filosóficos ou mesmo religiosos, nem de interesses comuns. Na realidade, por maiores que sejam as diferenças e a ausência de afinidades terrenas, o amor agápe pode ser uma fortíssima realidade. Assim é que Deus nos ama. Será que Ele se agrada de qualquer aspecto do ser humano decaído, com todos os defeitos que temos, tanto físicos, como morais e espirituais? Apesar de tudo isso Ele nos ama, a ponto de dar o Filho, Jesus Cristo, para resgatar-nos da condenação e do pecado.

Um casal que se atraiu só por causa dos dotes físicos de um e de outro, pode desenvolver uma paixão irresistível. Essa paixão pode levá-los ao casamento. Mas se esse mesmo casal não verificar se tem grandes afinidades de gostos, idéias e maneiras de pensar; se a educação de um é muito diferente da do outro; os costumes, idem; se não conviveram um tempo suficiente, durante o namoro e o noivado para se conhecerem bem, para se ajustarem e desenvolverem o amor “filía” e o amor “agápe”, dificilmente essa união física será duradoura.

Quem busca o casamento instituído por Deus - profundo, verdadeiro e para durar a vida inteira, não pode se sujeitar a um “casamento de risco”.

Precisa, especialmente na fase do namoro, conversar muito, desenvolver a amizade, aprofundar as afinidades, e ver se há possibilidade de um casamento bem sucedido. Durante a fase do noivado, que é a fase em que já existe um compromisso de casamento, esse casal precisa planejar a vida familiar: verificar se tem todos os elementos necessários - além da afinidade física, muita amizade e amor espiritual. Além disso, verificar se tem todos os recursos para sustento da família; saber qual a despesa mensal que terão e qual a renda de que disporão; saber as condições de saúde de um e de outro, com os exames pré-nupciais, que hoje incluem o teste de HIV (!), tratar da saúde primeiro, antes de casar; saber onde e em que condições vai viver o casal. O termo é “planejar”.

O casal precisa se preparar em todos os sentidos - saber o que é casamento, as responsabilidades que terão no futuro, preparar-se financeiramente e espiritualmente, pois a família depende da bênção de Deus.

Voltando, agora, aos três níveis do amor: físico, intelectual e espiritual (eros, filía e agápe).

Nenhum deles pode ser negligenciado.

A atração física deve continuar existindo. Nenhum deve se tornar relaxado na sua apresentação pessoal, na sua saúde e na atenção ao relacionamento sexual do casal.

Uma pessoa pode ficar solteira a vida toda e manter a castidade e a pureza, sempre. Mas, se se casou, vai se relacionar sexualmente com seu cônjuge - e deve ser só e unicamente com ele. Vai criar hábitos e estes criarão a necessidade de relações sexuais periódicas. Esse aspecto da vida do casal não pode ser descuidado, como veremos no próximo estudo.

terça-feira, julho 14, 2009

Palestra com Noivos - 13

5º estudo - Os três níveis de amor

Colossenses 3.14 (12-17)

E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição”.

O que Paulo ensina nos versículos 12 e 13 é necessário em todo relacionamento humano, mas principalmente na vida familiar: misericórdia - capacidade de alguém sentir no coração a miséria do outro; benignidade - capacidade de desejar e fazer somente o bem; ser afetuoso, bondoso; humildade - a capacidade de não se julgar mais, nem melhor do que os outros, modéstia sincera e realista; mansidão - capacidade de conter sempre a ira, de ser brando, conquanto verdadeiro, diante de críticas ou para fazer críticas; longanimidade - capacidade de suportar com paciência injustiças e fraquezas alheias.

Suportando-vos uns aos outros” significa servindo de apoio ou suporte ao outro, nas suas carências ou fraquezas; “perdoando-vos...” será que entre marido e esposa há necessidade destas virtudes? Sim, e como há!

Convém lembrar o ensino de Cristo sobre o perdão, em Lucas 17.3-4: “...se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar 7 vezes no dia e 7 vezes no dia vier ter contigo dizendo: arrependo-me; perdoa-lhe”.

Note especialmente os verbos: “repreende-o” e “se ele se arrepender, perdoa-lhe”. Todos nós estamos sujeitos a errar e podemos ser repreendidos ou alertados para que reconheçamos o erro, arrependamo-nos e sejamos perdoados. Não devemos esperar perdão se não estivermos arrependidos, nem Cristo nos obriga a perdoar quando o ofensor não se arrepende.

O ensino de Mt 6.14-15 deve ser entendido à luz de Lc 17.4, e vice-versa.

Porque, se vós perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará...

Se ele se arrepender, perdoa-lhe”. A condição para haver perdão, é o arrependimento do ofensor. Isso significa que tem de existir de nossa parte disposição para perdoar, sempre que o ofensor se arrependa. Pois é dessa forma que Deus age e nos perdoa: é quando nos arrependemos. Quando não há arrependimento de alguém que nos ofendeu, temos que deixar o castigo ou vingança para Deus. Mas, perdoar mesmo, até o ponto de “esquecermos” o pecado de alguém, só conseguimos quando sabemos que a outra pessoa se arrependeu. Leia Hb 10.16-17; Je 31.33-34 e Rm 12.19.

Em seguida Paulo diz “acima de tudo, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição”.

Esse é o texto central de nosso presente estudo.

Existem três palavras na língua grega para dizer “amor”:

l. - “Eros”, que quer dizer paixão, desejo ardente; é o amor físico, relacionado com sexo. Daí vêm as palavras erótico, erotismo, etc.

2. - “Filía”, que é amizade; é o amor relacionado com a mente. Daí vêm palavras como filantropia, que é o amor à humanidade ou humanitarismo.

3. - Existe a palavra “agápe”, que é a usada em Cl 3.14 e em muitos outros textos do Novo Testamento; é o amor espiritual, aquele com que Deus nos ama, com que nós temos que amar também a Deus, a nós mesmos e ao próximo, como está em Jo 3.16:

De tal maneira amou Deus o mundo, que deu o Seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”; Mt 22.37: “amarás, pois, o Senhor teu Deus... amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Sempre o verbo grego “agapáo”.

(continua)

segunda-feira, julho 13, 2009

Palestra com Noivos - 12

No versículo 33, Paulo diz pela 3a. vez ao marido: “ame a sua própria mulher”.

A esta altura podemos enunciar uma conclusão: a união do casal deve ser tal que um pertence ao outro, sem perder sua individualidade; o que é de um é do outro igualmente. O que um ganha com o trabalho também é do outro. Finanças separadas podem comprometer a união completa. Isto gera ressentimentos. No casamento não pode haver egoismo de qualquer espécie; sempre altruísmo, respeito próprio e também ao outro. Sobre finanças, administradas também por ambos, teremos adiante outro estudo.

Conheci um marido tão machista quanto dominador e egocêntrico, que julgava que seu salário era exclusivamente dele, dando ele à esposa, diariamente, o que ele julgava ser suficiente para a esposa comprar ou pagar tudo que fosse necessário para a família; e num dia em que a esposa, cansada da sovinice do marido, retirou do bolso dele mais dinheiro, ele a considerou e tratou como ladra. Ele jamais a considerara como “sua própria carne” e não considerava seu dever sustentá-la condignamente, e aos filhos.

Também tem havido casos em que a esposa, por algum motivo, tem salário ou rendimento maior do que o do marido, e julga que isso é exclusivamente dela, como há também esposas dominadoras. O cônjuge que consegue dominar o outro, faz um grande mal a si mesmo, e a toda a família, enfraquecendo ou anulando a personalidade do outro.

Ora, se um se dá ao outro - e é o que deve acontecer em toda verdadeira união matrimonial - também o que é de um é também do outro. Comunhão total e universal de bens: os corpos, as capacidades, os problemas, as vitórias e insucessos, a saúde, a doença, tudo enfim.

Agora, observem: quantas vezes neste texto Paulo recomenda às mulheres serem submissas a seus respectivos maridos? São 3 vezes: versículos 22, 24 e 33. Quantas vezes diz Paulo aos maridos para amarem suas respectivas esposas? Também 3 vezes: versículos 25, 28 e 33. Quantas vezes recomenda às mulheres que amem seus maridos? Nenhuma! Por que? As esposas não precisam amar seus maridos? Sim, é claro! Por que Paulo não o diz? Por ser desnecessário: uma esposa só é realmente submissa ao marido quando o ama e ao mesmo tempo confia nele, assim como a Igreja ama a Cristo e confia nEle.

Perguntemos agora: Quantas vezes Paulo diz aos maridos explicitamente que sejam submissos a suas esposas? Nenhuma! Por que? No versículo 21 ele ensina a submissão mútua. O marido que ame a sua esposa, com inteligência e com verdade, jamais se tornará um déspota, dominador. Inteligentemente cederá, todas as vezes em que verifique que ela tem razão ou que, por algum motivo, convém a ambos o entendimento e não o atrito. Paulo não precisava dizer ao marido que ama a esposa, como Cristo ama a Igreja, que servisse humildemente a esposa. Se ele a ama, também a servirá.

Repitamos: submissão mútua - ora de um, ora de outro, ou o acordo em um “meio termo”, não é humilhação e subserviência. É atitude inteligente, quando se tem em vista o bem comum do casal e de toda a família. Para isso é necessário que haja em ambos muito amor ao outro; muita humildade e desprendimento, e a compreensão de que o marido não será feliz se sua esposa estiver oprimida e infeliz. Do mesmo modo a esposa não será feliz se seu marido estiver oprimido, deprimido e infeliz.

Parece que Deus fez assim: ou ambos são felizes, cada um procurando fazer a felicidade do outro, ou ambos serão infelizes, porque buscarão cada um a sua própria felicidade e não a do outro.

Paulo encerra inteligentemente o texto (versículo 33) quando diz:

cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido”.

Respeito mútuo e amor mútuo é que dão condições para uma convivência agradável, respeitosa e uma vida feliz para o casal e depois, também para seus filhos.

Para marido e esposa cristãos não há outra alternativa senão “amar” o outro. Depois do casamento, especialmente na rotina do dia-a-dia, é que ambos vão se conhecer realmente. Então descobrirão, um no outro, muitas coisas de que não gostam. Isso é absolutamente normal.

Acontece, porém, que algumas descobertas são decepcionantes, e então um deles chega à conclusão de que “não gosta do outro”; por isso chega a considerar-se infeliz, julga que seu casamento não pode durar e vai se preparando psicologicamente para o dia em que conclua: “Meu casamento acabou! A solução é o divórcio”.

Tais cônjuges estão redondamente enganados! As Escrituras não nos ensinam que temos de “gostar” um do outro, gostar de sua maneira de ser. Determinam, exigem muito mais: temos de “AMAR”. E não nos dão nenhuma alternativa. Superar as diferenças e o que nos desagrada, é o caminho certo. Amor “romântico” é bonito, mas mão é o amor que as Escrituras nos ensinam. É o assunto do próximo estudo

terça-feira, julho 07, 2009

Palestra com Noivos - 11

A partir do versículo 22 temos a aplicação do ensino de Paulo à vida familiar. Em nenhum momento, porém, a submissão é de um só, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos, governantes e governados, chefes e subalternos. Submissão não é humilhante subserviência e o cristão nunca se julga dono e autoridade absoluta sobre ninguém. Submissão mútua com entendimento é a atitude cristã correta. Diálogo e entendimento são necessários para que haja sempre boas soluções para os problemas.

Por que Paulo destaca a submissão da esposa, quando diz no versículo 22: “vós, mulheres, a vossos maridos”? O verbo submeter-se só existe no versículo 21, no 22 está implícito: portanto, entre o casal permanece a mutualidade de submissão. Temos que nos lembrar do contexto social de Paulo, semelhante ao nosso: uma sociedade terrivelmente machista. Em tal sociedade, a rebeldia de uma esposa contra o marido machista e dominador, só agravaria e agrava a situação entre o casal. Em nenhum texto Paulo e os demais escritores ensinam uma submissão unilateral. Quando “parece” acontecer isso, precisamos lembrar que o contexto bíblico é de “submissão mútua”, com base no amor.

Evidência disso é o que Paulo diz, em seguida, aos maridos, nos versículos 25, 28 e 33 - “amai vossas mulheres”. Jamais diz “dominai vossas mulheres”.

Quando, no versículo 23, diz que que o marido é o cabeça da mulher, está apenas apontando para a posição de líder, sustentador e defensor, que o marido tem perante a esposa. O exemplo que Paulo aponta, como ilustração, é o de Cristo em relação à igreja. Não diz ele, absolutamente, que a mulher não tem sua própria cabeça e inteligência, como não diz que Cristo dominou Sua igreja, mas que Ele é o salvador dela.

No versículo 24 diz “assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”.

A Igreja, como esposa, está sujeita a Cristo, pelo amor dEle e por amor a Ele. Não é um marido dominador e injusto mas, ao contrário, é Alguém, em Quem a Igreja confia. Esse é o modelo de marido a quem a mulher cristã não receia ser submissa. Feliz é a mulher cristã que se casa com um cristão cujo modelo de marido é Cristo.

No versículo 25 Paulo ensina:

Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela”.

Amar é tratar com amor, compreensão, paciência, não pretendendo dominar. Os maridos normalmente não precisam morrer por suas esposas, mas “podem se entregar por elas”, vivendo para elas. Um vivendo para o outro, em submissão mútua, sem subserviência, sem dominação, mas por amor.

No versículo 28 Paulo repete, dando ainda mais força ao ensino: o marido deve amar a esposa como a si mesmo,

porque nunca ninguém aborreceu a própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à Igreja”.

Mais uma vez ele fala da união de Cristo com a Igreja, como figura da união entre marido e esposa: uma união profunda, verdadeira, santa, para depois citar as palavras de Moisés em Gn 2.24:

Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher; e serão dois uma carne”.

Quatro vezes encontramos esse texto nas Escrituras: em Gn 2.24, aqui em Ef 5.31, em Mt 19.5 e Mc 10.7-8, quando Cristo citou o texto de Gênesis. Isso mostra a importância deste ensino.

(continua)

quinta-feira, julho 02, 2009

Palestra com Noivos - 10

4º estudo - O bom relacionamento entre marido e esposa

Carta aos Efésios 5.18-33.


Dirigindo-se a nós, cristãos, Paulo ensina:

Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito Santo”.

O Espírito Santo nos é dado quando cremos em Jesus Cristo (At 2.38 e At 19.2). Porém, é importante que sejamos “cheios do Espírito Santo”; que a atuação do Espírito em nós seja cada vez maior. Assim como o vinho em quantidade excessiva modifica o comportamento de uma pessoa, mas para pior, o Espírito Santo, quando queremos e buscamos Sua plena atuação em nós, também modifica nosso caráter e nossa conduta, para melhor. O vinho em excesso transtorna a personalidade; o Espírito Santo transforma e aperfeiçoa.

Mas Paulo não faz apenas uma exortação. Ele nos indica os 3 passos para alguém encher-se do Espírito:

Falando entre vós em salmos, hinos e cânticos espirituais”.

Não é quando apenas cantamos hinos, mas sim quando nossa própria conversação é permeada pela Palavra de Deus e influenciada por ela.

Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai”. Isso só é possível quando somos totalmente submissos a Deus, de tal modo que aceitamos tudo o que Ele faça em nossa vida;

Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus”.

Este é o 3º ponto, a sujeição mútua entre todos os cristãos - no mundo, na Igreja e na família.

Para alguém ser submisso ou sujeitar-se a outra pessoa, precisa cultivar a humildade - veja Fp 2.3-8. Sujeição mútua, note-se bem. Ninguém tem de ser só submisso, anulando-se para agradar o outro. Submissão não é subserviência; esta é humilhante. Mas submissão é o reconhecimento de que o outro tem razão, ou de que as circunstâncias recomendam a renúncia à sua vontade em prol de um interesse maior e mais adequado. Assim, submissão é uma atitude inteligente, em que a pessoa pondera e decide entre o atrito e o acordo. Acordo é sempre melhor, a menos que se tenha de fazer concessões de ordem moral e espiritual.

(continua na próxima semana)