terça-feira, agosto 31, 2010

A Bíblia

O que é a Bíblia? - A Palavra de Deus. Deus nos fala através dela.
Seu conteúdo: o plano de Deus  para  salvação  do  homem.

O que ela relata:
1. Não lendas nem fábulas, mas fatos - o que Deus fez através dos tempos.
2. A História do ser humano em sua relação com Deus: sua origem, sua queda, seus feitos - o 1º casal, como se expandiu na Terra (Caim vai para a terra de Nod com sua mulher); a humanidade se corrompe e é consumida no dilúvio. A nova descendência de Noé - Sem, Cam e Jafé. A “torre de Babel”.  A história do pecado se repete.
3. O pacto da obediência é quebrado pelo homem, mas Deus mantém o pacto da graça.
4. Nova intervenção de Deus formando um povo Seu - com Abrão e sua família.
5. Desenrola-se a História de Israel. Os descendentes espirituais de Abraão são todos os que creem nas promessas  de Deus.

Métodos  para  se  ler  a  Bíblia
1. Ler continuadamente, de Gênesis até Apocalipse.
2. Ler continuadamente, começando pelo Novo Testamento e depois o Antigo Testamento.
3. Ler 3 capítulos cada dia, de 2a. feira a sábado, e 5 capítulos no domingo, para ler a Bíblia toda em 1 ano.
4. Ler a Bíblia procurando as passagens indicadas no rodapé ou junto dos títulos dos assuntos, contidos nas edições “Corrigida” e “Atualizada” ou “NVI” no Novo Testamento, observando os pequenos números contidos nos versículos e procurando os textos paralelos no rodapé, para lê-los.
5. Ler os textos conforme o interesse da ocasião: estudo de determinados assuntos, e necessidades ocasionais.

Princípios de Hermenêutica (para ter um correto entendimento dos textos bíblicos)
1. A Bíblia é sua própria intérprete. Cada texto deve ser entendido à luz de seu contexto. Em outras palavras: um texto bíblico esclarece outro, pois eles se completam.
2. Entender cada livro e cada escritor no contexto histórico e social em que se encontrava quando escreveu.  Precisamos saber o que o escritor quis nos ensinar - seu objetivo.

Dados importantes sobre a Bíblia
Em quantas parte se divide: Antigo e Novo Testamentos, com 39 e 27 livros, respectivamente.
Quem os escreveu: mais de 40 escritores, desde Moisés, os historiadores, os profetas, os salmistas e os apóstolos. Porém, o Autor é um só, o Espírito Santo de Deus - 1Pe 1.21; 2Tm 3.16.

Como se classificam os livros da Bíblia.
1. Livros da Lei - de Gênesis até Deuteronômio (os 5 livros de Moisés, ou Pentatêuco).
2. Livros históricos - são 12, de Josué a Ester.
3. Livros poéticos (na forma hebraica) - são 5, de Jó a Cântico dos Cânticos (Cantares).
4. Livros proféticos: os 5 maiores, de Isaías a Daniel e os 12 menores, de Oséias a Malaquias.
5. Livros biográficos (que contam a vida de Jesus Cristo) - de Mateus a João.
6. Histórico do Novo Testamento: Atos dos Apóstolos.
7. Epístolas: paulinas (autoria de Paulo) - são 13, de Romanos a Filemon.
7a. Epístolas gerais - são 8, de Hebreus a Judas.
8. Profético do Novo Testamento: Apocalipse (Revelação).

40 escritores aproximadamente escreveram através de 16 séculos, 66 livros - grandes e pequenos, desde o Livro de Salmos, o maior, até o menor, a 3a. carta de João (ver o índice da Bíblia).
Entretanto, precisamos conhecer a própria Bíblia lendo-a devocionalmente, para nossa edificação pessoal (lendo e meditando sobre o seu ensino), e não apenas conhecer dados sobre a Bíblia- Sl l.2, 119.8-11, 86.11; 2Tm.16-17.

sexta-feira, agosto 27, 2010

O pastor, hoje

TEOLOGIA  PASTORAL
(Pastor  ou  empresário?  Pastor  ou  Executivo?)


“O  bom  pastor  dá  a  vida  pelas  suas  ovelhas” (Jo 10.11).
“De boa vontade  gastarei  e  me deixarei  gastar  pelas vossas almas” (2Co 12.15).
Aprendi nas Escrituras e no Seminário Presbiteriano de Campinas-SP, há mais de 50 anos, que pastor é aquele que, tendo sido chamado por Deus, dedica a sua vida a cuidar do rebanho de Cristo- “Apascenta  as Minhas ovelhas” (Jo 21.16). É  aquele que ama a Deus acima de tudo e seus  irmãos  na fé. “Se alguém não ama ao seu irmão, a quem vê, como amará a Deus a quem não vê?” (1Jo 4.20)
Aprendi que pastor é aquele que com convicção abraça a missão de pregar o Evangelho, pelo ideal de levar pessoas à salvação -"Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” É aquele que “tendo sustento e com que cobrir-se ‘está contente’ (1Tm 6.8). É aquele que está disposto sempre a ir aonde Deus o mandar, e a pregar aquilo que o Senhor ordenar (Jr 1.7).
É aquele que serve a Deus por ideal e altruísmo  e não por torpe ganância (1Pe 5.2). É aquele que não se ufana de si mesmo, mas tem consciência de que em si mesmo nada é? (“Miserável homem que sou! - Rm 7.24). É aquele  que "não busca seus próprios interesses” (1Co 13.5).
Porém, pastores assim é o que vejo cada vez menos, inclusive na querida Igreja Presbiteriana do Brasil.
Vejo pastores ávidos por bons salários; que estão prontos a deixar suas igrejas se outras oferecerem salário melhor; pastores com pressa de realizarem uma brilhante “carreira profissional”; que precisam pastorear igrejas cada vez maiores. Pastorear igrejas pequenas e congregações, isso era para o apóstolo Paulo, ou para pastores menos capazes; parece que pensam assim!
Vejo pastores  que  vêem  igrejas  como empresas, sendo eles os executivos, senão os próprios donos. Seu objetivo é ver a  empresa  crescer e dar lucro. O membro que não se mostre eficiente, seja esquecido e demitido. Paulo ensinava diferente: “Quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o...” (Rm 14.1). Vejo pastores irados contra crentes simples que não se enquadram  nos  conceitos  do  pastor.
Vejo pastores  ciosos  de seus direitos, que, embora recebam muito bons salários de suas igrejas, fazem  absoluta questão de ver respeitado o dia  de seu descanso semanal, mas nesse dia “fazem bico” para ganhar um salário extra, em vez de, nesse  dia  descansarem  mesmo e dedicarem-se  a  enriquecer  e  reabastecer  a  própria  alma (Ex 20.8): descanso  e  santificação.
Vejo pastores abandonando a “arte de pregar” e o ensino do discipulado, pelas novas “técnicas de crescimento de igrejas”. Pastores que puseram de lado tudo o que ensinam a boa Liturgia, a Exegese Bíblica e a Homilética, para transformarem os cultos em “shows” de 2a. categoria, os sermões em “blá-blá-blá” vazios, sem qualquer conteúdo espiritual; para se transformarem, eles mesmos, em “animadores de auditório”. Ou não lhes foram ensinadas aquelas matérias  nos  nossos  Seminários?  Pastores cuja motivação é o salário que recebem!
Vejo pastores que ignoram a Constituição da Igreja, o Código de Disciplina, e o sentido dos Regimentos Internos dos concílios; que não sabem  que  os  relatórios devem retratar a vida espiritual das igrejas e dos concílios, e a deles mesmos; mas pensam que relatórios são apenas dados  estatísticos,  números  que  iludam  às  igrejas  e  a  eles  mesmos.
A reuniões dos concílios feitas às pressas, para cumprirem formalidades, pois a sua “política eclesiástica” é traçada nos intervalos, nas conversas extra-conciliares para atender os interesses particulares e corporativos. Que saudade eu tenho das reuniões dos presbitérios e sínodos  realizadas  com  piedade  real  e  oração!
Uma Igreja local ou nacional que, para continuar aparentemente viva, precisa transformar-se em clube e empresa dirigida por competentes executivos, como  igreja  já está morta - Ap 3.1: “...tens nome de que estás vivo, mas estás morto”. Igreja que cuida muito do patrimônio material e das propriedades, inclusive de templos, mas não cuida da vida moral e espiritual, já deixou de ser  Igreja  cristã!
Mas, afinal, o que é que estou escrevendo? Um desabafo, uma lamentação, uma catilinária? Dê-se a este documento o nome que quiser, mas aqui está um alerta, um toque de trombeta  chamando ao arrependimento todo aquele que seja aqui atingido, todo membro da Igreja  que  está  em falta  com Deus  e com  seus  irmãos.
Não sou  melhor do que ninguém, mas Deus me tem sustentado e mantido longe e fora  de  todas  essas  formas  de secularização da  Igreja.
Deus  salve  a  Igreja!

(texto escrito em abril de 2004, ainda atual)

terça-feira, agosto 24, 2010

Convite a conversão

Para onde você vai?

É triste a situação de quem não sabe  para onde vai. Mas sabe que não ficará aqui;  morre o corpo, mas a alma certamente irá para um lugar. Será bom ou mau o seu destino?
É por isso que tantas pessoas vivem angustiadas, inseguras, ansiosas. Sentem essa realidade, ainda que não pensem sobre o assunto.
Jesus Cristo veio para tirar-nos dessa insegurança. Garantiu a Seus discípulos:
Virei e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver vós estejais também. Vou para o Pai”. (Jo 14.3, 28)
Ao contrário, o “mundo posto no maligno” tenta impedir-nos de ir a Cristo. Os prazeres, a ambição e a vaidade seduzem a maioria que rejeita a Cristo ou tenta  ignorá-Lo.
Existem até os que se julgam imperdoáveis, como Caim se julgou, quando disse: “maior é a minha maldade do que a que possa ser perdoada” (Gn 4.13)
Mas o que  Jesus Cristo disse foi diferente:
"Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15);  “Aquele que crê no Filho tem a vida  eterna” (Jo 3.36): “O que vem a Mim de  modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37); “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei... e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.18-29).
Não existe uma fórmula mágica para alguém ser salvo. O que Deus quer é mudança na sua atitude diante dEle, como houve em um dos malfeitores crucificados ao lado de Cristo:
Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino. E Jesus lhe disse: Hoje estarás comigo no Paraiso” (Lc 23.42-43).
Saulo de Tarso, perseguidor de Cristo e da Igreja, quando Cristo lhe perguntou “Por que
Me persegues?” perguntou: “Senhor, que queres que eu faça?” e se dispôs a ser um cristão. Deus o transformou no grande apóstolo Paulo.
Você está cansado dessa maneira de viver? Cansado do mundo e de você mesmo? Cansado do pecado? Sente-se oprimido? Tem medo do futuro?
O convite de Cristo é para você também.
Vinde a Mim!” Aceite-O  já! No seu íntimo, de coração!  

(texto de um antigo folheto evangelístico, escrito para ser usado pela a igreja)

sexta-feira, agosto 20, 2010

Perdão - parte 2/2

Vamos,‭ ‬agora,‭ ‬a um dos melhores exemplos bíblicos:‭ ‬o de José,‭ ‬no Egito‭; ‬José,‭ ‬um dos tipos de Cristo‭ ‬no‭ ‬Antigo Testamento.
Aos‭ ‬17‭ ‬anos foi terrivelmente ofendido por seus irmãos,‭ ‬que o venderam a mercadores ismaelitas.‭ ‬Durante cerca de‭ ‬20‭ ‬anos José passou por toda sorte de sofrimentos em decorrência daquela traição.‭ ‬E agora,‭ ‬pela segunda vez frente a eles,‭ ‬dá-se a conhecer:‭ “‬Eu sou José,‭ ‬vosso irmão,‭ ‬a quem vendestes‭ ‬para o Egito‭”; ‬logo repete:‭ “‬não vos entristeçais nem‭ ‬vos pese aos vossos olhos por‭ ‬me haverdes vendido‭ ‬para cá”‭ ‬-‭ ‬Gn‭ ‬45.4-5.‭ ‬Muito tempo depois,‭ ‬seus‭ ‬irmãos mandaram dizer-lhe que Jacó,‭ ‬antes de morrer,‭ ‬pedia a José que os perdoasse.‭ ‬José lhes diz,‭ ‬então:‭ “‬porventura estou eu em lugar de Deus‭? ‬Na verdade‭ ‬vós bem intentastes mal contra mim,‭ ‬mas Deus o tornou‭ ‬em‭ ‬bem‭”‬.‭ ‬Por‭ ‬que‭ ‬José relembrou a seus irmãos,‭ ‬por três vezes,‭ ‬o fato tão vil de tantos anos atrás‭? ‬Não tinha ele misericórdia‭ ‬para perdoar‭? ‬Tinha‭ ‬sim,‭ ‬mas‭ ‬ele‭ ‬não‭ ‬vira sinais de arrependimento neles e,‭ ‬portanto,‭ ‬não havia condições‭ ‬para‭ ‬perdoá-los.‭ ‬Por isso‭ ‬não‭ ‬podia‭ ‬esquecer e era seu dever repreendê-los,‭ ‬mexer na consciência dos irmãos.‭ ‬Jamais,‭ ‬porém,‭ ‬exerceu vingança contra eles‭; ‬ao contrário,‭ ‬protegeu-os,‭ ‬amou-os.‭ ‬Nesse‭ ‬sentido,‭ ‬só,‭ ‬já‭ ‬os‭ ‬havia‭ ‬perdoado.
O perdão ensinado por Deus não é um perdão poético,‭ ‬romântico,‭ ‬formal,‭ ‬de aparências.‭ ‬É perdão consciente,‭ ‬sincero,‭ ‬voluntário,‭ ‬e também inteligente.‭ ‬A repreensão ao ofensor‭ ‬-‭ ‬Lv‭ ‬19.17;‭ ‬Lc‭ ‬17.3;‭ ‬Mt‭ ‬18.15‭ ‬e outros textos,‭ ‬é para o bem do ofensor,‭ ‬para levá-lo ao arrependimento.‭ ‬Depois do arrependimento é que pode vir o perdão.‭ ‬Isso é tanto no perdão de Deus‭ ‬como‭ ‬no‭ ‬nosso‭ ‬perdão.
Cristo amava profundamente,‭ ‬mas não agia por sentimentalismo,‭ ‬nem pede que sejamos sentimentalistas.‭ ‬Cristo amou a‭ ‬todos e por todos intercedeu,‭ ‬mas nem por isso perdoou a todos,‭ ‬mas apenas aos que se arrependeram.‭ ‬Estêvão,‭ ‬da mesma forma,‭ ‬intercedeu por seus inimigos,‭ ‬mas não minimizou sua falta‭ ‬- “não lhes imputes‭ ‬este pecado‭”‬.‭ ‬José foi uma das mais extraordinárias e‭ ‬santas‭ ‬figuras‭ ‬das‭ ‬Escrituras,‭ ‬mas‭ ‬também‭ ‬não minimizou a culpa dos irmãos,‭ ‬e,‭ ‬pelo‭ ‬menos‭ ‬três‭ ‬vezes,‭ ‬tentou‭ ‬sacudir‭ ‬suas‭ ‬consciências.
O conceito poético e sentimental de perdão não é bíblico,‭ ‬e é nocivo.‭ ‬Cristãos há que mentem,‭ ‬ofendem,‭ ‬pecam contra um irmão,‭ ‬e simplesmente pensam que o irmão tem obrigação de perdoá-los,‭ ‬embora‭ ‬não tenham dado demonstrações‭ ‬de‭ ‬estarem arrependidos.‭ ‬E se o ofendido lembra a ofensa,‭ ‬é taxado de possuir um‭ “‬coração duro‭”‬,‭ ‬incapaz de perdoar.‭ ‬Pessoas assim são capazes de pedir perdão,‭ ‬até por medo de receberem a vingança,‭ ‬sem estarem arrependidas.‭ ‬Precisam ser ensinadas sobre a‭ ‬necessidade‭ ‬de‭ ‬se‭ ‬arrependerem‭ ‬para terem o direito ao perdão.
O amor‭ ‬não‭ ‬elimina nem anula a justiça.‭ ‬Se fosse assim,‭ ‬Cristo não‭ ‬teria precisado morrer.‭ ‬O perdão de Deus‭ ‬é‭ ‬baseado‭ ‬num ato de justiça:‭ ‬a expiação realizada por Cristo,‭ ‬e é dado somente a quem está arrependido.‭ ‬O perdão de uma pessoa ao seu ofensor,‭ ‬também.‭ ‬Este‭ ‬é o‭ ‬perdão‭ ‬ensinado‭ ‬por‭ ‬Deus‭ ‬nas‭ ‬Escrituras.
Então,‭ ‬podemos agora entender melhor:‭ ‬Estêvão,‭ ‬na realidade,‭ ‬pedia a Deus que estendesse a seus algozes a graça salvadora,‭ ‬levando-os‭ ‬ao arrependimento,‭ ‬pois sem arrependimento‭ ‬não‭ ‬há‭ ‬perdão.
Quando Cristo exclamou na cruz‭ “‬Pai,‭ ‬perdoa-lhes porque não sabem o que fazem‭”‬,‭ ‬estava‭ ‬também‭ ‬pedindo ao Pai que os conduzisse à condição de serem perdoados.‭ ‬Diante da mulher adúltera,‭ ‬Cristo não disse simplesmente‭ “‬Nem Eu também te condeno‭”‬,‭ ‬mas disse também‭ “‬vai-te e não peques mais‭”‬.‭ ‬Era a restauração que Cristo lhe estava estendendo:‭ ‬a graça‭ ‬de‭ ‬não‭ ‬mais‭ ‬voltar‭ ‬ao‭ ‬pecado‭ ‬-‭ ‬o‭ ‬verdadeiro‭ ‬arrependimento.
Também é interessante notar que as Escrituras não nos ensinam a simplesmente pedir perdão.‭ ‬Ensinam-nos‭ ‬a confessar o pecado‭; ‬e confessar é declará-lo com verdadeiro arrependimento:‭ ‬reconhecê-lo,‭ ‬sentir-se envergonhado e triste,‭ ‬e abandoná-lo.‭ ‬Quando não há arrependimento,‭ ‬o pedido de perdão é hipócrita e covarde,‭ ‬é apenas fuga e medo do castigo.‭ ‬Isso é o que aprendemos com a repreensão de João Batista em Mt‭ ‬3.5-8:‭ “‬...raça de víboras,‭ ‬quem vos ensinou a fugir da ira futura‭?‬...‭” ‬Não basta declarar-se faltoso,‭ ‬não basta pedir perdão‭; ‬é necessário estar realmente arrependido,‭ ‬e isso se faz com a mudança de posição e de atitude‭ ‬-‭ ‬produzir o fruto do arrependimento,‭ ‬isto é,‭ ‬uma mudança completa,‭ ‬a‭ “‬metanóia‭”‬,‭ ‬conversão.
Em‭ ‬resumo:‭ ‬Deus‭ ‬nos ensina que temos de ter a mesma disposição que Ele tem,‭ ‬de perdoar ao que está arrependido.‭ ‬Ensina-nos que nunca poderemos nos vingar‭; ‬só a Ele pertence a vingança.‭ ‬Ensina-nos que temos de perdoar inúmeras vezes aquele que diz‭ “‬estou arrependido‭”‬,‭ ‬dando ao ofensor um‭ ‬voto de‭ ‬confiança,‭ ‬pois‭ ‬não somos Deus‭ ‬para conhecer o seu íntimo.‭ “‬Estou‭ ‬eu‭ ‬em‭ ‬lugar‭ ‬de‭ ‬Deus‭?” ‬-‭ ‬Gn‭ ‬50.19.
Como é bom perdoar‭! ‬Tirar de nosso coração algo que nos está magoando,‭ ‬uma ofensa que nos foi feita‭! ‬Como é bom sentir que nosso ofensor se arrependeu realmente e então pode ter o perdão de Deus e o nosso.‭ ‬Muitas vezes não é preciso o ofensor nos dizer alguma coisa,‭ ‬basta‭ ‬sua‭ ‬mudança‭ ‬de‭ ‬atitude,‭ ‬que‭ ‬é a‭ ‬melhor‭ ‬prova‭ ‬de‭ ‬arrependimento.
Perdoar é difícil,‭ ‬muitas vezes,‭ ‬mas a ordem de Cristo é esta:‭ “‬se teu irmão pecar contra ti,‭ ‬vai e repreende-o entre ti e ele só...‭” ‬-‭ ‬Mt‭ ‬18.15-17.‭ ‬Estaremos ajudando,‭ ‬com amor,‭ ‬o irmão a‭ ‬reconciliar-se com Deus‭ ‬-‭ ‬o único que‭ ‬pode‭ ‬perdoar‭ ‬pecados‭ ‬-‭ ‬e estaremos,‭ ‬diante de seu‭ ‬arrependimento,‭ ‬ganhando‭ ‬o‭ ‬irmão‭!

terça-feira, agosto 17, 2010

Perdão - parte 1/2

A  TEOLOGIA  BÍBLICA  DO  PERDÃO
É impressionante a atitude de Jesus frente a seu algozes, quando ainda estava na cruz:Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem- Lc 23.34. Ele, que não viera para julgar ou condenar - Jo 3.17 - mas para salvar, intercedia junto ao Pai para que estendesse também àqueles homens a Sua graça perdoadora e salvadora. As Escrituras não ensinam um perdão romântico, mas um perdão restaurador.
Estêvão era apenas um homem, mas era um verdadeiro cristão. Ele também, quando estava sendo apedrejado, intercedeu por seu algozes:Senhor, não lhes imputes mais este pecado- At 7.60.
Quem é que Deus perdoa e quando é que Deus perdoa? Se estas questões não estiverem bem claras em nossas mentes, poderemos ter noções erradas sobre o perdão; e tudo que se desvia do ensino bíblico se torna nocivo à nossa vida espiritual.
Todo o ensino bíblico deixa claro que Deus perdoa a todo e qualquer pecador que esteja contrito e arrependido. E verdadeiro arrependimento (metanóia, no Grego), confunde-se com a própria conversão, é fruto da verdadeira fé transformadora, só se alcança através de Cristo. Temos muitos exemplos: Davi, depois de pecar gravemente - Sl 51.1-5 e 17 - confessa  realmente contrito; a um dos malfeitores, na cruz, Jesus declara:...hoje estarás comigo no Paraíso- Lc 23.43. Era outro homem, grande pecador, mas convicto de seus pecados, e contrito de coração, agora perdoado e salvo.
Para que Deus perdoe, o reconhecimento do pecado como ato e como estado, o arrependimento e o abandono do pecado, são condições claramente ensinadas por Deus e exemplificadas em vários casos.
João Batista pregou:Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus- Mt 3.2; Marcos 1.4 registra:Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados”; Lucas faz o mesmo registro em 3.3, mais completo, porém, sobre a mudança de atitudes e abandono do pecado:Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento- 3.8. João Batista chama deraça de víborasaqueles que, sem arrependimento, buscavam inutilmente apenas o batismo para fugir à ira de Deus. Com a mesma mensagem Jesus iniciou seu ministério - Mt 4.17.
Quando não há arrependimento, não há perdão e salvação - Lc 3.7. Um exemplo é o referente a Esaú, em Hb 12.17:...não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.
Até aqui, falamos do perdão de pecados, que só é dado por Deus. E o perdão que nós devemos dar?
Há alguns textos básicos sobre este assunto: Mt 6.14-15; Mt 18.15-17; Lc 17.3-4. Como todo texto das Escrituras, esses textos não podem ser interpretados isoladamente.
Em Mt 6.14-15 Cristo afirma que teremos perdão se também perdoarmos; se não perdoarmos também não seremos perdoados; em Mt 18.15-17 manda Ele que repreendamos a quem nos tenha ofendido - a sós primeiramente, com testemunhas na segunda vez, e depois levando-o ao juízo da igreja. No terceiro texto - Lc 17.3-4 - Jesus Cristo fala mais uma vez sobre o perdão que devemos dar ao ofensor:Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti 7 vezes no dia, e 7 vezes no dia vier ter contigo dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe. Sete, porém, não é o número máximo, mas apenas um número  simbólico. Pedro lhe perguntou:Senhor, até quantas  vezes  pecará  meu  irmão  contra mim, e  eu  lhe perdoarei?  Até  sete?  Jesus  lhe  disse: Não  te  digo que  até  sete, mas até setenta  vezes  sete- Mt 18.22.
Reunindo todos esses textos: temos de perdoar para que sejamos perdoados; o perdão, porém, não é incondicional. Cabe ao ofendido, também, o dever de repreender o ofensor e, se este disser que está arrependido, perdoá-lo. Leia também Lv 19.17.
Causa estranheza a muitos afirmar que, se não há arrependimento do ofensor também não há condições para o perdão. Os apóstolos também julgaram difícil poder perdoar sempre e pedirem ao Senhor:acrescenta-nos a fé. Mas não temos de nos guiar por nossos sentimentos e opiniões pessoais, nem sempre sinceros. Há o ensino bíblico - claro, autorizado e definitivo.
Há, até, quem fique escandalizado por ouvir que não temos de perdoar quem não está arrependido. Existe um sentido do perdão obrigatório para o cristão, sempre: não exercer a vingança, não retribuir o mal com o mal.A Mim me pertence a vingança; Eu retribuirei, diz  o  Senhor.Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos de teu povo- Lv 19.18 e Rm 12.19.
O perdão completo, que leva até ao esquecimento da falta, só é possível quando há o arrependimento do ofensor. Assim também é o perdão de Deus:...perdoarei as suas iniquidades, e dos seus pecados não Me lembrarei mais- Jr 31.34. Esse texto precisa ser entendido, também, à luz de 2Cr 7.14, onde o ensino do arrependimento é claro.
(continua)

sexta-feira, agosto 13, 2010

O pastor e o trabalho secular

Um pastor certa vez perguntou sobre a compatibilidade entre o cuidado pastoral de uma igreja e a atividade profissional secular. Eis a resposta:
"Sua consulta merece bastante atenção, pela relevância do assunto. Tenho me inspirado no exemplo e ensinos de Paulo como o grande pastor que foi. Sua consciência de vocação para ser missionário e pastor era profunda, veja At 20.24.
Ele também cita o ensino de Cristo em 1Co 9.14. E se deu inteiramente ao ministério.
Quando houve necessidade, "teceu tendas"; não para melhorar sua situação financeira, mas para "não ser pesado a ninguém" - 1Ts 2.9 e 2Ts 3.8 - e ao mesmo tempo realizar seu ministério - At 18.8. Seu ideal, porém, era dedicar-se só ao trabalho pastoral e missionário - 1Co 9.6; 1Tm 2.4.
Eu também tive a experiência de trabalhar fora, ao lado do trabalho pastoral. Foi quando, em meio a uma crise no meu Presbitério e Sínodo, não tinham condições de sustentar nenhum dos pastores e deram-nos liberdade para trabalhar fora. Eu e o Rev. Wilson Lício fomos dar aulas em escolas estaduais; outros dois foram ganhar o sustento de outra forma. Todos, para continuar no ministério.
Dei aulas de Educação Moral e Cívica e outras matérias durante 11 anos, e não perdia a oportunidade de falar do Evangelho, quando o assunto oferecia espaço para isso. Foi uma experiência também rica; era antes de tudo um pastor dando aulas; e fui bem sucedido. Somente após 11 anos, por insistência minha, o Presbitério me deu condições de ser só pastor. Foi em janeiro de 1982; então fui pastor em tempo integral, novamente, por mais 23 anos, até ser forçado a deixar o trabalho devido ao derrame cerebral que acometeu minha esposa. Sou cuidador dela até hoje.
Voltando ao seu caso:
Seu trabalho na Prefeitura pode, mesmo, ser visto como uma oportunidade de exercer boa influência na sociedade; seria excelente lugar para fazer isso. A Igreja de modo geral deve se preocupar em preparar os crentes para ocuparem cargos de mais importância e projeção social.
E quando essa oportunidade se oferece a um pastor, como é o seu caso?
É necessário ver o que é prioritário. Prejudicar a igreja não é justo. Se não houver um leigo cristão que faça esse trabalho na Prefeitura, veja se encontra - e a igreja aceita - um pastor auxiliar. Se não for possível, creio que a prioridade é atender a igreja. Através de leigos bem orientados, a igreja pode exercer influência salutar em toda a sociedade. E os pastores serão apenas pastores.
Impressiona-me o que Cristo disse em Lc 17.10. Qual de nós consegue fazer "tudo"? "Uma coisa faço" - escreveu Paulo em Fp 3.13. Ore, pense bem e tome a decisão prudente.
Podemos conversar mais. Que Deus o ajude. Fale-me sobre seu ministério e seu campo de trabalho.
Seu irmão,
Rubens Pires do Amaral Osório"

terça-feira, agosto 10, 2010

Casamento Misto

Agradeço-lhe a oportunidade de escrever sobre o assunto que me expôs.
Simpatizo com as pessoas na situação de seu filho e noiva.
Na região Oeste da Grande São Paulo, em que fui pastor por cerca de 40 anos, também muitos pastores batistas e presbiterianos se negavam a realizar o culto de casamento quando um dos noivos não era crente, ou membro de Igreja. Entendo que “casamento misto” é o casamento de uma pessoa convertida com uma outra não-convertida. Será que nós sabemos de fato quem é convertido e quem não é?
Eu realizava cultos de casamento de pessoas que não eram membros de Igreja, pensando: se esses casais não puderem se “casar na Igreja”, irão casar-se apenas no Cartório e ficarão magoados com “a Igreja que se negou a interceder por eles num culto especial”.
Ora, as Escrituras nem se referem a cultos de casamento; registra que Cristo esteve presente a uma festa de casamento em Caná.
Quando hoje são realizados esses cultos - deve ser sempre depois do casamento civil - o pastor ou mesmo um oficiante que não seja pastor estará pregando sobre o assunto “casamento e vida familiar”, estará orando pelo casal e dando aos noivos a oportunidade de assumirem diante de Deus e da Igreja, um compromisso muito sério. Muitas outras pessoas estarão presentes para ouvirem uma mensagem bíblica apropriada. E não uma simples palestra.
Nesses casos eu estabelecia uma condição: farei o casamento se os noivos fizerem comigo uma série de estudos bíblicos (cerca de 8) sobre casamento e vida familiar.
Fiz assim, certamente, mais de 100 casamentos; alguns fora de templos de igreja. Desse modo tive oportunidade de fazer os noivos lerem a Bíblia e meditarem sobre o assunto. Houve casos em que noivos que não eram, tornaram-se crentes, pois foram evangelizados durante algumas semanas.
Mas tive colegas que permaneceram na atitude negativa.
O que posso fazer pela irmã e pelos noivos, é enviar-lhes um exemplar da apostila* com os referidos estudos, para os noivos lerem e, quem sabe, junto com a senhora, lerem e meditarem sobre o assunto, e juntos orarem pela família que pretendem constituir. Se um grupo de pessoas fizer esses estudos, tanto melhor; sempre é tempo para casais antigos meditarem sobre os assuntos abordados.
O que interessa é que os noivos se casem “no Cartório” bem conscientes do que é família e dos deveres, prazeres e dificuldades que terão pela frente, assumindo-os diante de Deus e certos do socorro d'Ele.

*Texto publicado entre os dias 02/junho e 01/setembro de 2009

(resposta a uma pergunta feita por uma leitora deste blogue.)

sexta-feira, agosto 06, 2010

O Pecado

Não há um dos livros da Bíblia ou algum capítulo que diga tudo sobre um assunto. O assunto de hoje - o pecado – começa no Gênesis e se estende na Bíblia toda.
Vou apontar apenas alguns textos que precisam ser lidos: Gn 2.8, l6-17 e 3.1-14; Mc 5.28; 1Jo 5.16 e Jr 11.14; Rm 6.23; Lc 3.3; Mt 26.28; Mc 1.4; Lc 24.47; At 5.31; At 26.28-20; Hb9.22; 2Co 5.27. Leia-os agora.
De tudo que se lê nas Escrituras podemos afirmar, como está na “Confissão de Fé de Westminster”: pecado não é simplesmente um ato que desagrada a Deus; é “toda falta de conformidade com a Lei de Deus”, é tudo aquilo que não se coaduna com a Lei de Deus.
Pecar ou cometer pecado pode ser tanto por se fazer algo errado diante de Deus, como por omissão (deixar de fazer) o que Deus ensina ser nosso dever. Por exemplo, deixar de amar o próximo – lJo 4.20-32 e 3.15.
Certamente há pecados mais graves que outros, por suas consequências, mas não podemos cometer algum pecado porque a nosso ver são “pecadinhos”; todos eles ofendem a Deus, inclusive aqueles que cometemos contra nós mesmos, como ter vícios ou fazer algo que nos prejudique espiritualmente.
Porém, todos nós pecamos ou conscientemente porque gostamos e queremos o pecado, ou inconscientemente, por ignorância não sabendo que algo é pernicioso para nós mesmos ou para outros.
O que é absolutamente necessário é que reconheçamos que pecamos e nos arrependamos realmente.  Arrependimento verdadeiro implica em 3 coisas: reconhecimento (“pequei”); vergonha por ter pecado; e decisão de não cometer mais esse pecado. Depois disso, ficar alerta, pedir o socorro de Deus, e resistir à tentação.
Que vem a ser “pecado para morte”? É o pecado sem arrependimento, a escravidão ao pecado; e “pecado que não é para morte” é aquele do qual nos arrependemos realmente e que passamos a resistir, e até a detestá-lo.
À mulher adúltera, certamente vendo nela sinais de arrependimento – como só Ele poderia ver – Cristo disse “nem Eu também te condeno; mas vai e não peques mais”. Ao ladrão na cruz. que ouvira as palavras de Cristo na cruz, que provavelmente tivera conhecimento de algo sobre Cristo, repreendeu o outro (Lc 23.39-43) e em poucas palavras manifestou o reconhecimento de seus pecados e o desejo da “nova vida”, Cristo garantiu-lhe: “hoje estarás comigo no Paraíso”.
Também é necessário lembrar que junto com o privilégio de conhecermos o Evangelho, adquirimos redobrada responsabilidade diante de Deus – Lc 12.47-48. Além disso, todos nós temos a “Lei escrita no coração”, isto é, em nossas consciências.
É preciso , ainda, lembrar o ensino de Cristo em Mt 5.27-30. Pecado não é só o ato, mas até a disposição ou intenção de cometer o ato desejado e pecaminoso já é pecado do qual é necessário também o arrependimento.
Finalmente, certamente não nos lembramos de todos os pecados que já cometemos, mas na conversão verdadeira está o reconhecimento de que a vida do passado estava repleta de pecados que agora reconhecemos como tal, e agora temos a disposição de ficarmos atentos para vivermos a “vida nova”, libertos da escravidão ao pecado – Rm 6.11-23; leia também os versículos 4 a 6, e também 2Co 5.17.
Alguém pode não ter medo do castigo de Deus, mas por amor a Cristo e gratidão pelo que Ele fez por nós, fará tudo para agradá-Lo. Que seja assim com você e com cada um de nós. Então teremos a certeza da salvação.

(resposta a uma pergunta feita por leitor deste blogue há poucos dias)

terça-feira, julho 06, 2010

Em visita ao pastor

A família Moreno, amiga de longa data do pastor Rubens, esteve em Sorocaba, em uma visita muito apreciada. O pastor e esposa agradecem o carinho demonstrado pelos irmãos.


O pastor e esposa, ladeados pela família Moreno

O Hedonismo

O HEDONISMO E SUAS CONSEQUENCIAS

Hedonismo é a “filosofia do prazer”. Seu principal representante na Grécia antiga foi Epicuro. Por isso os hedonistas são também chamados epicureus.
Essa filosofia é referida rapidamente nas Escrituras, em Rm 16.17 e 18 - “E rogo-vos, irmãos,que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas só ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos símplices”. E em Fp 3.19: “Porque muitos há dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre; e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas”. É a mesma filosofia do prazer denunciada por Paulo em Rm 1.22-27: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais à criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no contrário à natureza. E semelhantemente. também, os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
É a busca insaciável do prazer carnal, desde o comer e beber, até o prazer do sexo anti-natural. “Pecam contra si mesmos”.
O comer e beber pelo prazer leva à obesidade mórbida e à embriaguez; a libertinagem sexual leva à destruição do caráter, do amor próprio, à gravidez indesejada e suas consequências; leva às doenças venéreas, inclusive à sífilis e à Aids.
Entretanto, o hedonismo é a filosofia mais difundida e estimulada nos dias de hoje. Basta chegar a uma banca de jornais e observar as capas de dezenas de revistas – a pornografia é evidente; os filmes, as novelas em geral, são um estímulo constante à libertinagem sexual. Oferecem o que agrada “a carne”, o ventre.
As consequências maiores são trágicas: violências sexuais, estupros, prostituição infantil, concubinato substituindo o casamento sério, honesto, e responsável; incesto, prostituição e adultério.
Tudo isso destrói não só os corpos e a saúde física, mas também o caráter das pessoas, a começar pela baixa auto-estima. No íntimo as pessoas viciadas em sexo sabem que são desprezíveis, pois a consciência moral – característica do ser humano – as acusa (Rm 2.14-15: “Quando os gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.”).
As consequências sociais são terríveis: as crianças abandonadas pelos pais e mães que não as desejavam, são presas fáceis dos corruptores de toda espécie. Homens e mulheres que se entregam aos vícios e a toda espécie de corrupção. Então nos surpreendemos quando ficamos sabendo do tráfico de toneladas de tóxicos, do tráfico internacional de mulheres, da pedofilia praticada até por “religiosos”, de quadrilhas formadas por políticos de todos os níveis, da sociedade consumista que esbanja imensas quantias em frivolidades, desde as modas até o luxo com cachorros, consomem fortunas enquanto crianças e jovens vivem e morrem em extrema miséria.
A inversão de valores é o pecado generalizado. Poucos são os que pensam nos valores morais e espirituais. E sem esses valores reconhecidos e colocados no topo de todos os valores, a sociedade humana se amesquinha, se animaliza e se destrói. O progresso das ciências, como a surpreendente tecnologia de hoje, não está voltada para o bem comum – de todos – mas só para o conforto e diversão de uma elite.
E uma realidade assusta hoje: nosso planeta está em perigo de destruição pelo próprio ser humano.
Tudo isso por que?
O homem – a humanidade – é cada vez mais materialista, e apesar de toda sua religiosidade, ignora a realidade de Deus com a Lei que Ele nos deu, resumida nos “Dez Mandamentos” que são de uma incomparável profundidade moral, espiritual e filosófica.
De modo geral, hoje, quando as pessoas nos ouvem falar de Deus e Seus mandamentos, rejeitam tudo como algo antiquado, sem sentido, e até como burrice.
Entretanto, Deus nos deu a Sua Lei assim como o inventor ou o fabricante de uma máquina preciosa e delicada, como o elevador ou o avião: ensina os cuidados a tomar, excessos a evitar, o uso correto, para o bem e a segurança dos próprios usuários.
Em Dt 6.1-7, diz: “Estes,pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor vosso Deus para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir: para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os Seus estatutos e mandamentos, que Eu te ordeno, tu e teu filho e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes para que bem te suceda e muito te multipliques. Como te disse o Senhor Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu poder. E estas palavras estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Em Dt 10.12-13 diz: “...que é o que o Senhor teu Deus pede de ti, que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os Seus caminhos, e O ames, e sirva ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração... para guardardes os mandamentos do Senhor, e os Seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?
Você quer que tudo melhore em sua vida? Comece pensando sobre tudo isto, e a obedecer a “Lei do Senhor” escrita em seu coração, isto é, em sua consciência. É o que diz Rm 2.14-15: “Os que ouvem a Lei não são justos, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm Lei , fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações”.
Você é um cristão? Então responda com sinceridade para você mesmo: é um cristão de fato e de verdade? Ou é um “cristão nominal”, que “faz média” com o mundo?
Nesse caso, não deixe para depois, tome a decisão: seja um cristão fiel, de fato e de verdade, conforme Rm 12.1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. E diga como o salmista no Salmo 119.97: “Oh! Quanto amo a Tua Lei”.

quarta-feira, junho 30, 2010

Cuida de Ti

Paulo escreveu isto a Timóteo, seu filho na fé. Aí estava não só um conselho, mas um aviso sério. Timóteo devia cuidar-se porque havia muita possibilidade de vir a tornar-se motivo de escândalo em vez de ser exemplo dos fiéis, se se descuidasse de si mesmo.
Todos os pastores conhecem esse texto, mas, através dos séculos, especialmente nos tempos modernos, muitos têm se descuidado.
É impressionante o número de pastores que, todos os anos, são disciplinados nas mais diferentes denominações, e até despojados do ministério.
Em que faltas têm caído? Duas, especialmente: adultério e desonestidade. Sedução do sexo e das riquezas.
Imprudentemente, pastores - jovens e também de idade- começam a permitir-se o flerte e a fantasia com mulheres da igreja ou de fora. Segundo Cristo, no Sermão da Montanha, já adulteraram em seu coração- Mt 5.28-29. Mas iludem-se pensando que o flerte não passará disso. Se o flerte é correspondido, o pastor que devia ser uma bênção passa a ser uma vergonha e desgraça. “Arranca o teu olho, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mt 5.29).
A linguagem de Cristo é figurada aqui. De nada adianta ficar cego e continuar cobiçando. Ore a Deus, peça-lhe que arranque de seu coração essa afeição, essa afinidade perigosa que está se formando; peça-Lhe que o mesmo aconteça na outra pessoa. De Deus é que pode vir o socorro.
Outra armadilha preparada por Satanás é o amor do dinheiro, raiz de toda espécie de males. De início ninguém vai reconhecer que é amor ao dinheiro; oficialmente, é a necessidade: de um mínimo de conforto; de um nível de vida condigno de um pastor; de dar à família o melhor em matéria de educação e amparo; mas aquele nível desejado nunca é atingido. Sempre é necessário mais. E quanto mais ganha, mais quer ganhar.
No começo da vida pastoral, o pastor vivia como os demais crentes; logo ele já possui um status superior mas, justifica-se, é natural que seja assim; agora ele já pensa na necessidade de formar um patrimônio para ele e sua família desfrutarem na velhice, que ainda vai levar mais de 30 anos para chegar. Afinal, ele não estuda para pregar e ensinar? Não gastou 4 ou 5 anos no Seminário (embora o Curso Teológico lhe tenha sido dado de graça pela Igreja)? Não faz ele bons sermões e estudos inteligentes? Não tem sido sábio como administrador? Não tem a Igreja crescido sempre? Não deve o lavrador ser o primeiro a gozar dos frutos da lavoura? Assim tenta justificar-se e explicar a razão por que sua situação financeira e econômica é privilegiada em comparação com a dos crentes comuns.
Mas o pior é que, como profissional(!) bem sucedido, ele já se julga de uma categoria superior de pastores. É um executivo(!) e deve ganhar como tal!
É ainda pior quando, para ganhar cada vez mais, o pastor (que fora chamado para servir), vai exercer uma profissão paralela. Geralmente o ministério vira bico muito rendoso, pois passa a ser atividade de fim de semana. Mas que ofensa falar nisso! - protestam.
Alguns dos que se embaraçam com negócios desta vida (2Tm 2.4) terminam processados na justiça civil. É um fato, não é uma suposição.
Ah! Se todo pastor se convencesse de que Paulo ensina é a nós mesmos, pastores: “nada trouxemos para este mundo e é certo que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas... porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.” Ah! se todos ingressássemos e permanecêssemos no ministério dispostos a viver uma vida simples e condigna! Ah! se todos nós considerássemos que quando Jesus diz: “digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.8), está dizendo que a contrapartida é esta: o obreiro precisa ser digno de seu salário, realmente merecedor dele.
Pedro (5.2) nos adverte sobre a torpe ganância, como Paulo sobre o perigo dos que querem ser ricos. Em 1Co 9.18 Paulo deixa claro que o melhor prêmio é propor de graça o Evangelho de Cristo. Cristo ensinou de “graça dai o que de graça recebestes”.
Quanto ao sustento do obreiro e sua família, é Cristo Quem ensinou em 1Co 9.14: “...os que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho.” Para que outras profissões? A Igreja instruída compreende isso. É o mesmo princípio do Velho Testamento para sustento dos levitas.
Nós, pastores, não devemos pôr um preço em nossos serviços pastorais, como se fôssemos profissionais e nossos irmãos fossem os consumidores.
Seja um obreiro fiel! Não trabalhe por salário nem por ganância; seja fiel ao Senhor da Igreja e Ele providencia o seu sustento. Em todas as circunstâncias, estejamos com isso contentes. Isso é viver pela fé!

terça-feira, junho 22, 2010

A Comunicação na Vida do Casal (um estudo inacabado)

Vós, maridos, coabitai com elas (esposas) com entendimento.” “Vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres”. Aí estão o texto de 1Pe 3.7 nas traduções de Almeida (corrigida) e NVI. Ambas estão corretas, com palavras diferentes.
A primeira diz: “com entendimento”. Por que?
Entendimento é acordo, assentimento. Quando não há entendimento há desentendimento, conflito.
Entendimento ajuda a aperfeiçoar o amor; desentendimento e indiferença levam ao desamor. Não há como disfarçar; qualquer dos dois traz o esfriamento e esfriamento traz separação.
Há muitos motivos ou ocasiões de desentendimento na vida de um casal; geralmente, diferenças:

l. de temperamentos;
2. de costumes;
3. de educação;
4. de opiniões e conceitos;
5. de religião;
6. de conceitos de vida cristã, além de:
7. importância dada ao dinheiro;
8. vida sexual do casal;
9. a educação dos filhos; e
10. relacionamento com os pais e sogros.

1. Temperamentos: sanguíneo, colérico e fleugmático. Temperamento não muda jamais; perca a esperança! Mas o temperamento, seja qual for, pode e deve estar sob controle - é o “domínio próprio”, longe de extremos e excessos (Gl 5.22). Duas pessoas viverão bem, tanto como amigo, companheiros de trabalho ou marido e mulher, se um respeitar a maneira de ser do outro, inclusive do seu temperamento; não tentando mudá-lo, mas adjudando-o a evitar os excessos causados pelo temperamento, seja o colérico, o sanguíneo, ou o fleugmático.
2. Costumes são adquiridos pela prática continuada na educação, ainda na infância, no trabalho, no estudo ou qualquer outra atividade. São os hábitos. Há aqueles que são bons e nos ajudam a fazer com facilidade aquilo que para outros é difícil; mas há também os hábitos prejudiciais que devem ser mudados. Nisso também podemos ajudar-nos como companheiros de estudo, de trabalho, amigos ou cônjuges.
3. Educação. São as “boas maneiras” que variam de família para família, de povo para povo. Quando um percebe que suas maneiras chocam o outro, convém evitá-las para não se tornar desagradável.
4. Opiniões e conceitos. Aí está um campo em que é mais difícil alguém mudar, mas se tivermos humildade para reconhecer que somos falíveis, e que nossos conceitos e opiniões podem estar errados ou podem ser melhorados, conseguiremos as mudanças que forem necessárias ou, pelo menos, razoáveis. É com o diálogo amigo que podemos mudar ou ajudar o outro a mudar, mesmo no campo moral e religioso. Em alguns desses conceitos temos que ser intransigentes conosco mesmos, mas ao mesmo tempo temos que ser compreensivos e tolerantes com os outros.
5. Quanto ao dinheiro e seu lugar em nossa vida, precisamos ter sempre em mente aquilo que é necessário e justo, e aquilo que é supérfluo e até injusto. A boa mordomia cristã é que nos ajudará a administrar bem o dinheiro para nosso próprio bem e da família, e também em favor do próximo. Nada de “gastança”, nem de avareza, de desperdício e de egoismo, mas convém lembrar sempre que “todo o ouro e toda a prata” pertencem a Deus, sendo nós os mordomos a quem Ele confiou a guarda e administração desses bens.

(estudo inacabado)

sexta-feira, junho 18, 2010

Imposição de mãos

Na Bíblia existem muitos símbolos: objetos e gestos simbólicos. Ainda por ocasião da criação, no Jardim do Éden, Deus chamou uma árvore de “árvore da vida”, e chamou outra de “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn2.9). Nenhuma delas tinha algum poder mágico; Deus proibiu Adão e Eva de comerem os frutos da segunda. Obedecer rigorosamente a ordem de Deus era condição para terem a vida dada por Deus; desobedecer e comer do “fruto proibido” seria trazer para eles a morte.
Eva deu ouvidos à serpente (Gn 3.9 e Ap 12.9) – que simbolizava Satanás, o Adversário; Eva comeu e Adão também. Dessa forma perderam o direito de comer do fruto da “árvore da vida”, certamente morreriam, tornaram-se mortais ; este foi o castigo que Deus lhes impôs. Eles provaram o gosto da desobediência, o gosto do pecado, tornaram-se pecadores, uma herança que transmitiram à sua descendência, a humanidade toda. É simbólico também o ato de Deus expulsando-os do Éden, embora fosse um fato real.
O símbolo da “arvore da vida” é referido em Apocalipse 2.7.
“Levantar as mãos” ou “imposição de mãos” é também um gesto simbólico. Na luta dos israelitas com os amalequitas (Ex 17.11-12), enquanto o servo do Senhor permanecia com as mãos erguidas, os israelitas venciam; simbólica também era a “vara de Moisés”. Isto nos ensina que precisamos estar sempre intercedendo junto ao Senhor, uns pelos outros, pedindo a proteção de Deus. Não se esqueça de que o ato simbólico não é um ato mágico; ele apenas simboliza a intercessão e a desejada ação de Deus.
Assim também com a posição do corpo enquanto oramos. Orar de joelhos é símbolo de submissão a Deus, mas apenas símbolo. Orando em pé ou deitados, ou sentados, o que importa é que estejamos submissos à vontade de Deus.
Assim também a “imposição das mãos do Presbitério” - em 1Tm 4.14; assim também o levantar as mãos quando o pastor repete as palavras da chamada “bênção apostólica”. Alguns pastores dizem “recebei a bênção” e podem dar a falsa impressão de que eles dão a bênção. Não é assim, as palavras proferidas, contidas em 2Co 13.13 são uma breve oração; receber a bênção , efetivamente, depende da disposição do ouvinte e da vontade de Deus.
Como eu dizia no início, há muitos símbolos nas Escrituras: na celebração da Ceia, Cristo disse “tomai e comei, isto é o meu Corpo” (Mt 26. 26-28). Neste ponto Cristo está nos ensinando que precisamos alimentar-nos espiritualmente com a Sua Palavra, de tal modo que possamos dizer que Cristo habita em nós (Ef 3, 17; Cl 3.16).
É muito ruim confundir o símbolo com a coisa representada; nós não comemos o corpo de Cristo nem bebemos o Seu sangue. O levantar das mãos de Moisés não era um gesto mágico, como também não é o levantar das mãos do pastor quando impetra a “bênção apostólica”; porém o pastor não é obrigado a fazer esse gesto; faz porque é um costume adotado pela Igreja.
O que importa é que sempre, em tudo, obedeçamos a Deus, cooperemos com o Espírito Santo na obra de nossa santificação; que não nos deixemos enganar pela “serpente” - outro animal real, que representava Satanás. Leia Ap 12.9.
É oportuno lembrar a exortação de Pedro em sua mensagem do dia de Pentecoste: “Salvai-vos desta geração perversa” (At 2.40)
Essa geração pervertida, corrompida, materializa o que é espiritual, e perde a essência do ensino bíblico; despreza o ensino bíblico, especialmente a Ética cristã contida em todos os dez mandamentos, e são muitos os que professam um Evangelho sem Ética. A correta recomendação de Paulo é esta: “Não vos conformeis com este mundo”, ou não tomeis a forma deste mundo.
Importa pedir em tudo a iluminação do Espírito Santo, para que não nos enganemos e não sejamos enganados.

quarta-feira, junho 16, 2010

Vocação Pastoral

Caríssimo irmão
Recebi sua carta. pela internet; meu filho Rubens é quem tem ajudado no meu atual ministério, através do “blog”.
Sou pastor, pela vocação inconfundível de Deus. Senti-me chamado por Ele quando tinha 18 anos e já era bem ativo no trabalho na Igreja Presbiteriana Unida de S. Paulo embora já ouvisse de irmãos, que eu seria pastor e pregador, procurei não deixar-me sugestionar. Mas um dia, lendo o jornal “Mocidade” - publicado no Rio para toda a Ig. Presb. do Brasil tendo à frente Paulo Lenz César e seu primo Valdo César, li um pequenino artigo escrito por um seminarista, que falava sobre sustento do pastor. Não era esse um assunto que me tocasse ou impressionasse, mas lendo-o senti nessa hora que Deus estava me chamando para ser pastor. Não era meu costume orar de joelhos, mas nesse momento me emocionei, ajoelhei e orei. Pedi a Deus que se Ele estivesse me chamando, deixasse isso bem claro, que eu estava disposto a atender.
Levantei-me convicto; Deus me chamava, me vocacionava.
Falei sobre isso com minha namorada – com quem estou casado há 59 anos e meio; falei depois com o pastor da Igreja, Rev. Agostinho Carvalhosa e 3 anos depois fui para o Seminário Presb. de Campinas; casei-me 2 anos depois. Conservara o emprego no Centro de Saúde para garantir o sustento modesto, trabalhando 4 a 5 horas por dia, das 17 às 21 horas.
Era aluno regular no Seminário; não tive dificuldades com o Presbitério; fui licenciado em 1953, ordenado em 54 e jubilado em 1998, com 71 anos completos e 45 de pastorado; ainda exerci o pastorado por mais 6 anos.
Jamais tive dúvidas sobre a vocação. Tive lutas muito sérias com os Presbitérios. Pastoreei minha primeira Igreja por 8 anos e outras por 14 anos, 7 anos, 5 anos e outras por 1 a 3 anos; ao todo cerca de 17 Igrejas e 6 ou 7 congregações; várias delas eu mesmo inciei com outros irmãos, às vezes 2 ou 3 ao mesmo tempo, mas sempre por iniciativa de Deus. Ele abria as portas e eu entrava com convicção e entusiasmo. Deus fez grandes coisas por mim, inclusive no campo de ação social, em Carapicuiba, onde iniciei o CEPHAS (Centro Presb. Humanitário de Ação Social – creche, escola de datilografia, reforço escolar; chegamos a ter quase 200 crianças sendo assistidas.
Mas por causa da intromissão do Adversário no Presbitério, acabei processando o Presbitério de S. Paulo, um dos mais antigos da IPB, e em conseqüência o Sínodo de S. Paulo o dissolveu. Fiz grandes amigos e também inimigos. Tenho dito que “o mundo tem invadido a Igreja” com o mercenarismo, o narcisismo e o corporativismo de falsos pastores – que sempre existiram, tanto antes de Cristo (Jr. 23.1-2) como no tempo dEle e após (Jd 1.2-19).
Quando consciente da vocação divina, temos que aceitar todos os desafios, trabalhar e batalhar muito, sob a direção de Deus.
Também temos de lembrar que há diferentes ministérios na Igreja Cristã – o pastoral, o presbiterial, o diaconal e outros. A Moisés Deus deu o ministério profético e a missão de líder; a Arão e Miriam, outros ministérios, e quando Arão quis ser profeta sem ser chamado, ele e Miriam foram seriamente repreendidos por Deus. Cada um deve fazer o que Deus indica.
Assim também é hoje: cada um deve estar no ministério indicado por Deus; não podemos usurpar outro.
Conto-lhe e digo-lhe tudo isso, na esperança de que isto o ajude a examinar e compreender seu caso.
Ore, e eu também já estou orando por você. Se Deus o chamou e o que como pastor, você será pastor com o apoio ou a despeito de qualquer oposição. Mas se Deus o quer como presbítero e pregador, você será; se Ele o quer como pastor, nada o impedirá. O que importa é o ministério e não o cargo – são duas coisas não conflitantes, mas muitas vezes independentes uma da outra.
Sobretudo, ore e procure fazer aquilo que Deus estiver lhe mostrando bem claramente. O texto de Ec. 9. 1 e 10 é apropriado: “Deveras resolvi todas estas coisas no meu coração ... que os justos e os sábios e as suas obras estão nas mãos de Deus... Tudo quanto vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças...”
Por favor, torne a escrever-me; quero continuar a orar por você.
Seu irmão,
pastor Rubens

(texto de resposta a um pedido recente feito por um pastor presbiteriano)

terça-feira, junho 08, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 8

O "stress", tensão nervosa, tornou-se o “mal do século”. Certamente sempre existiu, mas em nosso tempo, se a tecnologia afeta todos os campos da vida humana e traz grandes benefícios, traz também outros motivos de tensão. O trabalho, fonte de riqueza para muitos e de sustento insuficiente para outros, é também, motivo de “stress”.
Aquele que realiza o seu trabalho com a certeza de que seu salário é insuficiente para o sustento da família, fica “estressado”. Se, para ganhar mais, ele passa a trabalhar acima de sua capacidade física, sem descansar, fica esgotado e “estressado”.
O empresário-patrão também vive preocupado, pois precisa vender o seu produto vencendo a concorrência; pagar todos os seus compromissos, sem o que precisará recorrer à concordata, ou enfrentar a falência. Isso lhe traz o “stress”. Se, para aumentar os lucros, passa a pagar pouco a seus funcionários, sua consciência o acusa quando sabe das dificuldades deles.
Nos estudos, na política, no campo afetivo, na vida familiar, em todos os setores da vida humana, há fatores “estressantes”.
Nos ensinos bíblicos encontramos os princípios que nos habilitam a enfrentar, resolver ou superar cada problema ou situação que se apresente.
Leia a Bíblia e encontre-os.

(fim do estudo)

quarta-feira, junho 02, 2010

240 por 50 em 50

Após 240 postagens neste blogue, a "mailing list" contendo aqueles que recebem os estudos postados via "e-mail" chega a 50 nomes.
Mais do que eu pude imaginar quando comecei a postar os estudos do meu pai, há exatos 50 meses.

terça-feira, junho 01, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 7

O assalariado e o patrão - Este é outro ponto importante abordado nas Escrituras. Nos livros da Lei encontramos leis que visam a preservação do princípio de justiça. Por exemplo, em Levítico 19.13: “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até a manhã”. Isto significa que reter o salário do trabalhador, ou atrasar o seu pagamento propositalmente é uma forma de opressão e roubo.
Tiago, o irmão de Jesus, escreve uma severa reprimenda ao patrão injusto, que enriquece pagando mal aos seus empregados: “Eia, pois agora, vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos da traça, o vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos” (Tg 5.1-4).
Em Jeremias 22.13, outra advertência: “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem paga, e não lhe dá o salário do seu trabalho". As relações entre patrão e empregado podem e devem aprofundar-se, de modo que passem a ser parceiros, ajudando-se mutuamente. Um exemplo disto encontramos na Carta de Paulo a Filemon, com a qual ele está enviando Onésimo - servo de Filemon - de volta ao seu senhor. Paulo não desacatou as leis vigentes nas nações, nem Cristo o fez, mas mostraram como no seio das nações com leis injustas, pode o cristão praticar a justiça. E diz a Filemon, o patrão, que Onésimo - antes um incrédulo, mas agora um cristão - fora um inútil, mas agora seria um cooperador de Filemon. Este deveria receber de volta o servo Onésimo, porém, “não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado...”. O patrão pode ver no empregado não apenas “mão de obra”, mas sim um colaborador, um ser humano, e entre eles pode haver uma relação de amizade. Essa mesma visão pode e deve ter o empregado.
Disto deu exemplo o próprio Cristo. Reconhecido pelos apóstolos como Senhor, Ele se dirige aos “servos” agora, nestes termos: “Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos; porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer”.
Evoluiu, ainda, o relacionamento entre eles, de modo que ao fim Ele, após a ressurreição, envia pelas mulheres a quem apareceu, esta mensagem: “...ide dizer a meus irmãos que vão a Galileía, e lá Me verão”- Mateus 27.10

(continua)

sexta-feira, maio 28, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 6

O Trabalho e o Salário - Nas Escrituras também o salário é assunto frequente. Ainda no primeiro livro, o de Gênesis (31.7), encontramos Jacó reclamando de Labão melhor salário. Em 31.26, o insatisfeito Jacó está se demitindo; nos versículos 27 a 32 estão Jacó e Labão negociando um novo acordo sobre o salário de Jacó. Passaram-se anos e quando Jacó voltava para sua terra, ainda falava a Labão sobre a forma injusta de Labão dar-lhe o salário, embora Jacó tenha enriquecido durante aqueles 20 anos (31.38-41).
Em Êxodo 2.9 encontramos a filha do faraó contratando a mãe do recém-nascido Moisés para ser a ama do próprio filho, e dizendo: “eu te darei teu salário".
Em Isaías 1 Deus está repreendendo severamente o povo de Israel por sua incredulidade apesar de sua religiosidade exterior. Entre as palavras de repreensão, estão estas: “Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e corre após salários; não fazem justiça ao órfão e não chega perante eles a causa das viúvas”. Buscavam o salário, sem se preocuparem com o mais importante, a justiça. Em Is 19.10 está uma referência à incredulidade e maldade dos egípcios: “...e todos os que trabalham por salário ficarão com tristeza na alma”. É Deus mostrando que o salário - necessário e justo - não deve ser visto e procurado como a coisa mais importante, mas sim o objetivo do trabalho, que é a produção de bens materiais, morais e espirituais necessários ao bem comum. Trabalhar por amor ao dinheiro não é salutar, não é o verdadeiro objetivo do trabalho, é avareza.
São sugestivos estes textos de Provérbios 6.7: “Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo nunca se satisfaz a sua cobiça”. “O que amar o dinheiro nunca se fartará dele” (5.10).

(continua)

quarta-feira, maio 26, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 5

O Trabalho e a Comunidade - Crescendo e multiplicando-se as famílias, o trabalho comunitário foi uma consequência natural desse desenvolvimento. Em Gênesis 11.3-4, relato da tentativa de construção da Torre de Babel, encontramos referência ao trabalho da comunidade: “E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra". Era um trabalho planejado e realizado por muita gente, uma comunidade que buscava um objetivo, infelizmente errado, que não teve a aprovação divina.
Gênesis 12 e 13 contam parte da história de Abrão e Ló, fazendo referência ao trabalho coletivo dos "pastores do gado de Abraão" e os "pastores do gado de Ló". Um trabalho de equipe, certamente.
O trabalho visa, também, o bem estar coletivo: que todos estejam recebendo aquilo que lhe seja necessário, ainda que alguns, por algum motivo, não estejam conseguindo prover o seu sustento.
Em Deuteronômio 15 encontramos a lei da remissão, o ano do perdão de qualquer dívida. E ali está a determinação de Deus para que o cidadão de Israel esteja disposto a socorrer o "irmão pobre": "...livremente lhe darás". "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra, pelo que te ordeno dizendo: livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre da tua terra" (Dt 15.10). O demonstrativo teu, três vezes aí repetido, indica que o socorrido tem uma ligação real com o que o socorre; não é simplesmente um estranho, é o teu irmão, teu necessitado, teu pobre. Este é o texto citado por Jesus Cristo em Mateus 26.11. Alguns, porém, não lendo o texto todo, entendem que Cristo está dizendo que, por existirem sempre causas de pobreza, nada podemos fazer no sentido de resolver o problema quando, ao contrário, Cristo está nos apontando o ensino de Deuteronômio 15 como a solução que está ao nosso alcance: o socorro ao necessitado, não como um ato meritório, mas como uma obrigação social a ser cumprida livremente, de boa vontade. Por isso dissera antes, no versículo 7: "não endurecerás o teu coração". Em Efésios 4.28 Paulo recomenda que "aquele que trabalha (e ganha) reparta sua fazenda com o que tiver necessidade". É a comunidade se ajudando e trabalhando em busca do bem comum.

(continua)

sexta-feira, maio 21, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 4

Trabalho e família - Deus criou o ser humano - primeiro o varão (Gn 2.7) e depois a mulher - e registra o texto sagrado: “a trouxe a Adão” (v.22). Deus estava dessa forma instituindo a família, havendo antes providenciado a maneira como esta deveria ser sustentada..
Inicialmente “plantou um jardim no Éden”. Esse jardim era também um grande pomar com muitas árvores frutíferas.
A Adão, o primeiro a ser criado, “o Senhor Deus o tomou e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar”. Terra boa, árvores frutíferas e trabalho.
Antes mesmo de ser criada por Deus, Eva é referida como auxiliadora ou ajudadora (Gn 2.18). A mulher iria compartilhar o trabalho dado por Deus a Adão, como tudo em sua vida.
Era um trabalho suave, sem problemas. Depois da desobediência de Adão e Eva é que o trabalho se tornou penoso:
E a Adão disse (Deus): maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.. Espinhos e cardos, também, te produzirá, e comerás a erva do campo. No suor de teu rosto comerás o teu pão...” (Gn 3.17-19).
Desde então a família participava do trabalho necessário a seu sustento. Na família, todos trabalhariam nos seis primeiros dias da semana e descansariam no sétimo. Percebe-se isso na leitura do texto do 4º mandamento, sobre o trabalho e o descanso:
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado (ou descanso) do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo...
No Novo Testamento o trabalho também é referido como o meio designado por Deus para o sustento do homem:
...Se alguém não quiser trabalhar, também não coma. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, outros fazendo coisas vãs. A esses tais, mandamos e exortamos por Nosso Senhor Jesus Cristo que, trabalhando com sossego comam o próprio pão” (não o alheio). 

(continua)