Paulo escreveu isto a Timóteo, seu filho na fé. Aí estava não só um conselho, mas um aviso sério. Timóteo devia cuidar-se porque havia muita possibilidade de vir a tornar-se motivo de escândalo em vez de ser exemplo dos fiéis, se se descuidasse de si mesmo.
Todos os pastores conhecem esse texto, mas, através dos séculos, especialmente nos tempos modernos, muitos têm se descuidado.
É impressionante o número de pastores que, todos os anos, são disciplinados nas mais diferentes denominações, e até despojados do ministério.
Em que faltas têm caído? Duas, especialmente: adultério e desonestidade. Sedução do sexo e das riquezas.
Imprudentemente, pastores - jovens e também de idade- começam a permitir-se o flerte e a fantasia com mulheres da igreja ou de fora. Segundo Cristo, no Sermão da Montanha, já adulteraram em seu coração- Mt 5.28-29. Mas iludem-se pensando que o flerte não passará disso. Se o flerte é correspondido, o pastor que devia ser uma bênção passa a ser uma vergonha e desgraça. “Arranca o teu olho, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mt 5.29).
A linguagem de Cristo é figurada aqui. De nada adianta ficar cego e continuar cobiçando. Ore a Deus, peça-lhe que arranque de seu coração essa afeição, essa afinidade perigosa que está se formando; peça-Lhe que o mesmo aconteça na outra pessoa. De Deus é que pode vir o socorro.
Outra armadilha preparada por Satanás é o amor do dinheiro, raiz de toda espécie de males. De início ninguém vai reconhecer que é amor ao dinheiro; oficialmente, é a necessidade: de um mínimo de conforto; de um nível de vida condigno de um pastor; de dar à família o melhor em matéria de educação e amparo; mas aquele nível desejado nunca é atingido. Sempre é necessário mais. E quanto mais ganha, mais quer ganhar.
No começo da vida pastoral, o pastor vivia como os demais crentes; logo ele já possui um status superior mas, justifica-se, é natural que seja assim; agora ele já pensa na necessidade de formar um patrimônio para ele e sua família desfrutarem na velhice, que ainda vai levar mais de 30 anos para chegar. Afinal, ele não estuda para pregar e ensinar? Não gastou 4 ou 5 anos no Seminário (embora o Curso Teológico lhe tenha sido dado de graça pela Igreja)? Não faz ele bons sermões e estudos inteligentes? Não tem sido sábio como administrador? Não tem a Igreja crescido sempre? Não deve o lavrador ser o primeiro a gozar dos frutos da lavoura? Assim tenta justificar-se e explicar a razão por que sua situação financeira e econômica é privilegiada em comparação com a dos crentes comuns.
Mas o pior é que, como profissional(!) bem sucedido, ele já se julga de uma categoria superior de pastores. É um executivo(!) e deve ganhar como tal!
É ainda pior quando, para ganhar cada vez mais, o pastor (que fora chamado para servir), vai exercer uma profissão paralela. Geralmente o ministério vira bico muito rendoso, pois passa a ser atividade de fim de semana. Mas que ofensa falar nisso! - protestam.
Alguns dos que se embaraçam com negócios desta vida (2Tm 2.4) terminam processados na justiça civil. É um fato, não é uma suposição.
Ah! Se todo pastor se convencesse de que Paulo ensina é a nós mesmos, pastores: “nada trouxemos para este mundo e é certo que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas... porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.” Ah! se todos ingressássemos e permanecêssemos no ministério dispostos a viver uma vida simples e condigna! Ah! se todos nós considerássemos que quando Jesus diz: “digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.8), está dizendo que a contrapartida é esta: o obreiro precisa ser digno de seu salário, realmente merecedor dele.
Pedro (5.2) nos adverte sobre a torpe ganância, como Paulo sobre o perigo dos que querem ser ricos. Em 1Co 9.18 Paulo deixa claro que o melhor prêmio é propor de graça o Evangelho de Cristo. Cristo ensinou de “graça dai o que de graça recebestes”.
Quanto ao sustento do obreiro e sua família, é Cristo Quem ensinou em 1Co 9.14: “...os que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho.” Para que outras profissões? A Igreja instruída compreende isso. É o mesmo princípio do Velho Testamento para sustento dos levitas.
Nós, pastores, não devemos pôr um preço em nossos serviços pastorais, como se fôssemos profissionais e nossos irmãos fossem os consumidores.
Seja um obreiro fiel! Não trabalhe por salário nem por ganância; seja fiel ao Senhor da Igreja e Ele providencia o seu sustento. Em todas as circunstâncias, estejamos com isso contentes. Isso é viver pela fé!
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