sexta-feira, agosto 13, 2010

O pastor e o trabalho secular

Um pastor certa vez perguntou sobre a compatibilidade entre o cuidado pastoral de uma igreja e a atividade profissional secular. Eis a resposta:
"Sua consulta merece bastante atenção, pela relevância do assunto. Tenho me inspirado no exemplo e ensinos de Paulo como o grande pastor que foi. Sua consciência de vocação para ser missionário e pastor era profunda, veja At 20.24.
Ele também cita o ensino de Cristo em 1Co 9.14. E se deu inteiramente ao ministério.
Quando houve necessidade, "teceu tendas"; não para melhorar sua situação financeira, mas para "não ser pesado a ninguém" - 1Ts 2.9 e 2Ts 3.8 - e ao mesmo tempo realizar seu ministério - At 18.8. Seu ideal, porém, era dedicar-se só ao trabalho pastoral e missionário - 1Co 9.6; 1Tm 2.4.
Eu também tive a experiência de trabalhar fora, ao lado do trabalho pastoral. Foi quando, em meio a uma crise no meu Presbitério e Sínodo, não tinham condições de sustentar nenhum dos pastores e deram-nos liberdade para trabalhar fora. Eu e o Rev. Wilson Lício fomos dar aulas em escolas estaduais; outros dois foram ganhar o sustento de outra forma. Todos, para continuar no ministério.
Dei aulas de Educação Moral e Cívica e outras matérias durante 11 anos, e não perdia a oportunidade de falar do Evangelho, quando o assunto oferecia espaço para isso. Foi uma experiência também rica; era antes de tudo um pastor dando aulas; e fui bem sucedido. Somente após 11 anos, por insistência minha, o Presbitério me deu condições de ser só pastor. Foi em janeiro de 1982; então fui pastor em tempo integral, novamente, por mais 23 anos, até ser forçado a deixar o trabalho devido ao derrame cerebral que acometeu minha esposa. Sou cuidador dela até hoje.
Voltando ao seu caso:
Seu trabalho na Prefeitura pode, mesmo, ser visto como uma oportunidade de exercer boa influência na sociedade; seria excelente lugar para fazer isso. A Igreja de modo geral deve se preocupar em preparar os crentes para ocuparem cargos de mais importância e projeção social.
E quando essa oportunidade se oferece a um pastor, como é o seu caso?
É necessário ver o que é prioritário. Prejudicar a igreja não é justo. Se não houver um leigo cristão que faça esse trabalho na Prefeitura, veja se encontra - e a igreja aceita - um pastor auxiliar. Se não for possível, creio que a prioridade é atender a igreja. Através de leigos bem orientados, a igreja pode exercer influência salutar em toda a sociedade. E os pastores serão apenas pastores.
Impressiona-me o que Cristo disse em Lc 17.10. Qual de nós consegue fazer "tudo"? "Uma coisa faço" - escreveu Paulo em Fp 3.13. Ore, pense bem e tome a decisão prudente.
Podemos conversar mais. Que Deus o ajude. Fale-me sobre seu ministério e seu campo de trabalho.
Seu irmão,
Rubens Pires do Amaral Osório"

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