A partir do versículo 22 temos a aplicação do ensino de Paulo à vida familiar. Em nenhum momento, porém, a submissão é de um só, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos, governantes e governados, chefes e subalternos. Submissão não é humilhante subserviência e o cristão nunca se julga dono e autoridade absoluta sobre ninguém. Submissão mútua com entendimento é a atitude cristã correta. Diálogo e entendimento são necessários para que haja sempre boas soluções para os problemas.
Por que Paulo destaca a submissão da esposa, quando diz no versículo 22: “vós, mulheres, a vossos maridos”? O verbo submeter-se só existe no versículo 21, no 22 está implícito: portanto, entre o casal permanece a mutualidade de submissão. Temos que nos lembrar do contexto social de Paulo, semelhante ao nosso: uma sociedade terrivelmente machista. Em tal sociedade, a rebeldia de uma esposa contra o marido machista e dominador, só agravaria e agrava a situação entre o casal. Em nenhum texto Paulo e os demais escritores ensinam uma submissão unilateral. Quando “parece” acontecer isso, precisamos lembrar que o contexto bíblico é de “submissão mútua”, com base no amor.
Evidência disso é o que Paulo diz, em seguida, aos maridos, nos versículos 25, 28 e 33 - “amai vossas mulheres”. Jamais diz “dominai vossas mulheres”.
Quando, no versículo 23, diz que que o marido é o cabeça da mulher, está apenas apontando para a posição de líder, sustentador e defensor, que o marido tem perante a esposa. O exemplo que Paulo aponta, como ilustração, é o de Cristo em relação à igreja. Não diz ele, absolutamente, que a mulher não tem sua própria cabeça e inteligência, como não diz que Cristo dominou Sua igreja, mas que Ele é o salvador dela.
No versículo 24 diz “assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”.
A Igreja, como esposa, está sujeita a Cristo, pelo amor dEle e por amor a Ele. Não é um marido dominador e injusto mas, ao contrário, é Alguém, em Quem a Igreja confia. Esse é o modelo de marido a quem a mulher cristã não receia ser submissa. Feliz é a mulher cristã que se casa com um cristão cujo modelo de marido é Cristo.
No versículo 25 Paulo ensina:
“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela”.
Amar é tratar com amor, compreensão, paciência, não pretendendo dominar. Os maridos normalmente não precisam morrer por suas esposas, mas “podem se entregar por elas”, vivendo para elas. Um vivendo para o outro, em submissão mútua, sem subserviência, sem dominação, mas por amor.
No versículo 28 Paulo repete, dando ainda mais força ao ensino: o marido deve amar a esposa como a si mesmo,
“porque nunca ninguém aborreceu a própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à Igreja”.
Mais uma vez ele fala da união de Cristo com a Igreja, como figura da união entre marido e esposa: uma união profunda, verdadeira, santa, para depois citar as palavras de Moisés em Gn 2.24:
“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher; e serão dois uma carne”.
Quatro vezes encontramos esse texto nas Escrituras: em Gn 2.24, aqui em Ef 5.31, em Mt 19.5 e Mc 10.7-8, quando Cristo citou o texto de Gênesis. Isso mostra a importância deste ensino.
(continua)
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