Batismo de crianças
Assim como a “Ceia do Senhor” substituiu a celebração da Páscoa, o Batismo sucedeu Circuncisão. São as duas ordenanças do Antigo Testamento substituídas por Cristo por aquelas que tem significados semelhantes: respectivamente sacrificio e purificação.
Todas as crianças eram circuncidadas: “o filho de 8 dias será circuncidado” - Gn 17.12, isto é recebe o sinal de pertencer também ao povo de Deus, Israel, pelo fato de serem filhos de israelitas. As crianças. agora sem distinção entre meninos e meninas. são batizadas também pela simples fato de serem filhos de pessoas que pertencem ao mesmo povo de Deus, a Igreja. A semelhança é esta: a circuncisão não era feita porque as crianças cressem, mas por serem filhos de israelitas: assim também o batismo, que substitui a circuncisão, é aplicado às crianças - não porque creiam - mas porque seus pais pertencem ao povo de Deus.
Em Cl 2.11-12 fica bem claro que o batismo é a “circuncisão de Cristo”.
A circuncisão significava e o batismo significa que aqueles que o recebem pertencem ao povo de Deus na Terra. Não significam que quem os recebeu está salvo. A diferença é que a circuncisão marcava na carne para sempre, enquanto o batismo marca no espírito, pela lembrança que fica na mente da pessoa batizada. Por isso mesmo a criança deve saber que foi batizada e assim dedicada a Cristo, e pertence a Igreja visível de Cristo no mundo. Isso deve ser um estímulo para ela, que deverá estar sob os cuidados espirituais da Igreja.
Não há no Novo Testamento um único texto do qual se possa inferir que crianças não foram batizadas pelos apóstolos. Ao contrário, nas famílias de Lidia (At 16.15), do carcereiro de Filípos (At 16.33), de Estéfanas (1Co 1.16) não haveria nenhuma criança? Também não haveria crianças entre o grupo que foi batizado em casa de Cornélio, onde deviam estar várias familias (At 10.4, 47-48)? Isso é totalmente improvável.
É anti-bíblico negar o batismo às crianças filhas de crentes.
Uma objeção frágil
Citar Mc 16-16 (“aquele que crer e for batizado será salvo”) como indicando que só pode ser batizado quem crê, é forçar o texto.
Nesse texto Cristo está ensinando que aquele que crer deve ser batizado e jamais ensinaria que o batismo é necessário para a salvação, ou que o batismo seria o sinal de que alguém está salvo. O ladrão crucificado ao lado de Cristo foi salvo e não foi batizado.
Além disso, Cristo está dizendo que quem crer será salvo. Prova disso é o que Ele diz na 2a. parte do versículo - “mas quem não crer será condenado”. Evidentemente o texto não se aplica a crianças muito pequenas que, não crendo, estariam condenadas - se o texto falasse de crianças: isso estaria contrariando o ensino de Cristo sobre as crianças - delas “é o Reino dos Céus” - Lc 18.16, Mt 19.14 e outros.
Consequências desta doutrina na vida cristã
1. O ensino sobre Batismo e Profissão de Fé nos infunde responsabilidade diante de Deus: é dever nosso buscar o batismo desde que cremos, e assim também levar nossos filhos a Cristo e ao batismo: as duas atitudes como testemunho de nossa fé, e afirmação de que pertencemos ao povo de Deus, como era também no Antigo Testamento.
2. Este ensino não tem o objetivo de levar-nos a discutir com batistas e outros que adotam a forma imersionista e não batizam crianças. Entendemos assim e assim agimos, mas aceitamos que outros cristãos pensem e ajam de modo diferente. Cada um deve ter suas convicções e agir convictamente - Rm 14.5.
Compreendamos que formas de batismo e de governo de Igreja são doutrinas importantes, porém secundárias. Compreendamos que mais importante é sermos um POVO, uma família (1Pe 2 9; Ef 3.14-15); que entre nós deve existir o mesmo sentimento de fraternidade e de unidade. Textos como Rm 14.1-6, 1Co 8.4-13 e 19.23-33 devem levar-nos à busca da unidade tão desejada por Cristo - Jo 17.20-23. É o que poderíamos chamar “ecumenismo evangélico”; não o ecumenismo católico-romano e de cristãos liberais que entendem que devemos até sacrificar convicções evangélicas em favor de um ecumenismo demasiadamente amplo. Falta de convicções e de firmeza doutrinária enfraquecem o crente e a própria Igreja.
3. Devemos amar sinceramente as outras denominações realmente evangélicas e cooperar com todas na obra de evangelização. Até algumas entidades interdenominacionais existem e realizam excelente trabalho: sociedades bíblicas e de serviços sociais, por exemplo.
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