quarta-feira, dezembro 26, 2007

Intervalo

Em função das festividades de Natal e Ano Novo, a publicação dos estudos do Pastor Rubens será retomada no dia 03 de janeiro de 2008.
Agradeço aos mais de 200 leitores semanais deste blog, pela atenção nestes 20 meses de sua existência com mais de 80 posts.
Se Deus permitir, continuaremos a publicar semanalmente, às quintas-feiras, os estudos do meu pai Rev. Rubens Osorio.
Obrigado!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Lições Bíblicas - 5

5a. lição - SALVAÇÃO PELA GRAÇA DE DEUS

Em Ef 5.1 e 5, Paulo fala do homem como "morto" espiritualmente; aquele que está morto nada pode fazer, inclusive em seu próprio benefício. Nos vs. 8 a 10 desse mesmo capítulo, Paulo fala da salvação "pela graça de Deus, mediante a fé", sendo esta, também, dom ou dádiva de Deus.

Deus dá a salvação a quem tem a fé. Embora Deus deseje a salvação de todos (1Tm 2.4 e 4.10), Ele salva somente aquele que crê. Quando a Bíblia fala de salvação, só fala em fé como o meio necessário: Jo 3.15, 16, 18, 38; 5.24; 6.40; At 16.30-31; Rm 10.9.

Ensina ainda a Bíblia que ninguém é salvo por obras - GI2.16.

Também pelo cumprimento da Lei ninguém será salvo, pois ninguém a cumpre perfeitamente - Mc 10.17-27; Rm 3.23; Gl 3.l0-11 e 13. Aqui Paulo fala da "maldição da lei", que é a condenação que vem pela Lei ou quebra da Lei. O texto de Tg 2.9-11 é claro e conclusivo sobre o assunto.

Não se confunda, porém, fé cristã - inteligente, esclarecida, bíblica - com a fé pagã;" supersticiosa e irracional. Fé de que nos falam as Escrituras é a fé em Cristo, na pessoa de Cristo. Leia Tg. 2.19: até mesmo uma crença vaga em Deus não tem valor algum: muito menos a crença ou fé em criações da imaginação e superstição humana.

Graça é favor imerecido. Nós não temos mérito algum para sermos salvos. Deus nos salva simplesmente porque Ele quer, sem que nada possamos dar-Lhe em troca; inteiramente de graça; nem mesmo podemos dizer que nos salvamos porque termos fé; ela também nos é dada por Deus. "Pela graça sois salvos,mediante a fé: e isto não vem de vós, é dom (dádiva) de Deus". O "isto" é tudo o que foi referido: a graça, a salvação, a fé.

Deus nos escolhe, apesar de toda nossa incredulidade e maldade e, para que sejamos salvos, Ele mesmo nos dá a fé, a capacidade de crer, de confiar nEle e de obedece-Lo. Assim foi com Paulo e tem sido com todos os incrédulos, mesmo os piores, homens maus, que jamais desejram ser cristãos e mudar de vida. Deus nos transformou pelo poder que só Ele tem.

É como se Ele nos convidasse para mudar-nos para o Seu reino, mas essa viagem, caríssima, estaria além das nossas possibilidades; Ele. então paga todas as despesas para que possamos aceitar Seu convite e chegar lá, adquirindo também a cidadania do Reino de Deus.

Eu gostaria que alguém me convidasse para fazer uma viagem ao redor do mundo, mas se alguém me convidar e não fizer as despesas, eu não poderei ir. Deus nos convida e em Cristo Ele mesmo pagou o preço da salvação para nós. Leia 1Pe 1.18-19 e 1Co 6.20.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Lições Bíblicas - 4

4a. lição - SÓ DEUS PODE NOS SALVAR

Cristo, só Cristo pode nos salvar.

Na cruz Ele estava nos substituindo – Is 53.4-5; nossos pecados e culpas foram transferidos para Ele - “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”. É a paz de quem nada mais deve à justiça divina e está em paz com Deus.

Leia Hb 4.14-16; 5.8-9 e 7.24-28. Sacerdote é o que oferece o sacrifício. Cristo Se tornou ao mesmo tempo nosso sacerdote e o Cordeiro sacrificado (v.27). Leia também Jo 1.29; 3.16-18 e 36: Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, foi o sacrifício por Ele mesmo oferecido a Deus, para que todos os que crêem nEle desse modo, sejam salvos da condenação e tenham a vida eterna.

Em At 4.10-12 o apóstolo Pedro afirma que só em Cristo temos de crer para sermos salvos. Em Jo 14.6, o próprio Cristo declara que só por meio dEle podemos chegar a Deus e, portanto, à salvação. Em 1Tm 2.4-5, Paulo declara que só Cristo é mediador entre nós e Deus, porque só Ele “se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos”. Redenção é resgate.

Um homem não pode salvar a si mesmo nem a outro, porque é pecador e devedor à justiça divina. Um anjo não poderia morrer por nós, porque não é um ser humano; além disso ele é finito. Só Jesus Cristo é homem “sem pecado”, embora tenha sido “tentado em tudo”. Como Deus, Cristo é infinito e eterno, sendo por isso de valor infinito e eterno o Seu sacrifício feito em nosso favor. Desse modo Ele pode morrer por toda a humanidade; pagando um preço infinitamente grande. Entretanto, só recebe os beneficios de Sua morte expiatória quem nEle crê- Jo 3.18.

Algumas conclusões lógicas desses textos devem ficar bem nítidas em nossas mentes:

1. O pecado de todos nós é algo tão grande e grave que só o próprio Deus é capaz de pagar nossa dívida; o Filho, Jesus Cristo, paga ao Pai por nossos pecados;

2. O amor de Deus por nós é tão grande que Ele Se fez homem, na pessoa de Jesus, “Emanuel, que é Deus conosco” (Mt 1.23). É o que o próprio Cristo disse - Jo 3.16.

3. Quando Cristo diz “ninguém vem ao Pai senão por mim”, mais uma vez Ele Se identifica com o Pai (“Eu e o Pai somos UM” - Jo 10.30), pois Ele não disse “ninguém vai, mas disse “ninguém vem ao Pai senão por Mim”.

4. Quando Ele diz “Eu sou o caminho, e a verdade e vida” (os artigos estão no texto grego), Ele está dizendo que não há outro meio para irmos a Deus senão Ele mesmo. Então, é falso e anti-bíblico afirmar que alguém pode ir a Deus e adquirir a salvação por meio de boas obras, ou reencarnações, ou milhares de missas rezadas em sua intenção, ou qualquer outro meio. Convém reler o que Pedro proclamou em At 4.12: “...em nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”; Pedro falava de Jesus Cristo (leia os vs. 10 e 11).

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Lições Bíblicas - 3

3a. lição PORQUE O SER HUMANO PRECISA SER SALVO

(Criação, queda e corrupção total do ser humano)

I. A Criação - Gn 1.26-29

No sexto dia ou período da obra da criação, Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança: semelhança intelectual, moral e espiritual: não semelhança física, pois Deus é apenas espírito, conforme Cristo falou em Jo 4.24.

Isto significa que o homem e a mulher foram criados inteligentes, santos e puros, dotados de consciência moral, livres e, portanto, responsáveis e com possibilidade de assim permanecerem para sempre, imortais; ou de cometerem o pecado e morrerem. - Gn 2.9, 16 e 17.

II. A queda - Gn 3.1-6

Deus advertiu o homem (vs.16-17) dando-lhe liberdade e oportunidade para provar fidelidade e obediencia ao Criador, ou negá-la. Mas o homem caiu, pecou.

As conseqüências da queda foram imediatas:

As menos graves foram: 1) tornaram-se maliciosos - 3.7; 2) deixaram de ter prazer em estar na presença de Deus. Ao contrário, esta se tornou incômoda - 3.8; 3) tornaram-se tolos, o que ficou claro ao tentarem esconder-se de Deus - 3.8; 4) o homem se tornou covarde e medroso, inventando uma desculpa mentirosa para apresentar a Deus – 3.10; 5) tornou-se evasivo e injusto, pois tentou lançar a culpa em Eva e no próprio Deus - 3.12.

As mais graves foram: 1) nesse dia o homem se tornou mortal (morte física); 2) e perdeu a comunhão com Deus (morte espiritual) - Gn 2.17, 3.22; Is 59.1-2; Ez 18.4 e 20; 3) tornou-se pecador, isto é, adquiriu uma índole má, perversa, a tendência de viver pecando, a qual transmitiu à sua descendência: a natureza humana decaída, que Paulo chama "a carne".

III. Desde então o pecado foi crescendo no mundo, incessantemente: foi a total corrupção do ser humano e de toda a humanidade - Gn 4.8-9, 19 e 23, 6.5; Sl 14.1-3; Is 59.3-9; Mt 15.19; Rm 5.12; 1Co 2.14; Rm 7.18-21.

A mais grave consequência que o ser humano sofre por seu pecado é a condenação eterna, a eternidade sem comunhão com Deus, no inferno - Mt 25.41 e 46; Mc 9.43-46; Judas 6-7.

Morto espiritualmente, o ser humano não tem condições de salvar-se a si próprio - Ef 2.1 e 5; Sl 49.6-9 (em contraste com o v. 15); Mc 8.36-37. Ninguém pode, por si mesmo, resgatar sua alma.

Esta doutrina, quando entendida e aceita, nos esvazia de todo orgulho e vaidade, reduz- nos a criaturas indígnas de Deus. Convence-nos de que potencialmente todos nós somos capazes de cometer os piores e mais degradantes pecados. Por isso somos todos merecedores do castigo divino, o fogo eterno - Mt 25.41 e 46.

Enquanto pensamos que somos bons e capazes de merecer a salvação, ficamos privados de um verdadeiro crescimento espiritual; podemos tornar-nos vaidosos e hipócritas. Mas à medida em que nos esvaziamos de nós mesmos podemos ser cheios do Espírito Santo. Esta doutrina e a cristã nos ajudam a ter uma visão realista de nós mesmos.

O conhecimento da doutrina da “depravação total” e o reconhecimento sincero de que estamos nesse caso, nos aproxima de Deus com humildade e gratidão.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Lições Bíblicas - 2b

Importância desta doutrina para a vida cristã

Não basta saber muitas coisas sobre a Bíblia; precisamos conhecer a própria Biblia, Palavra de Deus. Ap 1.3 diz: "Bem aventurado aquele que crê e aqueles que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo". Quem sabe ler, leia; quem não pode ler, deve ouvi-la, e todos precisamos crer e por em prática o seu ensino.

A leitura das Escrituras deve ser diária. Assim como alimentamos diariamene o corpo, também precisamos alimentar a alma com a Palavra de Deus. Diz o Sl 12: "dia e noite".

Métodos para leitura da Bíblia


Existem vários.

1. Um deles é ler a Bíblia toda, em sequência, de Gênesis até Apocalipse. Quem ler tres capítulos por dia, de segunda a sábado, e cinco no domingo, ao fim de um ano terá lido a Bíblia toda. Cada um deve ler quanto quiser, mas é importante ler a Bíblia toda e quanta mais vezes, melhor.

2. Além do 1° método, outro modo de ler é no estudo de lições da Escola DominicaL fazendo as "leituras diárias" e todas as passagens que forem citadas.

3. Muitos lêem a Bíblia procurando os textos pelos assuntos que lhes interessam. Urna “Concordância Bíblica” nos ajuda a encontrar tais textos.

4. Também é interessante procurarmos as "passagens paralelas" indicadas nas próprias Bíblias, no rodapé, e assim, enquanto tivermos tempo, iremos lendo os mais variados textos e conhecendo cada vez mais a Bíblia.

5. É também interessante duas ou mais pessoas se reunirem para ler a Bíblia periodicamente, diariamente ou não. Isto pode ser um estímulo para crentes novos ou para aqueles que estão tendo dificuldades para criarem o hábito da leitura bíblica.

Ao lado de tudo isto, decorar textos bíblicos é excelente.

Crente preguiçoso para ler e estudar a Bíblia será sempre um cristão fraco.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Lições Bíblicas - 2

2a. lição - A BIBLIA

A Bíblia é a Palavra de Deus. Dizemos isto porque nela mesmo está escrito: "Toda a Escritura é divinamente inspirada..." - 2Tm 3.16; "Homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" - 2Pe 2.21; e "tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito" - Rm 15.4.

No A.T. são muitos os textos em que lemos: "Assim diz o Senhor:..." (Je 23.16 e outros); Deus dizendo ao profeta: "Escreve" (Ex 34.27 e outros); Deus dizendo: "Toma um rolo e escreve..." (Is 8.1); "Disse o Senhor:... (Ex 6.1; Lv 23.1 e outros).

Pode-se dizer que "a Bíblia contém a Palavra de Deus", mas essa frase não diz tudo. e pode levar pessoas a pensarem que a Bíblia contém mas não é a Palavra de Deus.

A Bíblia é a Palavra de Deus. não no sentido de que tudo o que nela está escrito foi dito por Deus, mas no sentido de que tudo o que está, foi escrito por ordem ou inspiração de Deus, a fim de aprendermos tudo o que nos é necessário tanto a respeito de Deus como de nós mesmos e da vida futura. Na Bíblia encontramos palavras de Deus, palavras e pensamentos do homem e também palavras de Satanás, mas aprendemos através de tudo isso, cujo registro Ele inspirou.

Ela é a Palavra de Deus porque "no seu todo" Deus nos fala. Existem partes na Bíblia que registram pensamentos puramente humanos, e até palavras de Satanás, mas tudo está ali registrado porque o ensino geral final é aquele que Deus nos quer dar. Por exemplo, o livro de Esclesiastes registra os "desvarios e as loucuras" (do homem) - Ec 1.17 - pensamentos materialistas, como os de Ec 3.18-22, mas, em seu todo, o livro ensina lições espirituais preciosas, especialmente na conclusão do livro, Ec 12.1, 7 e 13.

Os "homens santos de Deus” que “falaram inspirados pelo Espírito Santo" foram cerca de 40 (pois não sabemos quantos foram os historiadores que escreveram os livros históricos do A. T., bem como outras partes das Escrituras). Esses escritores viveram e escreveram em diferentes lugares, no enorme período de cerca de 16 séculos. Moisés - o primeiro - 1.500 anos A.C., e o apóstolo João - o último -, autor de Apocalipse, no final do l° século da era Cristã.

Classificação dos livros da Bíblia

Os 66 livros das Escrituras (39 no A.T., 27 no N.T.) podem ser classificados

No Antigo Testamento:

Os 5 livros da Lei - o Pentateuco.

Os12 livros históricos - de Josué a Ester.

Os 5 livros poéticos - de Jó a Cântico dos Cânticos.

Os 17 livros proféticos - de Isaías a Malaquias.

No Novo Testamento:

Os 4 1ivros biográficos (os evangelhos).

Um livro histórico - Atos do Apóstolos.

As 13 epístolas ou cartas paulinas - de Romanos a Filemon.

As 5 epistolas gerais - de Hebreus a Judas.

Um livro profético - o Apocalipse.


Línguas originais (aquelas em que foram escritos os livros): O A.T. em hebraico, com algumas porções em aramaico. O N.T. foi escrito em grego popular, chamado "Koine".

Manuscritos da Bíblia (MSS)

Os originais dos escritos bíblicos não mais existem. De Moisés até nós passaram-se 3.500 anos! Eram escritos à mão, em pergaminhos (peles de animais). Cópias dos originais foram sendo feitas; depois, cópias das cópias, durante muitos séculos.

Havia profissionais que durante séculos realizaram esse trabalho, paciente e escrupulosamente; eram os "copistas".

Até 1947, os manuscritos, que possuíamos, mais antigos da Bíblia eram do séc IV D.C. - do N.T. - e do séc X, do A.T. Naquele ano foram encontrados, primeiro casualmente, e depois em buscas realizadas, muitos manuscritos que, verificou-se depois, eram de vários livros do A.T. em pergaminhos mais ou menos do 2° século antes de Cristo.

Os estudos feitos com base em todos os manuscritos existentes, por uma ciência chamada Crítica Textual, mostram que são plenamente dignos de confiança os textos que possuímos hoje, em forma de livro, do N. T. em grego e do A. T. em hebraico, traduzidos para centenas de idiomas. O próprio Senhor que inspirou os "homens santos" que escreveram "inspirados pelo Espírito Santo", providenciou para que elas fossem preservadas íntegras e corretas até os nossos dias, para salvação de todos os que por meio da Palavra crerem no Senhor Jesus, e nem poderia deixar de ser assim, pois "a Fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” Rm 10.17.

Concluindo: Deus inspirou homens para escreverem exatamente o que Ele queria que fosse escrito (é o que na Teologia chamamos Inspiração da Bíblia); Ele mesmo preservou toda a Escritura através dos séculos; Ele nos dá o Seu Espírito Santo para fazer-nos entender a Sua palavra (é o que chamamos Iluminação). "O Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Meu Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" - Jo 14.26. A obra de Deus é sempre completa, à semelhança do que está em Fp 1.6.


Importância desta doutrina para a vida cristã

Não basta saber muitas coisas sobre a Bíblia; precisamos conhecer a própria Bíblia, Palavra de Deus. Ap 1.3 diz: "Bem aventurado aquele que crê e aqueles que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo". Quem sabe ler, leia; quem não pode ler, deve ouvi-la, e todos precisamos crer e por em prática o seu ensino.

A leitura das Escrituras deve ser diária. Assim como alimentamos diariamente o corpo, também precisamos alimentar a alma com a Palavra de Deus. Diz o Sl 12: "dia e noite".

quinta-feira, novembro 08, 2007

Lições Bíblicas - 1b

Batismo de crianças


Assim como a “Ceia do Senhor” substituiu a celebração da Páscoa, o Batismo sucedeu Circuncisão. São as duas ordenanças do Antigo Testamento substituídas por Cristo por aquelas que tem significados semelhantes: respectivamente sacrificio e purificação.

Todas as crianças eram circuncidadas: “o filho de 8 dias será circuncidado” - Gn 17.12, isto é recebe o sinal de pertencer também ao povo de Deus, Israel, pelo fato de serem filhos de israelitas. As crianças. agora sem distinção entre meninos e meninas. são batizadas também pela simples fato de serem filhos de pessoas que pertencem ao mesmo povo de Deus, a Igreja. A semelhança é esta: a circuncisão não era feita porque as crianças cressem, mas por serem filhos de israelitas: assim também o batismo, que substitui a circuncisão, é aplicado às crianças - não porque creiam - mas porque seus pais pertencem ao povo de Deus.

Em Cl 2.11-12 fica bem claro que o batismo é a “circuncisão de Cristo”.

A circuncisão significava e o batismo significa que aqueles que o recebem pertencem ao povo de Deus na Terra. Não significam que quem os recebeu está salvo. A diferença é que a circuncisão marcava na carne para sempre, enquanto o batismo marca no espírito, pela lembrança que fica na mente da pessoa batizada. Por isso mesmo a criança deve saber que foi batizada e assim dedicada a Cristo, e pertence a Igreja visível de Cristo no mundo. Isso deve ser um estímulo para ela, que deverá estar sob os cuidados espirituais da Igreja.

Não há no Novo Testamento um único texto do qual se possa inferir que crianças não foram batizadas pelos apóstolos. Ao contrário, nas famílias de Lidia (At 16.15), do carcereiro de Filípos (At 16.33), de Estéfanas (1Co 1.16) não haveria nenhuma criança? Também não haveria crianças entre o grupo que foi batizado em casa de Cornélio, onde deviam estar várias familias (At 10.4, 47-48)? Isso é totalmente improvável.

É anti-bíblico negar o batismo às crianças filhas de crentes.

Uma objeção frágil



Citar Mc 16-16 (“aquele que crer e for batizado será salvo”) como indicando que só pode ser batizado quem crê, é forçar o texto.

Nesse texto Cristo está ensinando que aquele que crer deve ser batizado e jamais ensinaria que o batismo é necessário para a salvação, ou que o batismo seria o sinal de que alguém está salvo. O ladrão crucificado ao lado de Cristo foi salvo e não foi batizado.

Além disso, Cristo está dizendo que quem crer será salvo. Prova disso é o que Ele diz na 2a. parte do versículo - “mas quem não crer será condenado”. Evidentemente o texto não se aplica a crianças muito pequenas que, não crendo, estariam condenadas - se o texto falasse de crianças: isso estaria contrariando o ensino de Cristo sobre as crianças - delas “é o Reino dos Céus” - Lc 18.16, Mt 19.14 e outros.


Consequências desta doutrina na vida cristã

1. O ensino sobre Batismo e Profissão de Fé nos infunde responsabilidade diante de Deus: é dever nosso buscar o batismo desde que cremos, e assim também levar nossos filhos a Cristo e ao batismo: as duas atitudes como testemunho de nossa fé, e afirmação de que pertencemos ao povo de Deus, como era também no Antigo Testamento.

2. Este ensino não tem o objetivo de levar-nos a discutir com batistas e outros que adotam a forma imersionista e não batizam crianças. Entendemos assim e assim agimos, mas aceitamos que outros cristãos pensem e ajam de modo diferente. Cada um deve ter suas convicções e agir convictamente - Rm 14.5.

Compreendamos que formas de batismo e de governo de Igreja são doutrinas importantes, porém secundárias. Compreendamos que mais importante é sermos um POVO, uma família (1Pe 2 9; Ef 3.14-15); que entre nós deve existir o mesmo sentimento de fraternidade e de unidade. Textos como Rm 14.1-6, 1Co 8.4-13 e 19.23-33 devem levar-nos à busca da unidade tão desejada por Cristo - Jo 17.20-23. É o que poderíamos chamar “ecumenismo evangélico”; não o ecumenismo católico-romano e de cristãos liberais que entendem que devemos até sacrificar convicções evangélicas em favor de um ecumenismo demasiadamente amplo. Falta de convicções e de firmeza doutrinária enfraquecem o crente e a própria Igreja.

3. Devemos amar sinceramente as outras denominações realmente evangélicas e cooperar com todas na obra de evangelização. Até algumas entidades interdenominacionais existem e realizam excelente trabalho: sociedades bíblicas e de serviços sociais, por exemplo.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Lições Bíblicas - 1

1a lição - PROFISSÃO DE FÉ E BATISMO

Chamamos Profissão de Fé e Batismo a duas cerimônias religiosas através das quais uma pessoa se torna membro comungante de uma Igreja Presbiteriana. A Profissão de Fé é também chamada de confirmação em outras Igrejas. Quando uma pessoa se torna crente depois de adulta, não tendo sido batizada na infância em alguma igreja evangélica, as duas cerimônias se dão na mesma ocasião: à Profissão de Fé segue-se o Batismo.

Profissão de Fé é o ato em que uma pessoa declara publicamente que se tornou cristã, tendo aceitado Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor. Perante a Igreja, responde afirmativamente as perguntas feitas pelo pastor a respeito de sua condição espiritual e sua decisão de viver agora uma vida realmente cristã.

Batismo é uma ordenança de Cristo; é feito com água e em nome da Trindade, conforme a ordem que dEle encontramos em Mt 28.19: "...batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo".

São cerimônias de grande significado, pois ao responder as perguntas, o batizando estará também assumindo importantes compromissos com Deus, perante a Igreja.

A Profissão de Fé não é uma ordenança de Cristo, mas foi instituída pela própria Igreja como ritual de iniciação em que a pessoa se torna membro comungante da Igreja. Tem como base as palavras de Jesus Cristo contidas em Mt 10.32: "todo aquele que Me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante de Meu Pai"; e também o ensino de Paulo em Rm 10.9 "Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo" (grifo meu).

Essas cerimônias existem porque Deus formou na Terra um povo dEle, a partir de Abraão; passou a ser um povo separado, exclusivo e assinalado com o sinal da circuncisão. Leia Gn 17.23-26 e 1Pe 2.9.

O batismo foi instituído por Cristo, devendo recebê-Lo todo aquele que nEle crer - Mt 28.19; At 2.38-41; 8.36-38; 10.44-48; Mc 16.16

Porém, não é o batismo que salva; o que importa é o "ser uma nova criatura" - 2Co 5.17; GI 5.6; 6.15. Um caso exemplar de pessoa salva sem o batismo, é o daquele ladrão crucificado ao lado de Jesus: declarou a sua fé nEle quando disse: "Senhor, lembra-Te de mim quando entrares no Teu reino". Ao que respondeu Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso".

Somos batizados e batizamos outros porque essa é a ordem de Cristo, mas lembrando-nos sempre de que o que mais importa é o "ser uma nova criatura". O batismo substituiu a cerimônia da circuncisão, assim como a Ceia do Senhor substituiu a cerimônia da Páscoa.

Forma de batismo

Existem 3 diferentes formas; imersão, aspersão e afusão, respectivamente mergulhando o batizando na água, borrifando ou derramando água sobre a cabeça do iniciante. Ser batizado quando criança ou quando adulto, é uma questão secundária. O essencial é viver como verdadeiro cristão (Ef 4.1-3 e Tm 2.19).

Convém saber O significado das palavras "baptismós" (batismo) e "baptizo" (batizar) - a primeira, traduzida por "batismo", significa imersão e também "ablução" ou "lavagem". No Novo Testamento encontramos muitas referências e ordens sobre as abluções ou purificações dos israelitas. E "baptizo" (batizar) tem o significado de imergir, lavar e purificar. No grego do N.T., em Lc 11.38, o verbo traduzido por "lavar" é o verbo "baptizo", e 2Re 3.11 mostra que o costume de lavar as mãos era derramando água sobre elas. No Hebraico do A.T., passagens semelhantes: Lv 14.4-7 conta como era o cerimonial de purificação de aves, onde é usado o verbo aspergir ou espargir; no mesmo capítulo, vs 47-57 contam como se fazia a cerimônia de purificação de pessoas, roupas e casa; no v. 51 usa-se também o verbo "aspergir" e no v. 47 o verbo "lavar"; em 14.6 a expressão “águas vivas” significa "água corrente"; em todo o capítulo 15, os verbos usados na descrição da cerimônia são os verbos "lavar" e "banhar".

Em At 8.39 lemos "saíram (ambos) da água” - isto significa que ambos foram imersos? Evidentemente, não.

As expressões "eis aqui água" e "saíram da água" não significam que a água encontrada era de profundidade suficiente para urna pessoa ser imersa; e, se alguém "entra na água" pode ser até a altura das canelas, então "sai da água" sem ser imerso nela.

Em At 9.37-38 (o batismo de Saulo), Lucas relata que Saulo "levantando-se, foi batizado". Afirmar que saíram e foram até onde Saulo pudesse ser batizado por imersão, é acrescentar ao texto bíblico o que ele não contém.

O mesmo se pode dizer do batismo do carcereiro de Filipos - "ele e todos os seus", em At 16.33. Em At 10.47 Pedro pergunta: "Pode alguém, porventura, recusar água para que não sejam batizados estes...". A água que pudesse alguém recusar não seria, evidentemente a de um rio, mas aquela que alguém pudesse trazer àquele ambiente para se proceder ao batismo de todos os que ali "receberam o Espírito Santo".

Também em At 19.3-5 nada há que indique ter sido por imersão o batismo dos discípulos de João Batista.

Em todos esses textos o que é mais importante é o significado que tem o batismo, de purificação e lavagem, do que simplesmente imersão.

Além de tudo o que já foi dito, lembremo-nos que o batismo com água é um símbolo do batismo com o Espírito Santo, profetizado em Joel 2.28-29, onde está dito por Deus "derramarei o Meu Espirito" e em At 2.2-3, que conta como se deu esse batismo, está registrado que "foram vistas por eles línguas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um de1es" (grifo meu). Ora, se a rea1idade maior se deu na forma de aspersão, o símbolo - que é batizar com água - também pode ser e é melhor que seja também por aspersão.

Sobretudo, precisa ficar claro em nossa mente que na realidade é o batismo com o Espírito Santo que regenera e torna alguém urna "nova criatura", e não o símbolo, que é o batismo com água.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Prioridades do Ministério Pastoral

Aqui está um dos muitos assuntos difíceis de serem tratados, por falta de um livro ou capítulo da Bíblia que fale especificamente sobre o assunto..

Mas é à luz das Escrituras em geral, com base em muitos textos e fatos narrados, que poderemos ter sobre eles todos uma base clara e segura.

1) Temos o exemplo grandioso de Cristo. Para tornar-se o nosso Pastor - (Jo 10.11: “Eu sou o bom pastor... o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”), humilhou-se tornando-Se homem como nós (Fp 2.6-8: “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”). Identificou-Se conosco, como todo pastor precisa identificar-se com suas ovelhas.

Não temos que entender que o pastor se anula, pois todo o seu potencial vai estar a serviço do rebanho de Deus; mas em 1º lugar estará o Reino de Deus – do qual ele faz parte – e o Reino de Deus no mundo é a Igreja primeiramente. Entendemos, então, que o pastor e sua vida agora existem em função da Igreja. Por mais e maiores que sejam suas capacidades e habilidades, nunca se julga superior aos irmãos, mas igual a eles. Essa foi a atitude do apóstolo Paulo: “Sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos... fiz-me como judeu... para os que estão sem lei (os gentios), como se estivera sem lei” (como se fosse gentio), como fraco para os fracos... Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios ganhar alguns” (1Co 9.19-22)

2) Temos que nos lembrar que o pastor – normalmente – será casado e terá filhos, salvo raríssimas exceções. A família do pastor faz parte da Igreja e do seu próprio rebanho. Mas ele é o cabeça dessa família e responsável por ela – seu sustento e seu bem estar (1Tm 5.8).

Daí surgem, às vezes, algumas dificuldades. O salário que o pastor deve receber deverá ser suficiente para o sustento da família. Mas, que nível econômico deverá ser o da família do pastor? Não convém que seja acintosamente superior ao nível da média dos membros da Igreja. E se o pastor e sua família possuem bens e recursos próprios que lhes dão outras rendas, não convém que eles ostentem sua riqueza, pois ostentação é pecado, especialmente quando contrasta com as carências do próximo.

Convém sempre que o pastor e sua família sejam modestos no viver e no gastar, seja qual for o nível econômico da igreja local em que estejam. Pode ser que o pastor precise um dia, em função dos interesses do Reino de Deus, mudar-se para outra Igreja em que seu salário seja inferior ao anterior; e se ele e sua família se acostumaram a um tipo de vida liberal nos gastos, sentirão também a diferença e poderão ressentir-se de modo prejudicial. O “estilo de vida simples” é o que convém, de acordo com o ensino de 1Tm 6.8: “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”. Humildade e simplicidade são prioridades.

3) Outro ponto a ponderar, é quando o pastor tem pretensões outras, além do ministério pastoral - por exemplo - quer fazer um outro curso superior que lhe dê mais cultura ou, quem sabe, um trabalho paralelo ao ministério.

Nesse caso, há algumas coisas a lembrar: a) Cristo ensinou que o obreiro de Sua seara, o pastor, deve viver do próprio trabalho no ministério - 1Co 9.14: “Assim ordenou o Senhor, aos que trabalham no Evangelho, que vivam do Evangelho”; b) Temos de perguntar: o obreiro está buscando um outro curso ou outra atividade remunerada, em função do próprio ministério? Em outras palavras, qual é a motivação que leva o pastor a buscar essa atividade? Se vai resultar em maior eficiência do trabalho pastoral, parece razoável. Se é porque a Igreja não tem condições de pagar ao pastor nem o mínimo necessário para o sustento da família, poderá ser até obrigação do chefe da família prover o que lhe falta. Além disso não é razoável gastar em outra atividade estranha ao ministério, o tempo e a energia que deveriam ser gastos no pastorado da Igreja. E mesmo quando o curso visado possa ser útil no ministério pastoral, se isso for onerar demasiadamente a Igreja, ou prejudicar o atendimento pastoral, não é razoável, nem exeqüível. É melhor cuidar da Igreja, até que ela se fortaleça e suporte mais encargos financeiros.

Outras prioridades poderão surgir, dependendo do tipo de igreja em que esteja o pastor. Poderá ser o trabalho de evangelização, ou o de melhor doutrinação dos irmãos para depois dedicarem-se mais à evangelização e ao discipulado. Poderá também colocar em ordem e melhorar as condições financeiras da Igreja para também aumentar e melhorar suas instalações e seus recursos pedagógicos. Mas em tudo o verdadeiro pastor, consciencioso, cuidará da Igreja – todos os irmãos –com sabedoria e desprendimento.

Planejar o trabalho, depois de fazer um diagnóstico das necessidades maiores da Igreja, é correto, porém buscando a direção de Deus. Os planos de Deus é que devem ser realizados.

E todo pastor deve lembrar-se: “O campo é o mundo”, disse Jesus – Mt 13.38.

É muito grande o privilégio que Deus nos concede pondo-nos no ministério. Recebamo-lo com humildade, dediquemo-nos a ele, sem reservas e com todo o amor.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Línguas Estranhas - 3/3

7a. - A insistência em “falar” em línguas estranhas” se dá também

em alguns grupos de diferentes religiões não-cristãs.

Espíritas e mórmons o fazem, numa evidência de que eles não falam movidos pelo Espírito Santo; e que aquilo que se deu no dia de Pentecostes não foi um fenômeno que deveria continuar se repetindo na Igreja através dos séculos. Causas psicológicas ou psíquicas, e também imitação e fraude explicam o falso dom de línguas estranhas observado hoje. De alguns anos para cá em algumas igrejas pentecostais e neo-pentecostais ensina-se uma técnica para uma pessoa conseguir falar “língua estranha”!

Em algumas ocasiões tem acontecido que alguém fala uma “língua estranha” e outra pessoa “interpreta” a primeira. Infelizmente, sem dúvida, é outro caso de fraude.

Em 1Co 12.30 há nova referência a dons espirituais, entre eles “línguas”; Paulo pergunta ali “falam todos línguas?” Quando em 1Co 13 Paulo levanta uma hipótese: “ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos...”, Paulo não está afirmando que há diferentes “línguas dos anjos”; todos nós sabemos que existem diferentes línguas (idiomas) de homens, de diferentes nações e de diferentes culturas. Será possível que alguém acredite e afirme que existem diferentes nações e diferentes culturas de anjos? É importante observar isto, porque os que acreditam em “línguas estranhas” dizem que essas línguas são as línguas dos anjos! É uma suposição absurda, sem nenhuma base racional e bíblica. Por que motivos haveria diferentes línguas dos anjos?

Existem aqueles que entendem que essas “línguas” eram um balbuciar incompreensível que aconteceu nessas ocasiões, quando cristãos “em êxtase místico” emitiam sons diversos incompreensíveis. Daí, então, a necessidade de haver “intérprete” nas reuniões em que o fenômeno ocorria, para explicar aos visitantes o que estava acontecendo. Não creio que seja essa a explicação, pois em 1Co 12.7 Paulo diz que “a manifestação do Espírito Santo é dada a cada um para o que for útil”. Qual seria a utilidade de alguma língua que ninguém entendesse?

Além disso, os dons do Espírito Santo eram e são dados não para satisfação própria dos que os recebem, mas para edificação da Igreja e de outras pessoas alcançadas pela pregação do Evangelho.

Paulo encerra seu ensino em 1Co 14.40 com uma determinação muito enfática: “faça-se tudo com decência e ordem”.

O culto deve sempre ser respeitoso, solene, espiritual e racional, inteligível para proveito de todos os presentes, para agradar a Deus e não só aos próprios adoradores.

Concluindo: o dom de línguas foi um fenômeno, um milagre que se deu no dia de Pentecostes para que representantes de cerca de 15 nações ouvissem o Evangelho; em parte repetiu-se em Éfeso – At 19.1-6, e em casa de Cornélio – At 10.45-46. Em cada um desses eventos fica claro o motivo de Deus: em casa de Cornélio, os apóstolos e os crentes em geral compreenderam que o Evangelho, o Espírito Santo e todas as demais bênçãos decorrentes não eram exclusivas para os judeus convertidos, mas também para os gentios; no caso dos discípulos de João Batista, foram eles dessa forma recebidos na Igreja, sem formarem uma seita paralela à Igreja de Cristo, assim como, em Atos 8, Deus mostrou que o Evangelho era também para os samaritanos. Nesta ocasião, porém, não se diz que eles falaram “línguas”.

É preciso entender que a vida cristã, a começar pela comunhão com Deus e com o culto público, é uma vida realmente normal, de acordo com a Lei de Deus, sem necessidade de fatos espetaculares; é como as águas de um rio que correm tranqüilas, e não só em corredeiras e cachoeiras. Deus fala diariamente a cada um de nós, constantemente e não só esporadicamente, quando mantemos comunhão constante com Ele. É o “orar sem cessar” a que Paulo nos exorta em 1Ts 5.17. Fatos excepcionalmente importantes também acontecem em nossa vida cristã em determinadas ocasiões, mas ela é constantemente rica e emocionante. Há um equilíbrio entre a razão, os sentimentos e as emoções.

É bom que oremos e mantenhamos comunhão constante com Deus para termos uma vida abundante como a que Cristo quer dar a todos nós que O seguimos. “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10).

quinta-feira, outubro 11, 2007

Línguas Estranhas - 2/3

2a. - Quando Paulo nos instrui no capítulo 14 da Carta aos Coríntios,
estende-se na instrução a respeito das “línguas” ou idiomas,
comparando esse dom com o de “profetizar”.

Nos versículos 2 a 6 e 13, na tradução de Almeida “revista e corrigida”, os revisores acrescentaram a palavra “estranha”, com o sentido de estrangeira, ou diferente do idioma de quem estava pregando. Como já foi dito, sabemos que essa palavra foi acrescentada porque ela não existe no texto em grego. Infelizmente, quando surgiu o movimento pentecostal no início do século XX, os pentecostais entenderam como até hoje que no dia de Pentecostes os cristãos falaram, realmente, “línguas estranhas” e não “línguas estrangeiras” ou “outras línguas”.
Por isso mesmo, em se tratando das Escrituras, convém que elas sejam traduzidas o mais possível literalmente, sem o acréscimo de outras palavras para tentar esclarecer o texto. Às vezes os acréscimos causam distorções, como neste caso.

3o. - Outra razão porque não aceitamos as “línguas estranhas”
é o que o apóstolo Paulo diz.

A respeito, o mesmo 1Co 14 no versículos 18 e 19, diz: “... falo mais línguas do que vós todos. Todavia quero falar na igreja 5 palavras na minha própria inteligência do que 10.000 em língua desconhecida”. Os pentecostais entendem que Paulo falava mais “línguas estranhas” do que os irmãos em geral. Mas baseados em quê? Nós sabemos que Paulo era homem culto e provavelmente um poliglota, sabendo não só o hebraico e o aramaico, mas também o grego e o latim, como também o árabe. O grego por ser um idioma, na época, universal e o latim por ser o idioma dos romanos que então dominavam o mundo conhecido; o árabe porque ele esteve na Arábia por algum tempo (Gl 1.17). É a esse fato que ele se refere.

4o. - Ainda em 1Co 14.1-17, Paulo dá ênfase ao “dom de profecia”,
que é o de transmitir a outros o ensino das Escrituras, cuja essência é o Evangelho.

Para ele, profetizar é edificar a Igreja (v.4), enquanto quem fala uma língua estranha que não é entendida, só se edifica a si mesmo, como toda pessoa que prega é edificada no seu próprio trabalho de evangelista. No versículo 2 Paulo diz que essa mesma pessoa não é entendida e nada comunica aos homens; “fala a Deus”; por que? – porque Deus entende todos os idiomas dos seres humanos, entende até o nossos pensamentos! “Fala de mistério” porque ninguém o entende, senão Deus. Em Rm 12.7, Paulo ensina que o Espírito Santo concede dons “para o que for útil”; línguas que não são entendidas são inúteis, não são dons dados pelo Espírito Santo.
Veja o versículo 9: “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis falando ao ar”. Paulo está dizendo que falar o que não se entende para nada serve. Ao mesmo tempo, e com a mesma preocupação com a edificação da Igreja, Paulo diz: “que a Igreja receba edificação” (v. 5);“...para edificação da Igreja” (v.12). “Faça-se tudo para edificação” (v.26).

5a. - Por tudo isso Paulo ensina ou ordena enfaticamente.

Nos vs. 27 e 28: “E se alguém falar língua... haja intérprete. Mas se não houver intérprete, esteja calado na Igreja, e fale consigo mesmo e com Deus”. Intérprete, “diermeneuetês”, em grego, é aquele que interpreta ou dá interpretação, explica. Contudo, Paulo recomenda no v. 39 “não proibais falar em línguas”, sem esquecer a recomendação do v. 27: “haja intérprete”.
Tenho para mim que sendo Corinto uma cidade cosmopolita, porto de mar, habitada por pessoas de muitas nações diferentes, haveria muitas ocasiões em que iriam à Igreja cristãos que não falavam a língua grega, de Corinto, mas queriam dar à Igreja uma mensagem em seu próprio idioma; essa oportunidade deveria ser dada, “contanto que haja intérprete”.

6a. - Uma sexta razão: o culto cristão é racional, inteligente (Rm 12.1).

Sem deixar de ser rico de santas emoções. Por isso Paulo dá ênfase ao “entendimento” – 1Co 14.l5-16 e 20. O gosto por “línguas”, seja o que for que elas sejam, é completamente desprestigiado por Paulo: “de sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis”. O v. 23 é até contundente: “Se, pois, toda a Igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão que estais loucos?
Outra ocasião em que houve o fenômeno de “línguas” é relatada em At 19.6, quando discípulos de João Batista foram evangelizados por Paulo; “veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam línguas e profetizavam”. Com esse sinal Deus unia à Igreja os “discípulos de João Batista”, repetindo-se em parte o que acontecera no dia de Pentecostes: “falavam línguas e profetizavam”. Como no dia de Pentecostes, eram outros idiomas e não línguas incompreensíveis.

(na próxima semana, a terceira e última parte deste estudo)

quinta-feira, outubro 04, 2007

Línguas Estranhas - 1/3

"Entende-se por “línguas estranhas” nos meios pentecostais e carismáticos, o falar palavras e sons que ninguém entende. Pensam os pentecostais e os carismáticos que elas são um dom do Espírito Santo, e que as tais línguas podem ser interpretadas.

São diversas as razões por que não cremos em sua existência como um dom do Espírito Santo, nem cremos que elas possam ser interpretadas.


1a. – No dia de Pentecostes ninguém falou em “língua estranha”.


Leiamos a narrativa de Atos 2.1-13 nas várias traduções e edições hoje existentes, pelo menos nas mais comuns; leiamos também como está no texto original em grego:

a) At. 2.4 – a expressão “etérais glôssais” no Grego significa “em outras línguas”; assim é traduzida na “edição revista e corrigida” de Almeida, de 1938; também na “edição revista e atualizada” de 1969 da SBB; também na “edição revista e corrigida” da Editora Vida de 1984; na “edição revista e revisada” da Sociedade Bíblica Trinitariana; também na edição da Editora Ave Maria (católica), de 1959; também na “revista e atualizada” da Editora Vida Nova, de 1976. A tradução católica do padre Matos Soares, de Edições Paulinas, usa a expressão “várias línguas”. A “Bíblia de Jerusalém”, católica, também traduz “outras línguas”. A mais recente tradução dos originais, a Bíblia NVI, de 1993, grafa “noutras línguas”. Só na edição “Tradução na Linguagem de Hoje” (a menos confiável de todas), de 1988, encontramos “línguas estranhas”. Convém observar que a palavra grega “eteros” significa “outro”,”semelhante”, “diferente”, e não “estranha”.

b) 1Co 14.2 – Na mesma ordem acima: Almeida, edição revista e corrigida registra “estranha” em tipo itálico depois de “língua”; o tipo itálico é usado aqui e em outros textos e edições para indicar que tal palavra foi acrescentada, não consta do texto em grego; a edição revista e atualizada registra “em outra língua”; a revista e corrigida da Ed. Vida também usa “língua estranha” em itálico; a corrigida e revisada da Trinitariana usa “língua desconhecida em itálico; a de Matos Soares (católica) usa “uma língua desconhecida”; a da Edit. Ave Maria (católica) diz “em outras línguas”; a de Almeida revista e atualizada, da Ed. Vida Nova também usa “em outras língua”. Novamente só a “Tradução na Linguagem de Hoje” (a menos confiável) diz “línguas estranhas” nos dois textos. A “Bíblia de Estudo de Genebra” diz “outras línguas” nos 2 textos. A “Bíblia de Jerusalém” traduz corretamente, apenas “línguas”. A NVI usa “uma língua”.

Há, assim, nas edições mais confiáveis uma unanimidade em reconhecer que a palavra “estranha”, quando aparece, significa outro idioma, e que no original grego não existe a palavra “estranha”.

Repetindo: no texto original em grego, em At.2.4 “etérais glôssais” é traduzido correta e literalmente por “outras línguas”, e em 1Co 14.2, “ho lalôn glôsse” que significa “o que fala língua”, em ambos não existe a palavra que se traduziria por “estranha” ou “estrangeira”, nem “outra”. A palavra “estranha” foi acrescentada inicialmente na “edição revista e corrigida” de Almeida, e depois outras edições fizeram o mesmo, ou acrescentaram “outra” ou “estrangeira” ou “desconhecida”, com o mesmo objetivo de esclarecer o texto que literalmente seria apenas “falar língua”.

A palavra “estranha”, acrescentada, deu margem para que alguns leitores tivessem o entendimento que os pentecostais e carismáticos têm até hoje: línguas incompreensíveis dadas pelo Espírito Santo!

Porém, mais abaixo, no versículo 6, o texto em grego e em português, diz “cada um os ouvia falar na sua própria língua” ou idioma, o que é confirmado no verso 8. Por que eles “ouviam em seus idiomas”? Porque os cristãos “começaram a falar” nesses idiomas ou dialetos. Provavelmente formaram-se diferentes grupos junto aos cristãos conforme as línguas que estes falavam. O mesmo texto bíblico conta quais eram esses grupos e línguas: “Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia, e Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Sirene, forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (At 2.9). São representantes de 15 lugares diferentes ou de 15 diferentes idiomas e dialetos, além do próprio hebraico ou aramaico falados pelos judeus.

Houve nesse dia o milagre de cristãos falarem em idiomas que eles não conheciam, o que se repetiu em outras ocasiões, que citaremos mais adiante.

Ninguém falou em língua incompreensível. Imaginar que os cristãos falaram em aramaico e os estrangeiros ouviram em outras línguas, é descabido.

(Continua na próxima semana)

quinta-feira, setembro 27, 2007

O Culto de Casamento

A cerimônia religiosa de casamento é nada mais do que um culto que prestamos a Deus, através do qual pedimos que Deus abençôe o novo casal. É um culto com esse objetivo especial.

Só se realiza esse culto, na Igreja Presbiteriana, depois de feito o casamento perante o juiz de paz, no Cartório. A certidão é exigida pelo ministrante, sem a qual não podemos realizar o culto. (''Princípios de Liturgia", artigos 19 e 20).

Na "Constituição da Igreja" e no "Manual do Culto" nada é dito que impeça ou recomende a não-realização do culto quando um dos noivos não é membro da Igreja, ou mesmo quando os dois não o sejam. Mas diz o art. 18 do "Princípios de Liturgia": "Sobre o casamento realizado segundo as leis do país e a Palavra de Deus, o ministro, quando solicitado, invocará as bênçãos do Senhor".

Realizar ou não o culto de casamento nessas condições, tem ficado a critério dos pastores. Uns o fazem, outros não. Eu o faço, sempre.

Tenho realizado muitos cultos de casamento em que um dos noivos não é crente evangélico. Não estou, dessa forma, dando a entender que nada há contra o casamento misto. Nas ocasiões próprias ensino que o casamento misto deve ser evitado, pois isso é bíblico.

Porém, precisamos ponderar que, se a Igreja se negar a realizar o culto de casamento, nem por isso o casal deixará de casar-se; apenas fará o casamento civil e ficará magoado com a Igreja que se negou a pedir a bênção de Deus sobre ele. E isso tem acontecido muitas vezes.

Perguntará alguém: podemos pedir que Deus abençôe um casamento misto? Respondo: Sim, da mesma maneira que as Escrituras nos ensinam que devemos orar "por todos", crentes ou não, e isso fazemos. Deus pode transformar um mal em bem, tal a Sua misericórdia.

Sempre houve casamentos mistos na Igreja - veja 1Co 7.12-13 - inclusive porque de um casal não-crente, um se convertia e não devia abandonar o seu cônjuge não-cristão. E esse casamento, agora misto, podia ser abençoado por Deus com a conversão do "outro" e de seus filhos - 1Co 7.14. O mesmo continua acontecendo nos dias de hoje.

Precisamos alertar irmãos para que não se casem com pessoas não-cristãs, pois geralmente essa prática é um risco, especialmente para a vida espiritual da família; e as diferentes crenças vão ser mais um obstáculo para a harmonia do casal.

Tenho realizado inúmeros cultos de casamento de casais mistos, considerando que: 1. faço antes, com cada casal, um série de oito estudos bíblicos sobre o casamento e a vida familiar. Esses estudos são uma condição para que eu realize o culto; 2. através dos estudos evangelizo o casal ou aquele que não é crente; 3. retiro dos textos bíblicos ensinos preciosos sobre a vida matrimonial; 4. a Igreja está, dessa forma, dando ao casal um apoio espiritual, numa atitude caridosa e simpática; ao mesmo tempo dá ao casal condições de ser bem sucedido no seu casamento; 5. em cada culto de casamento prego o Evangelho a dezenas ou centenas de pessoas, muitas das quais pela primeira vez entram num templo presbiteriano e ouvem a Palavra de Deus.

Nossa missão é pregar e orar pelos homens para que a Palavra de Deus frutifique neles abundantemente. Só Deus sabe dos frutos que tem havido, mas tenho a certeza de não tenho pregado em vão.

Sobre a "bênção matrimonial", os "Principios de Liturgia da I.P.B.” dizem nos artigos 18 e 19: "Sobre o casamento realizado segundo as leis do país e a Palavra de Deus, o ministro, quando solicitado, invocará as bênçãos do Senhor. Para que se realize a cerimônia da impetração da bênção é imprescindível que o ministro celebrante tenha prova de que o casamento foi celebrado de acordo com os trâmites legais".

Os cultos de casamento são importantíssimas oportunidades para pregarmos o Evangelho a pessoas que só vêm à Igreja numa ocasião assim, toda especial. Usemos mais diligentemente essas oportunidades. Para isso a "mensagem" do ministrante não pode ser um "blá-blá-blá" romântico e inconsequente, como alguns que já ouvi, mas realmente mensagem do Evangelho.

"A minha palavra não voltará para Mim vazia" - Is 55.11. É Deus que nos dá essa certeza.


quinta-feira, setembro 20, 2007

Para que serve um pastor jubilado?

Há 55 anos, em Campinas, conheci os primeiros pastores jubilados: o Rev. Eduardo Lane, o Rev. Alberto Zanon. Em São Paulo conheci o reverendo João Paulo de Camargo, posteriormente Miguel Rizzo Jr., Avelino Boamorte, Jacob Silva e Boanerges Ribeiro, com os quais tive o privilégio de conviver algumas dezenas de anos.

Há 50 anos, um pastor jubilado eventualmente substituía o pastor regular em uma celebração de Ceia, de batismo ou de casamento. Com o passar do tempo, melhoraram os recursos médicos e as condições de vida, e subiu bastante a expectativa de vida útil de uma pessoa.

Hoje vários pastores jubilados, de que tenho conhecimento, prestam serviços à Igreja, quase em plena atividade – os reverendos Alcides Augusto de Matos, Aníbal Pereira, Joaquim Corrêa de Lacerda, Reinaldo Silva, Tiago Rodrigues Rocha, Osias Mendes Ribeiro e até eu.

Vimos de uma época diferente, somos contemporâneos de alguns dos grandes pastores que tornaram grande e gloriosa a Igreja Presbiteriana do Brasil. Participamos das comemorações do 1o centenário de nossa Igreja. Fomos testemunhas e também protagonistas de anos críticos pelos quais passou a Igreja. Há mais de 50 anos militamos nas lides do Evangelho; lutas grandes!

Não só trabalhamos muito, como também tivemos que batalhar contra movimentos que poderiam deturpar a Igreja e desviá-la de seu ministério. Encanecemos no trabalho árduo. Nenhum de nós viveu com grandes salários, mas nos acostumamos ao “estilo de vida simples”.

Com um certo espanto vemos grande parte da Igreja deixar-se influenciar por alguns modismos; pior do que isso, surpreende-nos o surgimento de conceitos modernos, nada bíblicos, a respeito do que deve ser a Igreja. Ao mesmo tempo que se moderniza, passa a preocupar-se muito com seu aspecto empresarial. Pastores que são mais administradores do que amigos e irmãos mais velhos das suas ovelhas; aos quais falta mais “alma de pastor”.

Então surgem choques nos concílios, que não são apenas choques de gerações, mas de idéias, conceitos e métodos. Nós insistimos em permanecer nos padrões bíblicos; que a Igreja seja antes de tudo Igreja mesmo, comunidade de santos e “família de Jesus Cristo”. Não nos deixamos iludir com uma “política de resultados”; insistimos em amar aos irmãos e ao próximo, pregando e praticando o Evangelho.

Tornamo-nos incômodos, muitas vezes.

Colegas que nunca iniciaram uma Igreja e nunca pastorearam um rebanho pequenino de gente simples, saem dos seminários com os olhos voltados para as igrejas grandes e é para lá que querem ir a todo custo.

Tornamo-nos incômodos, muitas vezes, negamo-nos a aderir a um evangelho diferente.

Mas há igrejas carentes de afetividade, de carinho paterno, necessitadas de Evangelho sem mistura. Algumas dessas querem o pastor idoso, jubilado, “irmão mais velho”.

Tornamo-nos incômodos: por que um pastor jubilado ocupa o lugar de um bem novo, cheio de idéias novas, que não é exigente a não ser do dízimo? Afinal, esse mais novo, instruído sobre administração, levará a Igreja a possuir logo um templo maior, um patrimônio mais sólido!

Nós queremos que a Igreja cresça espiritualmente e que sua prosperidade numérica e material seja fruto de fidelidade e não de conceitos modernos de administração; queremos que as igrejas se multipliquem em vez de se tornarem mega-igrejas; queremos que cada igreja siga o exemplo da Igreja Primitiva – na paixão pela evangelização, na simplicidade, no amor fraternal que não admite que haja necessitados na Igreja, porque ajuda “cada um conforme a necessidade de cada um”.

O pastor jubilado freqüentemente repete o episódio de Elias perante o incrédulo Acab. Este pergunta ao profeta: “És tu o perturbador de Israel?”, e então tem de responder como Elias: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu...

Os preconceitos são sempre ruins. Não se pode ter preconceito contra o trabalho da mulher, contra o entusiasmo e a expansibilidade do jovem, nem contra o trabalho do idoso. Precisamos é estar firmados nos princípios bíblicos, da ética cristã; podemos ser conservadores sem ser retrógrados, e podemos ser modernos sem ser modernistas e seguidores de modismos.

Que a Igreja Presbiteriana do Brasil valorize o pastor de almas melhor preparado possível, mas nunca o substitua pelo que é apenas bacharel, mestre ou doutor. Que nossos seminários tenham como professores, ministros que antes de tudo sejam pastores provados e bem sucedidos, para poderem realmente formar pastores, pois é de verdadeiros pastores que a Igreja necessita.