quarta-feira, junho 30, 2010

Cuida de Ti

Paulo escreveu isto a Timóteo, seu filho na fé. Aí estava não só um conselho, mas um aviso sério. Timóteo devia cuidar-se porque havia muita possibilidade de vir a tornar-se motivo de escândalo em vez de ser exemplo dos fiéis, se se descuidasse de si mesmo.
Todos os pastores conhecem esse texto, mas, através dos séculos, especialmente nos tempos modernos, muitos têm se descuidado.
É impressionante o número de pastores que, todos os anos, são disciplinados nas mais diferentes denominações, e até despojados do ministério.
Em que faltas têm caído? Duas, especialmente: adultério e desonestidade. Sedução do sexo e das riquezas.
Imprudentemente, pastores - jovens e também de idade- começam a permitir-se o flerte e a fantasia com mulheres da igreja ou de fora. Segundo Cristo, no Sermão da Montanha, já adulteraram em seu coração- Mt 5.28-29. Mas iludem-se pensando que o flerte não passará disso. Se o flerte é correspondido, o pastor que devia ser uma bênção passa a ser uma vergonha e desgraça. “Arranca o teu olho, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mt 5.29).
A linguagem de Cristo é figurada aqui. De nada adianta ficar cego e continuar cobiçando. Ore a Deus, peça-lhe que arranque de seu coração essa afeição, essa afinidade perigosa que está se formando; peça-Lhe que o mesmo aconteça na outra pessoa. De Deus é que pode vir o socorro.
Outra armadilha preparada por Satanás é o amor do dinheiro, raiz de toda espécie de males. De início ninguém vai reconhecer que é amor ao dinheiro; oficialmente, é a necessidade: de um mínimo de conforto; de um nível de vida condigno de um pastor; de dar à família o melhor em matéria de educação e amparo; mas aquele nível desejado nunca é atingido. Sempre é necessário mais. E quanto mais ganha, mais quer ganhar.
No começo da vida pastoral, o pastor vivia como os demais crentes; logo ele já possui um status superior mas, justifica-se, é natural que seja assim; agora ele já pensa na necessidade de formar um patrimônio para ele e sua família desfrutarem na velhice, que ainda vai levar mais de 30 anos para chegar. Afinal, ele não estuda para pregar e ensinar? Não gastou 4 ou 5 anos no Seminário (embora o Curso Teológico lhe tenha sido dado de graça pela Igreja)? Não faz ele bons sermões e estudos inteligentes? Não tem sido sábio como administrador? Não tem a Igreja crescido sempre? Não deve o lavrador ser o primeiro a gozar dos frutos da lavoura? Assim tenta justificar-se e explicar a razão por que sua situação financeira e econômica é privilegiada em comparação com a dos crentes comuns.
Mas o pior é que, como profissional(!) bem sucedido, ele já se julga de uma categoria superior de pastores. É um executivo(!) e deve ganhar como tal!
É ainda pior quando, para ganhar cada vez mais, o pastor (que fora chamado para servir), vai exercer uma profissão paralela. Geralmente o ministério vira bico muito rendoso, pois passa a ser atividade de fim de semana. Mas que ofensa falar nisso! - protestam.
Alguns dos que se embaraçam com negócios desta vida (2Tm 2.4) terminam processados na justiça civil. É um fato, não é uma suposição.
Ah! Se todo pastor se convencesse de que Paulo ensina é a nós mesmos, pastores: “nada trouxemos para este mundo e é certo que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas... porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.” Ah! se todos ingressássemos e permanecêssemos no ministério dispostos a viver uma vida simples e condigna! Ah! se todos nós considerássemos que quando Jesus diz: “digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.8), está dizendo que a contrapartida é esta: o obreiro precisa ser digno de seu salário, realmente merecedor dele.
Pedro (5.2) nos adverte sobre a torpe ganância, como Paulo sobre o perigo dos que querem ser ricos. Em 1Co 9.18 Paulo deixa claro que o melhor prêmio é propor de graça o Evangelho de Cristo. Cristo ensinou de “graça dai o que de graça recebestes”.
Quanto ao sustento do obreiro e sua família, é Cristo Quem ensinou em 1Co 9.14: “...os que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho.” Para que outras profissões? A Igreja instruída compreende isso. É o mesmo princípio do Velho Testamento para sustento dos levitas.
Nós, pastores, não devemos pôr um preço em nossos serviços pastorais, como se fôssemos profissionais e nossos irmãos fossem os consumidores.
Seja um obreiro fiel! Não trabalhe por salário nem por ganância; seja fiel ao Senhor da Igreja e Ele providencia o seu sustento. Em todas as circunstâncias, estejamos com isso contentes. Isso é viver pela fé!

terça-feira, junho 22, 2010

A Comunicação na Vida do Casal (um estudo inacabado)

Vós, maridos, coabitai com elas (esposas) com entendimento.” “Vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres”. Aí estão o texto de 1Pe 3.7 nas traduções de Almeida (corrigida) e NVI. Ambas estão corretas, com palavras diferentes.
A primeira diz: “com entendimento”. Por que?
Entendimento é acordo, assentimento. Quando não há entendimento há desentendimento, conflito.
Entendimento ajuda a aperfeiçoar o amor; desentendimento e indiferença levam ao desamor. Não há como disfarçar; qualquer dos dois traz o esfriamento e esfriamento traz separação.
Há muitos motivos ou ocasiões de desentendimento na vida de um casal; geralmente, diferenças:

l. de temperamentos;
2. de costumes;
3. de educação;
4. de opiniões e conceitos;
5. de religião;
6. de conceitos de vida cristã, além de:
7. importância dada ao dinheiro;
8. vida sexual do casal;
9. a educação dos filhos; e
10. relacionamento com os pais e sogros.

1. Temperamentos: sanguíneo, colérico e fleugmático. Temperamento não muda jamais; perca a esperança! Mas o temperamento, seja qual for, pode e deve estar sob controle - é o “domínio próprio”, longe de extremos e excessos (Gl 5.22). Duas pessoas viverão bem, tanto como amigo, companheiros de trabalho ou marido e mulher, se um respeitar a maneira de ser do outro, inclusive do seu temperamento; não tentando mudá-lo, mas adjudando-o a evitar os excessos causados pelo temperamento, seja o colérico, o sanguíneo, ou o fleugmático.
2. Costumes são adquiridos pela prática continuada na educação, ainda na infância, no trabalho, no estudo ou qualquer outra atividade. São os hábitos. Há aqueles que são bons e nos ajudam a fazer com facilidade aquilo que para outros é difícil; mas há também os hábitos prejudiciais que devem ser mudados. Nisso também podemos ajudar-nos como companheiros de estudo, de trabalho, amigos ou cônjuges.
3. Educação. São as “boas maneiras” que variam de família para família, de povo para povo. Quando um percebe que suas maneiras chocam o outro, convém evitá-las para não se tornar desagradável.
4. Opiniões e conceitos. Aí está um campo em que é mais difícil alguém mudar, mas se tivermos humildade para reconhecer que somos falíveis, e que nossos conceitos e opiniões podem estar errados ou podem ser melhorados, conseguiremos as mudanças que forem necessárias ou, pelo menos, razoáveis. É com o diálogo amigo que podemos mudar ou ajudar o outro a mudar, mesmo no campo moral e religioso. Em alguns desses conceitos temos que ser intransigentes conosco mesmos, mas ao mesmo tempo temos que ser compreensivos e tolerantes com os outros.
5. Quanto ao dinheiro e seu lugar em nossa vida, precisamos ter sempre em mente aquilo que é necessário e justo, e aquilo que é supérfluo e até injusto. A boa mordomia cristã é que nos ajudará a administrar bem o dinheiro para nosso próprio bem e da família, e também em favor do próximo. Nada de “gastança”, nem de avareza, de desperdício e de egoismo, mas convém lembrar sempre que “todo o ouro e toda a prata” pertencem a Deus, sendo nós os mordomos a quem Ele confiou a guarda e administração desses bens.

(estudo inacabado)

sexta-feira, junho 18, 2010

Imposição de mãos

Na Bíblia existem muitos símbolos: objetos e gestos simbólicos. Ainda por ocasião da criação, no Jardim do Éden, Deus chamou uma árvore de “árvore da vida”, e chamou outra de “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn2.9). Nenhuma delas tinha algum poder mágico; Deus proibiu Adão e Eva de comerem os frutos da segunda. Obedecer rigorosamente a ordem de Deus era condição para terem a vida dada por Deus; desobedecer e comer do “fruto proibido” seria trazer para eles a morte.
Eva deu ouvidos à serpente (Gn 3.9 e Ap 12.9) – que simbolizava Satanás, o Adversário; Eva comeu e Adão também. Dessa forma perderam o direito de comer do fruto da “árvore da vida”, certamente morreriam, tornaram-se mortais ; este foi o castigo que Deus lhes impôs. Eles provaram o gosto da desobediência, o gosto do pecado, tornaram-se pecadores, uma herança que transmitiram à sua descendência, a humanidade toda. É simbólico também o ato de Deus expulsando-os do Éden, embora fosse um fato real.
O símbolo da “arvore da vida” é referido em Apocalipse 2.7.
“Levantar as mãos” ou “imposição de mãos” é também um gesto simbólico. Na luta dos israelitas com os amalequitas (Ex 17.11-12), enquanto o servo do Senhor permanecia com as mãos erguidas, os israelitas venciam; simbólica também era a “vara de Moisés”. Isto nos ensina que precisamos estar sempre intercedendo junto ao Senhor, uns pelos outros, pedindo a proteção de Deus. Não se esqueça de que o ato simbólico não é um ato mágico; ele apenas simboliza a intercessão e a desejada ação de Deus.
Assim também com a posição do corpo enquanto oramos. Orar de joelhos é símbolo de submissão a Deus, mas apenas símbolo. Orando em pé ou deitados, ou sentados, o que importa é que estejamos submissos à vontade de Deus.
Assim também a “imposição das mãos do Presbitério” - em 1Tm 4.14; assim também o levantar as mãos quando o pastor repete as palavras da chamada “bênção apostólica”. Alguns pastores dizem “recebei a bênção” e podem dar a falsa impressão de que eles dão a bênção. Não é assim, as palavras proferidas, contidas em 2Co 13.13 são uma breve oração; receber a bênção , efetivamente, depende da disposição do ouvinte e da vontade de Deus.
Como eu dizia no início, há muitos símbolos nas Escrituras: na celebração da Ceia, Cristo disse “tomai e comei, isto é o meu Corpo” (Mt 26. 26-28). Neste ponto Cristo está nos ensinando que precisamos alimentar-nos espiritualmente com a Sua Palavra, de tal modo que possamos dizer que Cristo habita em nós (Ef 3, 17; Cl 3.16).
É muito ruim confundir o símbolo com a coisa representada; nós não comemos o corpo de Cristo nem bebemos o Seu sangue. O levantar das mãos de Moisés não era um gesto mágico, como também não é o levantar das mãos do pastor quando impetra a “bênção apostólica”; porém o pastor não é obrigado a fazer esse gesto; faz porque é um costume adotado pela Igreja.
O que importa é que sempre, em tudo, obedeçamos a Deus, cooperemos com o Espírito Santo na obra de nossa santificação; que não nos deixemos enganar pela “serpente” - outro animal real, que representava Satanás. Leia Ap 12.9.
É oportuno lembrar a exortação de Pedro em sua mensagem do dia de Pentecoste: “Salvai-vos desta geração perversa” (At 2.40)
Essa geração pervertida, corrompida, materializa o que é espiritual, e perde a essência do ensino bíblico; despreza o ensino bíblico, especialmente a Ética cristã contida em todos os dez mandamentos, e são muitos os que professam um Evangelho sem Ética. A correta recomendação de Paulo é esta: “Não vos conformeis com este mundo”, ou não tomeis a forma deste mundo.
Importa pedir em tudo a iluminação do Espírito Santo, para que não nos enganemos e não sejamos enganados.

quarta-feira, junho 16, 2010

Vocação Pastoral

Caríssimo irmão
Recebi sua carta. pela internet; meu filho Rubens é quem tem ajudado no meu atual ministério, através do “blog”.
Sou pastor, pela vocação inconfundível de Deus. Senti-me chamado por Ele quando tinha 18 anos e já era bem ativo no trabalho na Igreja Presbiteriana Unida de S. Paulo embora já ouvisse de irmãos, que eu seria pastor e pregador, procurei não deixar-me sugestionar. Mas um dia, lendo o jornal “Mocidade” - publicado no Rio para toda a Ig. Presb. do Brasil tendo à frente Paulo Lenz César e seu primo Valdo César, li um pequenino artigo escrito por um seminarista, que falava sobre sustento do pastor. Não era esse um assunto que me tocasse ou impressionasse, mas lendo-o senti nessa hora que Deus estava me chamando para ser pastor. Não era meu costume orar de joelhos, mas nesse momento me emocionei, ajoelhei e orei. Pedi a Deus que se Ele estivesse me chamando, deixasse isso bem claro, que eu estava disposto a atender.
Levantei-me convicto; Deus me chamava, me vocacionava.
Falei sobre isso com minha namorada – com quem estou casado há 59 anos e meio; falei depois com o pastor da Igreja, Rev. Agostinho Carvalhosa e 3 anos depois fui para o Seminário Presb. de Campinas; casei-me 2 anos depois. Conservara o emprego no Centro de Saúde para garantir o sustento modesto, trabalhando 4 a 5 horas por dia, das 17 às 21 horas.
Era aluno regular no Seminário; não tive dificuldades com o Presbitério; fui licenciado em 1953, ordenado em 54 e jubilado em 1998, com 71 anos completos e 45 de pastorado; ainda exerci o pastorado por mais 6 anos.
Jamais tive dúvidas sobre a vocação. Tive lutas muito sérias com os Presbitérios. Pastoreei minha primeira Igreja por 8 anos e outras por 14 anos, 7 anos, 5 anos e outras por 1 a 3 anos; ao todo cerca de 17 Igrejas e 6 ou 7 congregações; várias delas eu mesmo inciei com outros irmãos, às vezes 2 ou 3 ao mesmo tempo, mas sempre por iniciativa de Deus. Ele abria as portas e eu entrava com convicção e entusiasmo. Deus fez grandes coisas por mim, inclusive no campo de ação social, em Carapicuiba, onde iniciei o CEPHAS (Centro Presb. Humanitário de Ação Social – creche, escola de datilografia, reforço escolar; chegamos a ter quase 200 crianças sendo assistidas.
Mas por causa da intromissão do Adversário no Presbitério, acabei processando o Presbitério de S. Paulo, um dos mais antigos da IPB, e em conseqüência o Sínodo de S. Paulo o dissolveu. Fiz grandes amigos e também inimigos. Tenho dito que “o mundo tem invadido a Igreja” com o mercenarismo, o narcisismo e o corporativismo de falsos pastores – que sempre existiram, tanto antes de Cristo (Jr. 23.1-2) como no tempo dEle e após (Jd 1.2-19).
Quando consciente da vocação divina, temos que aceitar todos os desafios, trabalhar e batalhar muito, sob a direção de Deus.
Também temos de lembrar que há diferentes ministérios na Igreja Cristã – o pastoral, o presbiterial, o diaconal e outros. A Moisés Deus deu o ministério profético e a missão de líder; a Arão e Miriam, outros ministérios, e quando Arão quis ser profeta sem ser chamado, ele e Miriam foram seriamente repreendidos por Deus. Cada um deve fazer o que Deus indica.
Assim também é hoje: cada um deve estar no ministério indicado por Deus; não podemos usurpar outro.
Conto-lhe e digo-lhe tudo isso, na esperança de que isto o ajude a examinar e compreender seu caso.
Ore, e eu também já estou orando por você. Se Deus o chamou e o que como pastor, você será pastor com o apoio ou a despeito de qualquer oposição. Mas se Deus o quer como presbítero e pregador, você será; se Ele o quer como pastor, nada o impedirá. O que importa é o ministério e não o cargo – são duas coisas não conflitantes, mas muitas vezes independentes uma da outra.
Sobretudo, ore e procure fazer aquilo que Deus estiver lhe mostrando bem claramente. O texto de Ec. 9. 1 e 10 é apropriado: “Deveras resolvi todas estas coisas no meu coração ... que os justos e os sábios e as suas obras estão nas mãos de Deus... Tudo quanto vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças...”
Por favor, torne a escrever-me; quero continuar a orar por você.
Seu irmão,
pastor Rubens

(texto de resposta a um pedido recente feito por um pastor presbiteriano)

terça-feira, junho 08, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 8

O "stress", tensão nervosa, tornou-se o “mal do século”. Certamente sempre existiu, mas em nosso tempo, se a tecnologia afeta todos os campos da vida humana e traz grandes benefícios, traz também outros motivos de tensão. O trabalho, fonte de riqueza para muitos e de sustento insuficiente para outros, é também, motivo de “stress”.
Aquele que realiza o seu trabalho com a certeza de que seu salário é insuficiente para o sustento da família, fica “estressado”. Se, para ganhar mais, ele passa a trabalhar acima de sua capacidade física, sem descansar, fica esgotado e “estressado”.
O empresário-patrão também vive preocupado, pois precisa vender o seu produto vencendo a concorrência; pagar todos os seus compromissos, sem o que precisará recorrer à concordata, ou enfrentar a falência. Isso lhe traz o “stress”. Se, para aumentar os lucros, passa a pagar pouco a seus funcionários, sua consciência o acusa quando sabe das dificuldades deles.
Nos estudos, na política, no campo afetivo, na vida familiar, em todos os setores da vida humana, há fatores “estressantes”.
Nos ensinos bíblicos encontramos os princípios que nos habilitam a enfrentar, resolver ou superar cada problema ou situação que se apresente.
Leia a Bíblia e encontre-os.

(fim do estudo)

quarta-feira, junho 02, 2010

240 por 50 em 50

Após 240 postagens neste blogue, a "mailing list" contendo aqueles que recebem os estudos postados via "e-mail" chega a 50 nomes.
Mais do que eu pude imaginar quando comecei a postar os estudos do meu pai, há exatos 50 meses.

terça-feira, junho 01, 2010

A obra de Deus e o Trabalho - 7

O assalariado e o patrão - Este é outro ponto importante abordado nas Escrituras. Nos livros da Lei encontramos leis que visam a preservação do princípio de justiça. Por exemplo, em Levítico 19.13: “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até a manhã”. Isto significa que reter o salário do trabalhador, ou atrasar o seu pagamento propositalmente é uma forma de opressão e roubo.
Tiago, o irmão de Jesus, escreve uma severa reprimenda ao patrão injusto, que enriquece pagando mal aos seus empregados: “Eia, pois agora, vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos da traça, o vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos” (Tg 5.1-4).
Em Jeremias 22.13, outra advertência: “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem paga, e não lhe dá o salário do seu trabalho". As relações entre patrão e empregado podem e devem aprofundar-se, de modo que passem a ser parceiros, ajudando-se mutuamente. Um exemplo disto encontramos na Carta de Paulo a Filemon, com a qual ele está enviando Onésimo - servo de Filemon - de volta ao seu senhor. Paulo não desacatou as leis vigentes nas nações, nem Cristo o fez, mas mostraram como no seio das nações com leis injustas, pode o cristão praticar a justiça. E diz a Filemon, o patrão, que Onésimo - antes um incrédulo, mas agora um cristão - fora um inútil, mas agora seria um cooperador de Filemon. Este deveria receber de volta o servo Onésimo, porém, “não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado...”. O patrão pode ver no empregado não apenas “mão de obra”, mas sim um colaborador, um ser humano, e entre eles pode haver uma relação de amizade. Essa mesma visão pode e deve ter o empregado.
Disto deu exemplo o próprio Cristo. Reconhecido pelos apóstolos como Senhor, Ele se dirige aos “servos” agora, nestes termos: “Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos; porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer”.
Evoluiu, ainda, o relacionamento entre eles, de modo que ao fim Ele, após a ressurreição, envia pelas mulheres a quem apareceu, esta mensagem: “...ide dizer a meus irmãos que vão a Galileía, e lá Me verão”- Mateus 27.10

(continua)