quarta-feira, junho 16, 2010

Vocação Pastoral

Caríssimo irmão
Recebi sua carta. pela internet; meu filho Rubens é quem tem ajudado no meu atual ministério, através do “blog”.
Sou pastor, pela vocação inconfundível de Deus. Senti-me chamado por Ele quando tinha 18 anos e já era bem ativo no trabalho na Igreja Presbiteriana Unida de S. Paulo embora já ouvisse de irmãos, que eu seria pastor e pregador, procurei não deixar-me sugestionar. Mas um dia, lendo o jornal “Mocidade” - publicado no Rio para toda a Ig. Presb. do Brasil tendo à frente Paulo Lenz César e seu primo Valdo César, li um pequenino artigo escrito por um seminarista, que falava sobre sustento do pastor. Não era esse um assunto que me tocasse ou impressionasse, mas lendo-o senti nessa hora que Deus estava me chamando para ser pastor. Não era meu costume orar de joelhos, mas nesse momento me emocionei, ajoelhei e orei. Pedi a Deus que se Ele estivesse me chamando, deixasse isso bem claro, que eu estava disposto a atender.
Levantei-me convicto; Deus me chamava, me vocacionava.
Falei sobre isso com minha namorada – com quem estou casado há 59 anos e meio; falei depois com o pastor da Igreja, Rev. Agostinho Carvalhosa e 3 anos depois fui para o Seminário Presb. de Campinas; casei-me 2 anos depois. Conservara o emprego no Centro de Saúde para garantir o sustento modesto, trabalhando 4 a 5 horas por dia, das 17 às 21 horas.
Era aluno regular no Seminário; não tive dificuldades com o Presbitério; fui licenciado em 1953, ordenado em 54 e jubilado em 1998, com 71 anos completos e 45 de pastorado; ainda exerci o pastorado por mais 6 anos.
Jamais tive dúvidas sobre a vocação. Tive lutas muito sérias com os Presbitérios. Pastoreei minha primeira Igreja por 8 anos e outras por 14 anos, 7 anos, 5 anos e outras por 1 a 3 anos; ao todo cerca de 17 Igrejas e 6 ou 7 congregações; várias delas eu mesmo inciei com outros irmãos, às vezes 2 ou 3 ao mesmo tempo, mas sempre por iniciativa de Deus. Ele abria as portas e eu entrava com convicção e entusiasmo. Deus fez grandes coisas por mim, inclusive no campo de ação social, em Carapicuiba, onde iniciei o CEPHAS (Centro Presb. Humanitário de Ação Social – creche, escola de datilografia, reforço escolar; chegamos a ter quase 200 crianças sendo assistidas.
Mas por causa da intromissão do Adversário no Presbitério, acabei processando o Presbitério de S. Paulo, um dos mais antigos da IPB, e em conseqüência o Sínodo de S. Paulo o dissolveu. Fiz grandes amigos e também inimigos. Tenho dito que “o mundo tem invadido a Igreja” com o mercenarismo, o narcisismo e o corporativismo de falsos pastores – que sempre existiram, tanto antes de Cristo (Jr. 23.1-2) como no tempo dEle e após (Jd 1.2-19).
Quando consciente da vocação divina, temos que aceitar todos os desafios, trabalhar e batalhar muito, sob a direção de Deus.
Também temos de lembrar que há diferentes ministérios na Igreja Cristã – o pastoral, o presbiterial, o diaconal e outros. A Moisés Deus deu o ministério profético e a missão de líder; a Arão e Miriam, outros ministérios, e quando Arão quis ser profeta sem ser chamado, ele e Miriam foram seriamente repreendidos por Deus. Cada um deve fazer o que Deus indica.
Assim também é hoje: cada um deve estar no ministério indicado por Deus; não podemos usurpar outro.
Conto-lhe e digo-lhe tudo isso, na esperança de que isto o ajude a examinar e compreender seu caso.
Ore, e eu também já estou orando por você. Se Deus o chamou e o que como pastor, você será pastor com o apoio ou a despeito de qualquer oposição. Mas se Deus o quer como presbítero e pregador, você será; se Ele o quer como pastor, nada o impedirá. O que importa é o ministério e não o cargo – são duas coisas não conflitantes, mas muitas vezes independentes uma da outra.
Sobretudo, ore e procure fazer aquilo que Deus estiver lhe mostrando bem claramente. O texto de Ec. 9. 1 e 10 é apropriado: “Deveras resolvi todas estas coisas no meu coração ... que os justos e os sábios e as suas obras estão nas mãos de Deus... Tudo quanto vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças...”
Por favor, torne a escrever-me; quero continuar a orar por você.
Seu irmão,
pastor Rubens

(texto de resposta a um pedido recente feito por um pastor presbiteriano)

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