terça-feira, dezembro 29, 2009

Os evangélicos e os neo-pentecostais - 2

I - Como se identifica o neo-pentecostalismo?
I.1 - Pela forma opressiva de "santificação" - sinais exteriores de santidade, como vestuário, cabelo, modo de orar, saudações e expressões verbais de fé, frequência obrigatória aos cultos, ênfase na contribuição financeira como sinal de fé. Tudo sem a correspondente santificação da vida. "Deus olha para o coração" - 1Sm 16.7.
I.2 - Personalismo dos líderes, desde os "pastores" até os chefes ou donos da igreja ou empresa, exercem um pretenso sacerdotalismo: o povo depende deles.
I.3 - Desprezo pelo estudo em geral e da Bíblia, em particular. Seu iluminismo exacerbado, usado e abusado pelos "sacerdotes", explora o emocionalismo em detrimento da razão e do raciocínio esclarecidos pelo Espírito Santo.
I.4 - Falta de estudo dos líderes, e de um curso de teologia idôneo. Ultimamente os neo-pentecostais tem criado "seminários" e até cursos de "pós graduação" sem idoneidade, apenas para mascararem os líderes com diplomas sem nenhum valor.
I.5 - Exclusivismo, característico das seitas. Para os neo-pentecostais, só eles tem o Espírito Santo e foram por Ele batizados. Outros cristãos, não.

(continua)

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Os evangélicos e os neo-pentecostais - 1

O título já diz o que penso: os neo-pentecostais não são evangélicos; constituem uma seita que prega "um outro evangelho" - Gl 1.6-8.
Proclama-se que o número de evangélicos no Brasil atinge a cifra de 45 milhões de pessoas.
Infelizmente não dá para acreditar. Onde está a influência santificadora de tão grande número na vida nacional? Sal da Terra e luz do mundo, 45 milhões de cristãos exerceriam uma enorme influência sobre a nação brasileira, nos costumes, na política, e na moralidade. Mas não se percebe que haja tal influência. ao contrário, aqueles "evangélicos" que tem conseguido votos para serem eleitos em cargos públicos - vereadores, deputados e senadores - constituindo até "bancadas evangélicas", tem envergonhado o povo evangélico por uma atuação igual ou pior do que os outros políticos: nas "jogadas" políticas, nas trocas de apoio por vantagens pessoais ou para suas igrejas, nos escândalos morais, etc. Por que, então, proclama-se a existência de 45 milhões? A explicação é mais simples do que se imagina. As igrejas pentecostais em geral não possuem ou não atualizam seus "rol de membros", só contabilizam entradas e não as defecções. Daí seus milhões rapidamente conseguidos.

(estudo feito em 2002. Continua)

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Vocação Pastoral

1Tm 1.1-12


Exordio - Floyd Grady, missionário, muito fiel às Escrituras e a Cristo, disse a jovens em um Congresso Nacional, em Salvador: "Jovem, se o Senhor o chamou para o ministério, por amor de Deus, venha! Mas se Deus não o chamou, por amor de Deus, não venha!" Dizia isso por causa da santidade do ministério da Palavra, dado só a quem Deus realmente chamou. Outros ministérios existem, dados por Deus, que também devem ser exercidos por quem Deus chamou.


Explicação - Timóteo, que Paulo chama de filho, era bem mais moço do que Paulo, de temperamento diferente do de Paulo, talvez tímido, precisava ser aconselhado, exortado e apoiado em seu ministério. Paulo faz muitas exortações a Timóteo, em suas cartas. No trecho lido, faz referência a coragem com que Timóteo devia enfrentar os falsos mestres que ensinavam "outra doutrina".

Paulo falava com autoridade e humildade, porque tinha consciência de ser apostolo e ministro da Palavra, não por mérito, mas porque Deus mesmo o havia chamado. Daí nosso tema: "Consciência e certeza da vocação de Deus".

1) Primeiro ponto a observar: o ser ministro da Palavra, era motivo para dar graças a Deus: "dou graças". Isto significa que ele não era apóstolo e pastor por mérito ou por ser capacitado, mas pela graça imerecida de Deus.

Essa consciência é essencial. Quando alguém pensa que é ministro porque tem estas e aquelas qualidades, começa a exibi-las, torna-se um "narciso", admirador de si mesmo. Pensa que é competente, que pode por si mesmo planejar e realizar a obra. Em geral se torna um fracasso; o tempo se encarrega de demonstrar isso.

Não é esse o pensamento de Paulo. Ele dava graças, por saber que, pela graça de Deus é que fora colocado ao lado dos apóstolos, no ministério da Palavra. Reconhecia que aquele que é chamado e enviado de Deus tem que fazer o que Deus quer, e não o que ele mesmo quer. Assim foi com Jeremias, a quem Deus disse: "...aonde quer que Eu te enviar, irás;e tudo quanto te mandar, dirás" (Jr 1.7). Esse consegue ter bem clara em sua mente o que Deus quer, porque mantém com Deus comunhão real, constante, e não ocasional.

2) Aquele que Deus chama é fortalecido por Deus: Deus lhe dá a capacidade para fazer até o que ele nunca imaginou. Foi assim com Abraão, foi assim com Moisés e com tantos outros: Deus lhes deu tarefas acima de suas capacidades, como também a Paulo: ser testemunha de Cristo junto aos gentios (At 22.21). Os fariseus nem consideravam os gentios como "o próximo", mas como pessoas desprezadas por Deus. Paulo, ex-fariseu, tinha que fazer esse trabalho: pregar especialmente aos gentios. Por isso ele precisava ser "fortalecido" ou "confortado" por Deus, como realmente foi. Em Atenas, falando a filósofos, Paulo não os agrediu por serem idólatras, mas falou-lhes de maneira sabia e mansa (At 17.22-31) e uns poucos creram, como está no v. 34.

3) Quando Paulo diz que Crista “o teve por fiel", está nos falando da necessidade de sermos em tudo fiéis a Deus: fidelidade na obediência aos mandamentos todos. Muitos, porém, tem quebrado os mandamentos. Adultério tem sido o pecado de muitos; amor ao dinheiro é o pecado de outros, a vaidade é o de muitos outros, e assim por diante. Um grande exemplo a ser seguido é o de João Batista: "importa que Ele cresça e que eu diminua". A vaidade não tomou conta dele. Vaidade e pruridos de intelectuais foram características de alguns que se desviaram, como esta nos vs. 6 e 7: "querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem, nem o que afirmam". O resultado: acabam nem entendendo a lei, incapacitados para ensiná-la, embora não reconheçam isso.

Aquele que quer servir a Cristo, guarde-se da vaidade, do academismo e da "mania de ser doutor". Precisamos, sim, de doutores na Igreja, como está em 1Co 12.28, mas doutores que com humildade sirvam a Igreja e aos irmãos; que antes de tudo sejam pastores que amem os irmãos.

4) Quando Paulo diz "pondo-me no ministério", não diz: "pondo-me no pastorado de igrejas grandes e importantes". Deus o pôs no ministério para ser pastor de igrejas pequeninas, nascentes, para ser pastor de soldados que o guardavam nas prisões em Roma - Fp 1.12-13. Jamais foi pastor, nem pretendeu ser, de igrejas grandes como Jerusalém ou a de Antioquia; por isso mesmo foi um inigualável semeador de Igrejas por toda a Asia menor e a Europa, da Grécia até Roma. E entre todos, Paulo é o espelho em que devemos nos olhar para seguir os seus exemplos, e não qualquer pastor da atualidade, que exibe as centenas ou milhares dos membros de suas igrejas; pastores cujas igrejas crescem numericamente, mas não crescem espiritualmente, nem na visão larga que teve a Igreja Primitiva. Pastores e igrejas centralizadores que na realidade pouco contribuem para o crescimento da Igreja Invisível, formada exclusivamente dos convertidos, salvos e fiéis.


Conclusão - Vale a pena ser pastor chamado por Deus, pastor segundo o “coração de Deus"; não há atividade mais digna e dignificante. Precisamos de pastores para grandes igrejas, mas quer seja de grandes ou pequenas igrejas, precisam ser pastores verdadeiros, à semelhança de Cristo e de Paulo - 1Co 11.1. Não vale a pena ser pastor se não foi chamado inequivocamente por Deus; esse vai ser um criador de problemas e um fracasso.

Hoje damos graças a Deus pela formatura de Eliseu que se prepara para ser um pastor. Mas há aqui muitos irmãos e irmãs com diferentes e importantes ministérios. A mensagem de Paulo é para todos nós. Graças a Deus por isso.

(sermão proferido por ocasião da formatura de um seminarista)

terça-feira, dezembro 15, 2009

Escribas e Fariseus de hoje

A igreja em perigo

Mateus 23.1-5 - leia-o - é um dos textos em que Cristo fala de líderes falsos que tem existido sempre, inclusive atualmente. É um alerta para a Igreja de todos os tempos.

Como se caracterizam tais falsos líderes?
1- Assentam-se "na cadeira de Moisés": se auto promovem com cursos, diplomas e títulos;
2- Seu ensino é correto;
3- Sua prática é incorreta - "dizem e não praticam" - são incoerentes.

Em linguagem atual, seus alvos são:
1- Ser "bacharéis", "mestres", "doutores", "apóstolos", "bispos";
2- Receber uma remuneração à altura de sua suposta importância - "atam fardos pesados e difíceis de suportar e os põem nos ombros dos homens";
3- Fazer tudo a fim de "serem vistos"; são narcisistas, admiradores de si mesmos.

Por outro lado:
1- Não dão bons exemplos;
2- Não são caridosos e tornam-se pedras de tropeço - "homens maus e enganadores, vão de mal para pior, enganando e sendo enganados" (v. 13).

O que vemos hoje? Muitos se projetando a si mesmos, com vistas a altos cargos na igreja; usando artimanhas políticas para atingirem objetivos políticos. É a má política eclesiástica, a politicagem.
Qual o resultado da ação de homens assim? Igrejas descaracterizadas, "clubes religiosos", empresas que exploram a religiosidade do povo - "enganando e sendo enganados" - 2Tm 3.13.
Entendem que a "sua" igreja deve ser rica embora muitos de seus membros sejam pobres e carentes. Transformam os diáconos da igreja em meros porteiros e serviçais, e não em "ministros da caridade cristã". Nesse mesmo texto, Paulo os qualifica como "homens maus".
Em nome da "disciplina eclesiástica" não temos o direito de nos acomodar. Ninguém, nem concílio algum pode impedir que o verdadeiro pastor e os verdadeiros diáconos cumpram seus ministérios.

No Presbitério Oeste Paulistano, na década de 80, aconteceu coisa semelhante. O Centro Presbiteriano Humanitário de Ação Social - CEPHAS - foi criado à revelia dos concílios da Igreja Presbiteriana do Brasil: jamais o Presbitério reconheceu e apoiou o CEPHAS. Como um dos seus pastores estava à frente da entidade e da congregação que lá se criou, o Presbitério não o considerou "pastor em tempo integral", porque dedicava parte de seu tempo àquela obra social. Mas a obra continuou com a bênção de Deus se manifestando dia após dia.

As cartas de Paulo a Timóteo estão cheias de conselhos e exortações. Talvez Timóteo fosse um tanto tímido e por isso precisasse de conselhos e exortações, que servem hoje para todos nós.
Não nos deixemos intimidar: "Sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre teu ministério" - 2Tm 4.5.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Conversões dramáticas e notáveis - 2

Outro caso interessante foi o de um homem que batizei na “Casa de Detenção” do Carandiru – SP.

Eu era ainda pastor novo, da Igreja P. Ebenezer, no bairro de Santana, próximo ao Carandiru. Um dia fui procurado pelo evangelista que trabalhava na Casa de Detenção. Havia lá um velhinho que queria ser batizado. Fui, e ele me contou sua história.

Era viúvo, aposentado, vivia em sua própria casa, com a filha e o genro; “não precisava de Deus”, disse-me ele. Um dia, discutiu com o genro, ficou irado, pegou uma espingarda e matou o genro com um tiro. Foi preso e lá estava, na “Casa de Detenção”. Começou a ouvir programas evangélicos pelo radio. Converteu-se e agora queria ser batizado. Orei com ele e prometi dar-lhe uma resposta.

Procurei o rev. Avelino Boamorte, capelão evangélico da Penitenciária do Estado, também no Carandiru. Disse-me que ele não costumava batizar ninguém na cadeia, pois havia casos em que a pessoa se dizia convertida para receber o benefício da comutação da pena. Uma vez solto, voltava ao crime. “Mas, neste caso, eu batizaria”, concluiu.

Falei com o diretor e ficou marcado o dia do batismo. Foi montado um palanque, com microfone e alto-falante, e puderam ir ao culto os presos que quisessem. Comigo no palanque, o rev. Avelino, o evangelista e o novo convertido. Batizei-o.

O advogado desse irmão conseguiu que ele fosse transferido para o “Manicômio Judiciário”, em Franco da Rocha, que oferecia a ele uma ambiente melhor. Lá lhe fiz a última visita. Tenho guardado uma fotografia do batismo...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Conversões dramáticas e notáveis - 1

Sou testemunha de algumas conversões notáveis por ter conhecido seus personagens.

Narciso Lemos foi ex-cangaceiro de Lampião. Conheci-o quando eu era seminarista em Campinas, há mais de 60 anos.

Ele estava no seminário, e uma pequena roda de seminaristas o cercava. Contou-nos sua vida.

Foi cangaceiro de Lampião. Quando este foi morto, o bando se dispersou e ele fugiu para a cidade de Santos – SP, onde continuou sua vida de crimes. Ali cometeu seu 14. assassinato: amasiou-se com uma moça, contrariando a vontade do pai dela, e só para lhe fazer desaforo, alugou uma casa bem em frente ao sogro. Uma noite acordou com um grito da moça e viu o pai dela prestes a matá-lo com um punhal. Defendeu-se, teve um dedo decepado, mas lutou, tomou a arma e matou o pobre homem. Narciso era alto e forte.

Ainda em Santos, encontrou-se um dia com um antigo companheiro de cangaço; logo convidou-o para assaltarem juntos. Ficou decepcionado quando o amigo recusou o convite pois disse que agora era “crente”. Odiou-o, mas aceitou o convite para irem ao culto naquela noite; planejou matá-lo no caminho para a igreja batista de Vicente de Carvalho, que fica entre Santos e Guarujá. No caminho, resolveu matá-lo na volta. Não entrou na templo, mas ficou na porta. Deus agia: ouviu a mensagem e converteu-se!

Tornou-se colportor: vendedor de Bíblias e livros evangélicos. Evangelizou nas casas e nas igrejas. O pastor batista Erodice de Queiroz escreveu uma biografia de Narciso Lemos com o título: “Porque deixei a indústria do crime”.

(continua)

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Visitas pastorais

Visitas pastorais - Jr 23.2; Tg 1.27; At 20.20

A assistência pastoral tem que ser um ponto alto na vida da igreja. Quando Cristo fala do verdadeiro pastor, em João 10.1-5, Ele não fala apenas de Si mesmo, mas de todo verdadeiro pastor - conhece as ovelhas por nome, não por ter boa memória, mas porque convive com elas; se alguma se desgarra, vai buscá-la e, se necessário, a carrega nos ombros, ajuda-a a levar seu fardo.
Tudo isso significa amor a cada uma delas, amor altruísta e não interesseiro, implica em convivência com o rebanho.
Agora, trocando em miúdos, de modo bem objetivo:

1- A visita pastoral "de casa em casa" é imprescindível. "Em casa" há mais informalidade, mais intimidade sadia que alcança a família toda, sem se tornar banal.

2-O "expediente pastoral" no escritório da igreja é útil, pois também acontece que um membro da igreja prefira tratar de algum assunto que não convém tratar na presença de toda a família, mas não deve substituir a visita em casa, pois nesta o pastor alcança toda a família, inclusive evangelizando os que ainda não sejam crentes. É muito cômodo para o pastor ser visitado no escritório, mas não é o mais conveniente para a igreja, em vista de seu crescimento espiritutal e numérico.
Há problemas íntimos que tem que ser tratados em particular e com muita discrição. A ocasião e o local dessa conversa devem ser escolhidos. Não convém que seja a "portas fechadas". Bom será que a sala tenha uma janela de vidro transparente para não ser esconderijo, nem levantar suspeitas, como já tem acontecido.

3- A visita pastoral verdadeira não visa aumentar a estatística do "relatório pastoral", nem qualquer proveito próprio. Em Mt. 23.4, Cristo denuncia esse abuso que pode se dar de diferentes modos. Conheci um "pastor" -entre aspas mesmo - que tinha um emprego durante o dia, dava aulas à noite, e relatava que naquele ano fizera 300 visitas pastorais. Era evidente a impossibilidade de realmente fazer tal proeza...

terça-feira, dezembro 01, 2009

"Enquanto temos tempo..."

Enquanto temos tempo...

Gl 6.7-10; Ef 5.15-16

Só Deus sabe quando terminará o tempo de cada um de nós. Pode ser de repente, inesperadamente, ou prevista e esperada como em certas enfermidades. O certo é que, um dia, cada um de nós terá seu tempo terminado. Então, “enquanto temos tempo, façamos o bem”. Não há tempo a perder.

É bom estar conscientes disso. Tenho pensado muito em função dos 81 anos até aqui vividos.

Deus é o Senhor de nossa vida e a Ele cabe dar-nos vida e determinar a sua duração. Em muitos casos Ele nos alerta.

No meu caso tem sido assim. Quando criança fui muito doente e frágil. Até os 8 anos tive quatro pneumonias. Deus preservou-me a vida.

Acidentes, sofri vários. O primeiro que me lembro foi quando criança, caí de uma carroça e bati com a cabeça na sarjeta. Perdi os sentidos. Outra vez, já adulto, escorreguei e caí em uma banheira antiga de ferro; novamente, bati violentamente a nuca na beirada da banheira, mas não perdi os sentidos.

Sofri três acidentes de carro. Em dois deles fui atirado para fora do veículo – não havia cinto de segurança naquele tempo – e poderia ter morrido; em um deles bati a cabeça e perdi os sentidos por alguns minutos; em outro quebrei a perna. O terceiro foi menos grave, mas também poderia ter sido fatal.

De tudo tiro várias lições, principalmente esta: em cada um desses casos, Deus me avisa e me dá mais tempo.

Após um dos acidentes, apressei-me a tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida como pastor, e não me arrependi.

O que Paulo escreve é para todo nós:

Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos”. A uns dando bens materiais - “...pão a quem tem fome, e água a quem tem sede” - Mt 25.34-36; Tg 1.27. A outros, temos que admoestar e ensinar – Cl 3.16 – a todos fazendo o bem, como Jesus Cristo fez, inclusive repreendendo - Mt 16.23; Lc 9.55 – quando necessário.

O mundo nos oferece mil “entretenimentos”, e nos distrai com toda a espécie de futilidades, desvia a nossa atenção daquilo que é realmente importante. Faz isso de tal modo que se cada um fizer um balanço geral do que tem feito na vida, verificará que está em débito com Deus – Mt25.41-43; Dn 5.27. Não deixe que isso lhe aconteça!

E nós, cristãos em geral, membros de igrejas, oficiais e pastores, temos usado bem e cuidadosamente o tempo? Ou temos nos distraído com muitas coisas inúteis e supérfluas, deixando de fazer o bem?

Fique atento: “enquanto é tempo...

A fé que salva não é apenas a crença intelectual, mas sim, a fé que envolve a razão, os sentimentos e a vontade; é a fé que leva à santificação e à ação, de tal forma que somos novas criaturas – 2Co 5.17.

Cuidado, não seja “um crente”, mas sim, uma “nova criatura”!

sexta-feira, novembro 27, 2009

Memoráveis Batismos

O primeiro foi o que tive o privilégio de realizar na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo. O batismo foi de um velhinho de 74 anos que se converteu na prisão ouvindo programas evangélicos pelo radio.

O segundo foi de um menino de apenas meses de vida, filho de um presbítero; o pequeno sofria paralisia infantil, estava em um hospital. Fui visitá-lo, e a mãe, criada no catolicismo temia que o menino morresse sem ser batizado e fosse para o “limbo”. O pai estava tranquilo. Expliquei-lhes que segundo o ensino bíblico, a criança que morresse estava salva (Mc 10.14), pois não havia alcançado ainda a idade da responsabilidade. Após, batizei-a, pois nada impedia que o fizesse. A mãe ficou tranquila e a criança recebeu o batismo a que tinha direito.

O terceiro foi de um ancião, pai de uma senhora que frequentava a igreja. Durante algum tempo ele frequentara também, mas não se batizara. Agora, muito doente, idoso, podia mesmo morrer. Em uma de minhas visitas disse-me que queria ser batizado. Declarou com convicção sua fé em Cristo. Também não tive dúvida, batizei-o na cama mesmo e dias depois faleceu. Lembrei-me do eunuco da rainha Candace, que Felipe, o evangelista, batizou ainda na estrada – At 8.26-38. A salvação não dependia do batismo, mas aquele que crê deve ser batizado - Mc 16.15-16 - e os filhos dos crentes também, pois o batismo com água substitui a circuncisão, que era feita em todo menino aos oito dias de vida; nisso o batismo com água é superior à circuncisão, pois também é ministrado às mulheres. Alegrou-se o idoso por ter dado testemunho da fé, a família dele alegrou-se, e antes disso devem ter-se alegrado os anjos no Céu “por um pecador que se arrepende”.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Jubilação ou Punição?

Sempre entendi a jubilação de pastores como uma honra concedida ao ministro que completasse 35 anos de ministério, ou chegasse aos 70 anos de idade. Honra como a emerência concedida ao presbítero ou ao pastor que servisse por longo tempo a uma igreja.

Por muitos anos o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil votava uma pequena verba para o jubilado, à guisa de modestíssima aposentadoria. Já vigorava a atual Constituição da Igreja. Poucos eram os pastores que continuavam ativos após a jubilação compulsória após os 70 anos. Depois disso a Previdência Social passou a admitir também a inscrição de pastores, concedendo-lhes a aposentadoria.

Mas, à medida que a média de vida do brasileiro sobe, porque melhora a qualidade de vida, cresce o número de jubilados no trabalho quase pleno, na assistência pastoral a igrejas. A experiência, o amor à Igreja que é o amor aos irmãos, cultivado durante 30, 40 ou 50 anos de ministério, compensam pelo menos em parte as deficiências físicas trazidas pela terceira idade.

Que bem faz ao jubilado saber que está sendo útil, ainda, na atividade pastoral, mesmo não exercendo plenamente a responsabilidade pastoral da igreja.

São muitos, atualmente, os pastores nessas condições. Boanerges Ribeiro foi assim até os 84 anos; ainda são assim pastores como Daniel Mariano da Silveira, Osias Mendes Ribeiro e outros, para só citar jubilados daqui da cidade de São Paulo.

Mas, que tristeza! Há aqueles que enxergam o pastor jubilado em atividade como um intruso, ocupando o lugar onde poderia estar outro, bem mais novo. Começa a ser visto como importuno, conservador demais, insistindo ainda em olhar como exemplares o apóstolo Paulo, Miguel Rizzo Jr., Avelino Boamorte, Boanerges Ribeiro, Felipe Landes, Erasmo Braga e outros, que só ambicionavam a honra de continuar servindo a Igreja dentro de suas possibilidades ainda existentes. Aqueles interpretam a Constituição da Igreja, artigo 49, como uma lei que decreta que o jubilado é um inválido e incapaz. O parágrafo 40 desse artigo precisa ser interpretado ou explicitado pelo Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Jubilação é isso – uma punição para quem ousou viver muito e insiste em ser útil? Ou é honorífica, como sempre se entendeu? Convém que a Igreja pense sobre isso.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 12

IV. AS BÊNÇÃOS DE DEUS PARA A FAMÍLIA

Os salmos 127 e 128, especialmente, nos falam de quanto e como Deus abençoa aqueles que honram a instituição do casamento: lo. o Senhor sustenta e dá estabilidade à família (127.1-2); 2o. os filhos são “herança e galardão”, prosperidade e alegria para a família, pois eles são dádivas do Senhor (v.3). Por isso mesmo precisam ser recebidos com alegria e gratidão a Deus, e bem cuidados desde concebidos; 3o. “os filhos da mocidade”em especial são apresentados como fatores de fortalecimento da família, pois estes que nascem enquanto os pais são jovens, convivem mais intensamente com os pais, do que aqueles que nascem quando os pais já estão na meia idade ou na velhice; 4o. o número de filhos que o casal deve ter há de ser proporcional à capacidade dos pais, não só para gerá-los, mas também e principalmente para dar aos filhos todas as condições materiais, físicas, intelectuais , morais e espirituais para a boa formação dos filhos (v.4); ainda quanto ao número de filhos, não deve ser nem mais nem menos do que a capacidade de cada casal (v.5). O salmo 128 é um sábio complemento do 127, especialmente quando fala do temor e da obediência do pai a Deus, quando exalta o papel da mãe e da colaboração que é dada também pelos próprios filhos. E ainda fala da longevidade, podendo “aquele que teme ao Senhor”, poder contemplar os netos, “filhos dos filhos”.

Observar em tudo os preceitos do Senhor, a começar na família, é o segredo da real Felicidade!

terça-feira, novembro 17, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 11

3. Prostituição, adultério e homossexualismo

Foi Deus quem fez os seres humanos dotados de sexo, como todos os outros animais e até os vegetais. Os elementos masculinos e femininos estão presentes até nas flores, para que haja a perpetuação das espécies.

Em todos os animais existe o instinto de procriação; a satisfação do instinto ou do ato sexual traz prazer aos animais. Nos irracionais, porém, isso é apenas instintivo e inconsciente; nos humanos é consciente e o ato sexual não pode ser buscado pelo simples prazer, ignorando as consequências geralmente desastrosas. O ser humano tem que estar consciente da correta finalidade do sexo, para não agir como um irracional.

Quando o ser humano age mais movido pelos impulsos e instintos que lhe trazem prazer, do que pela racionalidade, as más consequências são inevitáveis. Até no comer e beber, se uma pessoa passa a fazê-lo pelo prazer, acaba prejudicando seriamente a saúde, com a obesidade e outros problemas, além de prejudicar a vontade como capacidade de escolha inteligente; torna-se viciado.

Daí o fato de terem surgido muito cedo a prostituição, o adultério e o homossexualismo.

As Escrituras contêm inúmeros textos que condenam a prostituição – ato sexual entre pessoas que não são marido e esposa; muitos outros sobre sexo entre pessoas do mesmo sexo: Ex 20.14; Lv 18.20-23; Rm 1.21-28; 1Co 6.18 e 10; Ap 21.8. Leia cada um desses textos.

Todos esses pecados têm escravizado o homem trazendo-lhe morte e toda espécie de tragédia. Todos, porém, podem ser abandonados – 2Co 5.12; Rm 6.13-14.

Uma das consequências físicas dos pecados de ordem sexual são as moléstias venéreas, hoje chamadas DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis - todas elas com consequências menos graves ou mais graves, inclusive a AIDS, até hoje incurável e letal. Como toda enfermidade, resultado direto ou indireto do pecado.

A prostituição e o adultério têm como consequência também a gravidez indesejada e a existência de milhões de seres humanos infelizes por não poderem ter uma família organizada.

Todas essas formas de união atrás referidas não podem chamar-se “famílias”; são apenas “ajuntamentos”, pois não têm a aprovação e a bênção de Deus.

Mas a maldade humana é capaz de realizar outras coisas terríveis de incrível crueldade. Então surgiram: o lenocínio (a exploração organizada da prostituição), com os prostíbulos rendosos para seus donos; o tráfico de mulheres, inclusive em âmbito internacional, a prostituição infantil, e a prática também organizada de homossexualismo e lesbianismo – suprema degradação, atualmente defendidos publicamente, promovendo em diversos países, com apoio das autoridade, as indecentes “Paradas do Orgulho Gay”; a rede de motéis facilitando tanto a prostituição como o adultério.

E embora as consequências de tudo isso sejam tragédias sobre tragédias, a humanidade não reconhece seus erros e se apega cada vez mais ao pecado de não respeitar as instituições divinas. Os governos, cuja razão de ser é promover o bem, cada vez mais são omissos e não coíbem os males; tornam-se cúmplices dos transgressores. O mesmo acontece com os cidadãos, que somos todos nós: ou nos posicionamos ao lado, como defensores das instituições divinas, ou estaremos do outro lado.

Faça sua escolha, inteligente e decente!

(continua)

sexta-feira, novembro 13, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 10

E o regime de concubinato se tornou aceito como normal em nossa pobre sociedade.

Inconvenientes: l. ofende a Deus porque desprestigia o casamento; 2. Não há no concubinato em si, seriedade e compromisso. Enquanto estiver a vida a dois conveniente e satisfatória para ambos os parceiros, mantêm-se juntos; se não, separam-se com facilidade, com traumas ou não; 3. Quando há filhos, a pouca responsabilidade dos pais, como pais, não os impede de acabar com o “relacionamento”; os filhos passam a ser as grandes vítimas, vão ser “filhos sem pais”, muitas vezes sem mães também. Frequentemente passam a ser vistos como incômodos pelos pais, e rejeitados; os “remendos” que se inventam não podem substituir uma família bem organizada e estável, com pai, mãe e irmãos. A palavra “concubinato” é propositadamente evitada, e essa triste situação é apresentada até como solução para problemas de solidão ou de descasados que desejam um(a) companheiro(a).

Daí a porcentagem espantosa de crianças e jovens de famílias desfeitas, ou que nunca existiram, tornando-se crianças de rua, jovens envolvidos com drogas, tráfico, contrabando, prostituição, etc. É comum encontrarem-se hoje moças e senhoras solteiras que já tiveram 2, 3 ou mais “companheiros”, às vezes com filhos de diferentes pais. Que formação moral podem tais crianças e jovens possuir, preparando-se para uma vida bem sucedida?

Entretanto o concubinato passou a ser visto e aceito como normal em todas as classes sociais, de todos os níveis culturais. Nem a formação religiosa tem sido suficiente, quando superficial, para livrar os jovens desse engodo, pois os exemplos que vêm nos próprios pais e familiares exercem uma influência devastadora. Os exemplos falam mais alto do que os conselhos, infelizmente, neste caso.

Uma das consequências das famílias desfeitas em crianças e jovens é o desamor e até o ódio contra todos, inclusive familiares, pois nunca se sentiram realmente amados e não aprenderam a amar. Multiplicam-se hoje os casos de filhos matando pais e pais e mães matando os filhos.

A libertinagem, filha da permissividade, é um dos grandes males que levam ao concubinato. O endeusamento do sexo, a busca do prazer sexual como o sumo bem (filosofia hedonista), leva à prostituição, ao concubinato e ao adultério. A gravidez indesejada é inevitável e então os filhos são injustamente olhados como intrusos; em geral são criados sem amor, dedicação e altruísmo; por isso também não aprendem essas virtudes.

E a tragédia humana vai se tornando cada vez mais gritante. Quando os preceitos bíblicos não são respeitados, os resultados são terríveis: as pessoas não têm respeito por si mesmas e pelo próximo, e rejeitam as bênçãos de Deus. Foi assim com Sodoma e Gomorra!

Mais do que nunca é atual a exortação de Pedro no dia de Pentecoste: “salvai-vos desta geração perversa!” – At 2.40.

(continua)

quarta-feira, novembro 11, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 9

2. Concubinato

Outra invenção humana já referida, pecaminosa e por isso mesmo nociva, é diferente da bigamia e da poligamia; é o concubinato. Hoje vai se tornando cada vez mais adotado, até no seio de famílias de formação cristã. Concubinato é o regime em que duas pessoas vivem como se casadas fossem, sem o serem realmente.

Vários personagens bíblicos que foram polígamos viveram também em concubinato. Só isto já mostra que mesmo naqueles tempos, mesmo desfigurado pela bigamia e pela poligamia, o casamento era a situação legal e normal.

O concubinato era uma união ilícita, mas tolerada pelo povo em sua decadência. Era fruto da sensualidade incontida, de sexualidade sem limites, como hoje também.

Há pecado e inconveniências no regime de concubinato hoje?

Antes de tudo lembremos que Deus só instituiu o casamento e não qualquer outra forma de união entre homens e mulheres; ao contrário, quando mostra as más consequências nos casos de concubinato registrados, está mostrando Sua desaprovação.

Alguém dirá: e se o concubinato hoje for levado a sério tanto pelo homem como pela mulher, não será isso casamento? Não terá a aprovação de Deus só porque não houve uma cerimônia civil ou religiosa selando essa união?

Notemos: não há, realmente, um texto bíblico mandando que os noivos se unam oficialmente perante autoridades civis ou religiosas, mas é inegável que os casamentos registrados nas Escrituras, como o casamento em Caná, em que Jesus estava presente, eram atos públicos em que o casal estava assumindo publicamente sua condição de marido e mulher. Em Dt 24.1-4, quando a Lei fala de “divórcio”, que não foi instituído por Deus, determina que seja feito uma documento que dê garantias à mulher. A festa que se realizava era o casamento reconhecido. Fora disto, o que havia era concubinato.

No N. T. o casamento é prestigiado de diversas maneiras: pela presença de Cristo nas bodas em Caná - Jo 2.1-12; quando Paulo nos instrui sobre relacionamento entre marido e esposa em Ef 5.22-33 e 1Co 7.1-14, texto este em que ele usa o verbo traduzido por “casar” no v. 9. Quando em Hb 13.4 o texto determina que “o matrimônio seja honrado por todos”. Em 1Co 7.2 Paulo chama de prostituição a união de pessoas que não sejam marido e esposa (homem e mulher).

Em nenhum texto as Escrituras prestigiam a união de um homem e uma mulher que não sejam realmente marido e esposa.

O concubinato hoje. Agora, falando com base nos fatos que estão ao nosso redor. Desde que o divórcio foi legalmente instituído no Brasil, a instituição do casamento foi sendo desprestigiada; ficou mais fácil pôr fim a um casamento, legalmente. Hoje há mais divórcios do que casamentos! Com a nova Constituição de 1988, chamada equivocadamente “Constituição cidadã”, o concubinato, depois de uns poucos anos, passaria a dar alguns direitos à mulher e ao homem, como o direito a pensão, a herança etc. Na ocasião, ouvi uma entrevista com uma senhora explicando aos ouvintes: “agora não é mais necessário casar...” como se a finalidade do casamento fosse apenas dar aqueles direitos aos cônjuges.

(continua)

sexta-feira, novembro 06, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 8

Outros casos dolorosos de poligamia foram os de Davi e Salomão- 2Sm 11.1-27; 13;1-12; 1Rs 11.16.

O caso de Davi é um alerta para todo cristão. “Quem está em pé, olhe, não caia” – 1Co 10.12. Davi era um homem de Deus; Deus mesmo o disse: “Achei a Davi, de Jessé, varão conforme o Meu coração” (At 13.22, citando 1Sm 13.14). Pois este homem um dia se descuidou. Embora fosse casado, viu acidentalmente a mulher de Urias, seu fiel general, banhando-se; cobiçou-a, quebrou o 10o. mandamento, e da cobiça passou ao adultério, quebrando também o 7o. mandamento. Durante meses adulterou, enquanto Urias estava no campo de batalha. Betsabá ficou grávida; ele tentou encobrir o adultério fazendo Urias vir a Jerusalém para estar com sua mulher -2Sm 11.1-8. Negando-se Urias (v. 9-18), Davi então tramou a morte dele; quebrou, então, o 6o. mandamento (v. 14-21). Depois de tudo isso Davi tomou Betsabá para ser mais uma de suas mulheres.

Deus castigou Davi pelos pecados que cometera: o filho que nasceu de Betsabá morreu, conforme fora anunciado pelo profeta Natã - 2Sm 12.1-24; diante do arrependimento de Davi, Deus foi misericordioso e nunca deixou de confirmar o que dissera sobre a duração de seu trono. Como no caso de Abraão, Sansão, Gedeão e de tantos outros, e como nós, Deus realiza o Seu plano por meio de Seus servos, apesar de nossos defeitos. Os verdadeiros servos se portam com humildade, reconhecem seus pecados e se penitenciam; “a um coração arrependido e contrito, não desprezarás, ó Deus”, proclamou Davi - Sl 51.17.

O caso de Salomão também é cheio de ensino. Temente a Deus, filho de Davi e Betsabá - 1Rs 1.17. foi sábio até no pedido que fez a Deus – 1Rs 3.7-13. Também demonstrou sua piedade e sabedoria ao erguer o templo, e em suas orações – 1Rs 8.22-66. Entretanto deixou-se influenciar pelos costumes da época e durante muito tempo andou desgarrado. Teve 700 mulheres e 300 concubinas e “suas mulheres perverteram seu coração” - 1Rs 11.3. Certamente se arrependeu e se reconciliou com Deus. Só assim Deus o teria escolhido e inspirado para escrever os livros de Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Os dois últimos capítulos de Eclesiastes, especialmente os dois últimos versículos, mostram um Salomão reconciliado com Deus.

Outros servos do Senhor, como Sansão e Gedeão - Jz 16 e 8.30 - absurdamente se deixaram levar por paixões carnais, e desonraram a instituição do casamento. Sansão veio a ter morte trágica, apesar de mostrar-se arrependido – Jz 16.28. Gedeão, valoroso e fiel, mostrou-se sempre muito temente a Deus, com exceção do fato de que “teve 70 filhos que precederam de sua coxa, porque tinha muitas mulheres”. Após sua morte “os filhos de Israel se tornaram e se prostituíram após os baalins, e puseram a Baal-Berite por deus” - Jz 8.33. As fraquezas desses homens, mormente no campo do sexo, contrastaram com os atos deles enquanto fiéis a Deus. Infelizmente os maus exemplos prosperam e são facilmente seguidos, através dos tempos. E o homem em geral persiste em não reconhecer a estultícia que é a desobediência aos preceitos divinos.

Na Igreja Primitiva do tempo dos apóstolos provavelmente havia homens polígamos ou bígamos, pagãos que se haviam convertido depois de se terem colocado nessa condição. Convertidos, eram recebidos na Igreja, mas não deveriam ser diáconos, nem presbíteros – 1Tm 3.3 e 12. Paulo ensina “marido de uma mulher”. Não se impunha que o novo irmão, polígamo, despedisse as esposas e ficassem apenas com uma, provavelmente por causa dos filhos. Mas o oficial da Igreja, casado, devia sê-lo com uma só esposa.

Porém, nos advertem as Escrituras; “Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” – Gl 6.7 e “Deus recompensará cada um segundo as suas obras” – Rm 2.6.

Por que tomar essa atitude louca e contraditória, de obedecer a Deus em alguns preceitos e desobedecê-Lo em outros? Podemos obedecê-Lo em tudo, ainda que imperfeitamente – Rm 6.14.

(continua)

quarta-feira, novembro 04, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 7

AS INVENÇÕES HUMANAS

Além daquelas já referidas no capítulo referente ao trabalho, outras foram criadas pelo homem, no setor que atinge e macula a família: a bigamia, a poligamia, o concubinato, a prostituição, o divórcio, o homossexualismo, o lesbianismo, etc.

BIGAMIA E POLIGAMIA

Deus fez uma só mulher para Adão. Teria feito duas ou mais se devesse ser assim, mas Deus instituiu o casamento monogâmico, pois só esse dá certo com a bênção de Deus.

Foi um dos filhos de Caim – Lameque – o primeiro a ter duas mulheres. O exemplo logo se tornou costume e evoluiu para poligamia. Até hoje existem varões e sociedades muçulmanas, mórmons e outras, que defendem o “direito” de um homem possuir quantas mulheres puder sustentar. Em nosso meio, no Brasil, a bigamia é uma realidade, mas essas uniões não podem ser legalizadas; a bigamia é ilegal, mas é muito comum e não existe para o bígamo nenhuma punição legal.

Porém as conseqüências trágicas da bigamia e da poligamia são com ênfase registradas nas Escrituras, o que mostra como Deus rejeita e pune os transgressores.

O mau exemplo de Jacó é gritante. Convertido já em sua velhice, talvez com mais de 70 anos, na sua mocidade casou-se contrafeito, mas não obrigado, com as irmãs Lia e Raquel, suas primas, filhas do tio Labão. Além disso teve duas concubinas, por sugestão das esposas, Zilpa e Bila – Gn 29.21-31. Foi uma família fora do controle de seu chefe: 12 filhos e uma filha, de quatro mães diferentes. Só José e Benjamin, filhos de Raquel - a única que deveria ser mulher de Jacó - não lhe deram grandes desgostos.

Entretanto Deus se denominava “o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó” - Ex 3.15. Pois Jacó, o terceiro da linhagem dos Patriarcas, colheu amargos frutos de sua poligamia, e os colheu especialmente depois de ter sido regenerado e convertido. Um dia a filha Diná foi deflorada por um homem do povo heveu, o qual quis se casar com ela. Mas os irmãos de Diná usaram um sórdido ardil e mataram todos os varões heveus e saquearam os seus bens - Gn 34.13-31. Quando Jacó soube do acontecido se indignou, mas teve que apenas curtir a vergonha e a dor de tão grande vilania dos filhos. Anos mais tarde os 10 irmãos de José, filhos de Lia e das concubinas de Jacó, venderam José como escravo para uma caravana de midianitas, e mentiram ao pai dizendo que uma fera matara José – Gn 37.

(continua)

sexta-feira, outubro 30, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 6

As Invenções Humanas - Ec 7.29

Desde que Adão e Eva transgrediram a ordem divina, ficaram evidentes duas verdades: 1) Deus ordena mas não tira a liberdade do ser humano, o mesmo que fez com os anjos, pois não deseja ser servido e adorado por “robots”, mas por seres inteligentes e livres; 2) A segunda verdade é que o pecado, uma vez instalado e cometido, corrompeu o ser humano todo e, por hereditariedade corrompeu a humanidade toda.

Já se percebe isso no primeiro caso, o de Adão e Eva. Eva comeu do fruto proibido, deu-o a Adão e ele simplesmente comeu também. As consequências foram imediatas: 1) tiveram consciência de seu ato e se tornaram maliciosos, perderam a ingenuidade e a simplicidade que possuíam antes (v. 7); 2) sentiram-se incomodados com a presença de Deus, o que antes era para eles prazeroso; 3) tornaram-se tolos tentando esconder-se de Deus – é o embotamento da própria razão; o pecado “emburrece” uma pessoa; 4) chamado e inquirido por Deus, como maior responsável, Adão se mostrou evasivo e insincero (10); devia ter dito logo “sim, comi, desobedeci a Tua ordem”; 5) procurou transferir a culpa para Eva e em última análise, para o próprio Deus: “a mulher que me deste, ela me deu e eu comi”. Podemos imaginar que pela primeira vez também Eva se sentiu injustiçada, pois Adão não foi obrigado, comeu porque quis. Certamente daí surgiu a primeira rusga entre o casal; 6) o ser humano perdeu definitivamente a santidade com que fora criado e se tornou transmissor de sua nova natureza, pecaminosa, aos filhos e filhas que veio a gerar (Gn 5.1-4).

O pecado, como um mortífero vírus da alma, se instalou na vida de todo ser humano. Só a graça de Deus pode curá-lo de tão terrível doença: “O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado” – 1Jo 1.7 e “o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” – Rm 6.14, e ainda “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a Sua grande misericórdia, nos regenera para uma viva esperança...” – 1Pe 1.3.

Após o primeiro pecado a humanidade decaída, representada pelo primeiro casal, começou a inventar novas filosofias de vida, novas maneiras de “gozar a vida”, e novas maneiras de pecar. Em Gn 6.5 está a constatação: “Viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a Terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. São as pecaminosas invenções humanas.

Deus fez o homem justo, mas eles buscaram muitas invenções” – Ec 7.29.

terça-feira, outubro 27, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 5

IV. A IGREJA

Como encontramos em Ml 3.15, Deus “buscava (na criação) uma semente de piedosos”. Essa “semente” iria ser o corpo da Igreja, cuja cabeça é Cristo – Ef 4.15.

No Antigo Testamento, era o povo de Israel, sob a teocracia – Deus dirigindo seu povo ao falar diretamente a Seus servos, falando através de Urim e Tumim, e dos profetas.

No Novo Testamento, é a Igreja estabelecida por Cristo. Além do “povo de Israel”, ela inclui também todo gentio que receba Cristo como Senhor – Jo 1.12.

O Senhor Jesus é insubstituível modelo para todo cristão. A Igreja haveria de ser no mundo uma testemunha viva de Cristo – At 1.8 – e teria a missão de levar a mensagem do Evangelho ao mundo todo – Mc 16.15; Mt 28.19-20; Lc 24.46; Jo 17.18.

Mas Igreja não é uma abstração, é o conjunto dos cristãos sob a liderança de Cristo; é cada cristão, onde quer que esteja, sendo fiel a Cristo – Ef 2.15. Igreja (eclecía = assembléia) não é só o coletivo, é também a ação de cada um de seus membros, sob a direção do Espírito Santo – At 1.8.

Igreja é a comunidade que vive como vivia a Igreja Primitiva retratada no livro de Atos dos Apóstolos – At 2.42-47, 4.32-35, que existe para viver o Evangelho e difundi-lo em todo o mundo. Enfrentaria a oposição e até perseguição, mas não desistiria; enfrentaria também as artimanhas de Satanás infiltrando-se na Igreja através do descuido e fraqueza de cristãos – por exemplo, At 5.1-11 (Ananias e Safira), 8.18-23 (Simão e a simonia).

Como toda organização composta de pessoas, a Igreja tem, necessariamente, uma estrutura: pessoas com diferentes capacidades exercendo diferentes ministérios –Rm 12.4-8, 1Co 12.4-11, 28-31.

Oficiais especiais, os apóstolos, foram apenas os 12 escolhidos por Cristo, depois Matias substituto de Judas Iscariotes, e Paulo estabelecido por Cristo –Gl 1.1; 2Co 12.11-12; ninguém mais teve e ninguém mais tem o direito de dizer-se apóstolo. Os evangelistas – Ef 4.11 – profetas, pastores, doutores, diáconos (At 6.1-7) eram os demais oficiais referidos no N.T. Por profetas não podemos entender só pessoas como Moisés, Isaías e todos os outros do A.T., através dos quais Deus Se revelou e inspirou para escreverem Sua Palavra registrada nos livros sagrados. Temos que entender, hoje, que todos os cristãos somos “profetas” no sentido etimológico da palavra grega “profete” (“pró”+“faino”) que significa “o que fala em lugar de outro”, como Aarão seria o “profeta” de Moisés, falando em lugar dele (Ex 4.14-16). Todo cristão é enviado ao mundo para transmitir a palavra do Rei e Senhor da Igreja; todos somos profetas nesse sentido de transmitir a mensagem de Cristo. Os diáconos e presbíteros devem ser estabelecidos pela Igreja segundo os exemplos que temos no N.T. – At 6.3 e 5; Tt 1.5.

Quanto ao tipo de governo da Igreja, existem bases bíblicas para se defender o sistema congregacional, o sistema episcopal e o sistema presbiteriano. Pelo número de textos que favorecem o sistema presbiteriano (democrático-representativo), nossa preferência é pelo último modelo, mas não podemos inquinar de anti-bíblicos os outros dois. O que importa é que cada igreja ou denominação seja fiel ao Senhor de todos nós – 1Co 4.2-5.

(continua)

sexta-feira, outubro 23, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 4

III. A LEI

A Lei que nos foi dada por Deus nos dá princípios éticos e regras de conduta para que possamos ter um bom relacionamento tanto com Deus como com o próximo.

Examinemos, ainda que superficialmente, os 10 mandamentos, que são o resumo de toda a Lei que se encontra de Gênesis até Apocalipse.

O 1o. nos ensina que há um só Deus; monoteísmo como princípio de nossa fé. Assim elimina o deísmo e o politeísmo.

O 2o. contém o princípio do culto espiritual, porque “Deus é espírito e importa que os que O adoram, O adorem em espírito e em verdade”.

O 3o. contém o princípio de absoluto respeito a Deus e a tudo que a Ele se refira, especialmente Seu nome.

O 4o. contém o princípio do trabalho e do descanso: todos têm o dever de trabalhar e têm também direito ao descanso. Estabelece seis dias para trabalho e um dia inteiro de descanso, “para o santificar”, isto é, para ser um dia inteiro voltado para nossa santificação através da comunhão com Deus. Nesse 7o. dia devem ser realizadas apenas as tarefas essenciais à vida e as de socorro, além do culto e ensino da Palavra de Deus. As demais devem ser realizadas nos seis dias de trabalho.

O 5o. mandamento contém o princípio de respeito aos pais. Honrar pai e mãe é preservar o bom nome deles e da família, é obedecê-los, acatá-los, respeitá-los, colaborar com eles. e fortalecer a família. O salmo 127 fala dos filhos como “flechas na mão do valente”. Os filhos completam e fortalecem a família, unem os pais.

O 6o. contém o princípio de respeito à vida. Não se trata de apenas não matar, mas defender, preservar a vida de todo ser humano, começando com a própria vida. É um mandamento contra toda forma de violência contra o próximo.

O 7o. mandamento contém o princípio de fidelidade conjugal. Portanto proíbe o adultério, bem como toda situação e todo ato da mesma natureza, ilegítimo, no campo do sexo: concubinato, prostituição, e toda forma de desrespeito ao casamento. Leia-se Lv 18 e Rm 1.

O 8o. contém o princípio da honestidade. Dessa forma proíbe qualquer forma ilegítima de conseguir bens materiais: o furto, o roubo, o assalto, o peculato, o estelionato, o contrabando, a exploração, a escravidão, a falsificação, etc. Todos os bens necessários devem ser conseguidos com o trabalho produtivo e honesto.

O 9o. mandamento contém o princípio do amor à verdade e defesa da verdade. Proíbe a mentira, a calúnia, a meia-verdade, o sofisma, o fingimento, a insinceridade.

No 10o. mandamento está o princípio da moderação, e proíbe toda espécie de cobiça, que é a falta de contentamento. “Já aprendi a contentar-me com o que tenho”, ensina o apóstolo Paulo – Fp 4.11 e 1Tm 6.8. Assim é que se evitam a cobiça e a ambição.

A respeito da Lei convém lembrar o que disse Jesus Cristo sobre ela: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir. ...Até que os céus e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido” - Mt 5.18. E Tiago: “Porque qualquer que guardar toda a Lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos” - Tg 2.10.

Todos os problemas de relacionamento humano e social que existem no mundo são causados pela quebra destes mandamentos. Oxalá o mundo se voltasse para eles para os cumprir!

(continua)

terça-feira, outubro 20, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 3

II. A FAMÍLIA

A família é a segunda grande instituição estabelecida por Deus. Ele criou primeiro o varão – Gn 2.7-17 – cujo nome, “Adam”, é cognato de “adamah” (terra). Em Gn 1.26 “Adam” é o substantivo que designa o homem no sentido genérico – ser humano – homem e mulher (Gn 1.27). Sabemos disso porque a palavra hebraica que se traduz por varão (homem, sexo masculino) é “ish”, e a palavra que encontramos em Gn 2.22 é a palavra “ishah” que se traduz por “mulher”; Deus criou o varão do pó da terra (Gn 2.7); já a mulher Deus fez ou criou usando como matéria não mais “pó da terra”, mas sim carne e osso de Adão (“uma de suas costelas”-Gn 2.21). O texto bíblico deixa bem claro que a mulher não foi feita de material inferior, mas de parte do próprio homem.

Comentou Santo Agostinho, que Deus não fez Eva dos pés de Adão como a indicar que ela seria inferior e pisada pelo homem; não a fez da cabeça do homem como a indicar que ela seria superior, e deveria dominá-lo, mas a fez de uma de suas costelas, de um de seus lados, como a indicar que estaria sempre ao seu lado, de sob o seu braço como indicando que ela estaria sempre sob a proteção do homem, e de junto de seu coração, como a indicar que ela seria o alvo dos afetos do homem.

Diz ainda o texto de Gn 2, no versículo 22, que Deus fez a mulher e “a trouxe a Adão”. Não seria para estar longe de Adão, em outro local do jardim, porém junto dele. Vemos aí o momento exato em que Deus uniu o homem e a mulher como casal, fundando a família. O texto de Gn 1.27-28 se encaixa exatamente aí – a ordem de multiplicar-se e dominar a Terra. Desde então seriam marido e mulher para juntos cumprirem a ordem de Deus.

A missão de marido e mulher, de multiplicarem-se gerando filhos, não seria simplesmente gerá-los, tal como fazem os irracionais, num crescimento populacional irresponsável, mas como seres inteligentes à semelhança de Deus, tendo também a responsabilidade de criá-los e educá-los, transmitindo-lhes conhecimentos e também formando seu caráter, o que inclui a formação religiosa dos filhos, segundo Dt 6.4-9.

Multiplicar-se, então, não significa apenas a perpetuação da espécie humana. O profeta Malaquias (2.14-15) diz: “Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher de tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher do teu concerto. E não fez somente um, sobejando-lhe espírito? E por somente um? Ele buscava uma semente de piedosos.

Marido e mulher, ao gerarem seus filhos, deverão estar assumindo a responsabilidade de educar os filhos transmitindo-lhes conhecimentos sobre a natureza, como produzirem os bens necessários, e o reconhecimento dos valores morais e espirituais. O Salmo 78.1-6 fala da transmissão de pais para filhos, das maravilhas realizadas por Deus.

A tarefa de educar é tão importante ou mais importante do que a tarefa de produzir os bens materiais. Essa tarefa cabe primeiramente à família. A escola, necessária sem dúvida, deve ser vista como auxiliar da família. Especialmente as escolas de crianças e jovens precisam ter o caráter de educandários e não de “deseducandários”, como muitas vezes tem acontecido há tempos e presentemente.

Ter filhos, criá-los e educá-los para serem tementes a Deus é o nosso dever.

Para isso Deus nos habilita. Ele nos educa para que também possamos educar. Primeiro, colocando no coração ou na consciência de cada um a Sua Lei – Rm 2.14-15: “De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os”.

Mas além da Lei colocada na consciência moral de cada um, Deus nos deu a Lei escrita em toda a Escritura Sagrada; lei resumida nos 10 mandamentos – Ex 20.1-17. Ela nos é dada para ajudar-nos a conhecer em detalhes o que Deus requer de nós.

É necessário, ainda, observar que a família instituída por Deus começa com a união de um homem e uma mulher – família monogâmica. Ensinam-nos ainda as Escrituras que Deus “odeia” ou “aborrece o repúdio” – Ml 2.16. Jesus Cristo, em Mt 19.3-12 e Mc 10.1-12, também fala do casamento como união que só pode desfazer-se por morte de um dos cônjuges – 1Co 7.39. Somente o adultério é apontado por Cristo como causa justa para divórcio (Mt 19.9).

Essa é a família instituída por Deus.

(continua)

sexta-feira, outubro 16, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 2

AS INSTITUIÇÕES DIVINAS

I. O TRABALHO

Deus não deixou ocioso no Éden o homem que criara. Gn 2.15 diz que Deus colocou Adão “no jardim do Éden para o lavrar e guardar”. “Lavrar a terra”, evidentemente para que o jardim não se transformasse em floresta inabitável; “guardar a terra”, certamente dos animais predadores, para preservá-lo. Era, inicialmente, um trabalho braçal, porém trabalho ameno, e suficiente para prover o seu sustento. Só após a queda no pecado é que o trabalho se tornou penoso e até opressivo – Gn. 3.17-19.

No 4o. mandamento, dado através de Moisés muito mais tarde, Deus nos ordena trabalhar seis dos sete dias da semana.

Note-se, porém, que ainda no Éden, Deus ordenou ao casal: “enchei a Terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”. O Salmo 8 completa: “fazes com que ele (o homem) tenha domínio sobre as obras das Tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés”. O ser humano teria uma capacidade crescente de domínio sobre a criação. Hoje estende esse domínio, ainda que parcial, até o espaço sideral, com as viagens interplanetárias.

O homem foi colocado por Deus como mordomo dos demais seres criados. Dessa mordomia certamente tem que prestar contas a Deus; é uma das lições contidas em Mt 25.14-30, a parábola dos talentos. A figura de mordomo é também usada por Cristo em Lc 12.42-43.

O trabalho é uma bênção que Deus dá a todos, a cada um segundo a sua capacidade, inclusive às crianças. É perigosa, quando mal feita, a campanha contra o trabalho infantil. Ninguém tem o direito de explorá-la, mas a criança também deve aprender a trabalhar e ter obrigações. O trabalho é educativo, e não é só emprego; assim também o trabalho doméstico.

O trabalho continua sendo instituição a ser respeitada, porque vem de Deus. É necessário, porém, que observemos os característicos do trabalho instituído por Deus:

1o.) Preservação da natureza. Uma das tragédias da atualidade é a falta de cuidados com a natureza: destruição motivada pela ambição de lucro, e poluição pelo desleixo; ambos são crimes contra a ecologia.

2o.) Outro característico: ser produtivo. Através dos tempos o homem foi inventando formas de trabalho que não produzem nada, senão enriquecimento e satisfação da vaidade. Então surgiram, mesmo antes dos faraós, as chamadas “obras faraônicas”, como as da Babilônia. Era ostentação de riqueza e de poder. A primeira desse tipo foi a Torre de Babel. Além de não ser um trabalho produtivo, era realizada geralmente com trabalho escravo. Não é isso mesmo que se observa hoje? Obras faraônicas para satisfação e proveito de algumas pessoas ou de algumas classes sociais; e a escravidão continua existindo de forma disfarçada: de um lado classes sociais privilegiadas que usufruem, e de outro lado a mão de obra explorada, de classes sociais vivendo miseravelmente – ostentação de riqueza e miséria lado a lado – porque o trabalho não é visto como necessariamente produtivo. São inúmeras as atividades econômicas modernas que não produzem nada, a não ser lucro para alguns e satisfação da vaidade, e continua sendo à custa da exploração desumana do trabalho alheio.

Assim é em grande parte o trabalho de bancos e outras instituições financeiras. O “trabalho” dos produtores e comerciantes de tóxicos ilegais é assim; milhares ou milhões de pessoas “trabalhando” na produção e no comércio das drogas, sem nada produzir de bom. Também o simples entretenimento, em todas as suas formas, é levado a um exagero incrível sem nada produzir, senão lucro para os empresários e grandes artistas, seja o teatro, o futebol, a televisão, ou qualquer outro. O traficante julga que está trabalhando, assim também os prostitutos e prostitutas, hoje chamados “trabalhadores do sexo”. São ocupações mas não são trabalho; para ser trabalho, toda atividade precisa estar de acordo com a origem que vem de Deus: ser boa, produtiva e honesta; não comporta degradação moral, da natureza, nem exploração do homem pelo homem.

Assim também atividades como a moda e o turismo. Se não se esquecessem de que toda atividade para ser honesta tem que produzir bens necessários e duráveis, cuidariam dos aspectos educativos que o turismo pode ter, e da produção de vestes e agasalhos realmente necessários para todos, e não peças de roupas mais para despir do que para vestir, e nem só para uma classe perdulária e frívola, estimulando ainda mais a vaidade e a frivolidade, em um mundo onde há bilhões, vivendo miseravelmente.

Quantas outras atividades inúteis e até mesmo nocivas – como as loterias e os jogos de azar – ocupam o tempo e as energias de milhões de pessoas, e redundam na destruição moral e física das pessoas!

Cada pessoa que teme a Deus deve verificar se a atividade a que se dedica é realmente honesta, produtiva, benéfica em todos os sentidos. Se não, mude de profissão, de emprego, de trabalho.

O moderno consumismo, com todos os seus males, é o grande estimulador da frivolidade, quando há tanta coisa construtiva e edificante em que devíamos todos ocupar nosso tempo e nossas capacidades. O trabalho que nada produz é nocivo e uma das causas da má distribuição de renda, e da conseqüente miséria.

O grande apóstolo Paulo escreveu: “Vede prudentemente como andais, não como néscios (tolos) mas como sábios, remindo (usando bem) o tempo, porquanto os dias são maus” - Ef 5.15-18.

(continua)

terça-feira, outubro 13, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 1

Deus fez ao homem reto, mas eles buscaram muitas invenções” (Ec.7.29)

S U M Á R I O

I. Introdução

II. Instituições divinas:

l. O trabalho

2. A família

3. A Lei

4. A Igreja

III. Invenções humanas:

1. O trabalho opressivo, escravidão e servidão

2. A ostentação de riqueza

3. O crime organizado

4. A filosofia hedonista

5. Bigamia e Poligamia

6. Concubinato

7. Prostituição, adultério, homossexualismo.

IV. As bênçãos de Deus para a Família.

V. Conclusão: há solução? Dt 30.15-19; Ez 18.31-32; At 4.10-12; Jo 1.12; 3.16.

INTRODUÇÃO

Quando Deus criou o ser humano nada improvisou; providenciou todas as coisas necessárias para o bem das criaturas feitas “à Sua imagem e semelhança”. Não só o mundo material, cujas maravilhas o homem até hoje vai aos poucos descobrindo, mas também o que seria necessário para o homem usufruir todas as bênçãos por Deus de antemão preparadas.

É o que chamamos aqui “as instituições divinas”. Entre elas, o trabalho, a família, as leis, o Estado, a Igreja e outras, todas objetivando o bem do homem e de toda a sociedade humana – não só para sua vida no mundo, mas também para seu destino eterno.

Porém o homem, em sua rebeldia, ignorou a bondosa providência divina e inventou diferentes formas de pecar – Ec 7.9. São as “invenções humanas”.

(continua)

quinta-feira, outubro 08, 2009

Árvores sem Fruto

Árvores sem frutos

Mt 3.10; 7.15-20; 12.33; Jo 15.2, 8, 16.

No primeiro texto é João Batista que fala dos frutos que todos produzem, bons ou maus; os frutos a serem produzidos pelas pessoas que se arrependem deverão ser frutos dignos desse arrependimento – frutos de justiça, de bondade e amor.

No segundo texto, é Cristo quem fala. Os frutos que Ele espera dos que nasceram de novo e são novas criaturas (2Co5.17) são bons frutos; outros que produzem frutos maus são como árvores que “corta-se e lança-se no fogo”. Produz bons frutos aquele que “faz a vontade de meu Pai”, diz Cristo.

No terceiro texto - “pelo fruto se conhece a árvore” - Cristo aponta o critério pelo qual cada um será por Deus julgado.

No quarto texto Jesus diz: “Eu vos escolhi para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”. É desejo expresso de Cristo que nossa vida e nosso trabalho dê fruto e permaneça.

Tudo isso exige de nós comunhão com Deus – para sabermos o que Deus quer que façamos e como devemos fazê-lo – dedicação e empenho – porque é “maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente” (Je 48.10) – perseverança e desprendimento (Tg 1.22-25; 2Co 12.14-15).

O cristão verdadeiro e fiel trabalha sob a direção de Deus, por isso seu trabalho é abençoado e dá frutos bons, permanentes, para a glória de Deus; empenha-sede corpo e alma; não desiste; não busca seus próprios interesses; é uma bênção no mundo (Gn12.2).