AS INSTITUIÇÕES DIVINAS
I. O TRABALHO
Deus não deixou ocioso no Éden o homem que criara. Gn 2.15 diz que Deus colocou Adão “no jardim do Éden para o lavrar e guardar”. “Lavrar a terra”, evidentemente para que o jardim não se transformasse em floresta inabitável; “guardar a terra”, certamente dos animais predadores, para preservá-lo. Era, inicialmente, um trabalho braçal, porém trabalho ameno, e suficiente para prover o seu sustento. Só após a queda no pecado é que o trabalho se tornou penoso e até opressivo – Gn. 3.17-19.
No 4o. mandamento, dado através de Moisés muito mais tarde, Deus nos ordena trabalhar seis dos sete dias da semana.
Note-se, porém, que ainda no Éden, Deus ordenou ao casal: “enchei a Terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”. O Salmo 8 completa: “fazes com que ele (o homem) tenha domínio sobre as obras das Tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés”. O ser humano teria uma capacidade crescente de domínio sobre a criação. Hoje estende esse domínio, ainda que parcial, até o espaço sideral, com as viagens interplanetárias.
O homem foi colocado por Deus como mordomo dos demais seres criados. Dessa mordomia certamente tem que prestar contas a Deus; é uma das lições contidas em Mt 25.14-30, a parábola dos talentos. A figura de mordomo é também usada por Cristo em Lc 12.42-43.
O trabalho é uma bênção que Deus dá a todos, a cada um segundo a sua capacidade, inclusive às crianças. É perigosa, quando mal feita, a campanha contra o trabalho infantil. Ninguém tem o direito de explorá-la, mas a criança também deve aprender a trabalhar e ter obrigações. O trabalho é educativo, e não é só emprego; assim também o trabalho doméstico.
O trabalho continua sendo instituição a ser respeitada, porque vem de Deus. É necessário, porém, que observemos os característicos do trabalho instituído por Deus:
1o.) Preservação da natureza. Uma das tragédias da atualidade é a falta de cuidados com a natureza: destruição motivada pela ambição de lucro, e poluição pelo desleixo; ambos são crimes contra a ecologia.
2o.) Outro característico: ser produtivo. Através dos tempos o homem foi inventando formas de trabalho que não produzem nada, senão enriquecimento e satisfação da vaidade. Então surgiram, mesmo antes dos faraós, as chamadas “obras faraônicas”, como as da Babilônia. Era ostentação de riqueza e de poder. A primeira desse tipo foi a Torre de Babel. Além de não ser um trabalho produtivo, era realizada geralmente com trabalho escravo. Não é isso mesmo que se observa hoje? Obras faraônicas para satisfação e proveito de algumas pessoas ou de algumas classes sociais; e a escravidão continua existindo de forma disfarçada: de um lado classes sociais privilegiadas que usufruem, e de outro lado a mão de obra explorada, de classes sociais vivendo miseravelmente – ostentação de riqueza e miséria lado a lado – porque o trabalho não é visto como necessariamente produtivo. São inúmeras as atividades econômicas modernas que não produzem nada, a não ser lucro para alguns e satisfação da vaidade, e continua sendo à custa da exploração desumana do trabalho alheio.
Assim é em grande parte o trabalho de bancos e outras instituições financeiras. O “trabalho” dos produtores e comerciantes de tóxicos ilegais é assim; milhares ou milhões de pessoas “trabalhando” na produção e no comércio das drogas, sem nada produzir de bom. Também o simples entretenimento, em todas as suas formas, é levado a um exagero incrível sem nada produzir, senão lucro para os empresários e grandes artistas, seja o teatro, o futebol, a televisão, ou qualquer outro. O traficante julga que está trabalhando, assim também os prostitutos e prostitutas, hoje chamados “trabalhadores do sexo”. São ocupações mas não são trabalho; para ser trabalho, toda atividade precisa estar de acordo com a origem que vem de Deus: ser boa, produtiva e honesta; não comporta degradação moral, da natureza, nem exploração do homem pelo homem.
Assim também atividades como a moda e o turismo. Se não se esquecessem de que toda atividade para ser honesta tem que produzir bens necessários e duráveis, cuidariam dos aspectos educativos que o turismo pode ter, e da produção de vestes e agasalhos realmente necessários para todos, e não peças de roupas mais para despir do que para vestir, e nem só para uma classe perdulária e frívola, estimulando ainda mais a vaidade e a frivolidade, em um mundo onde há bilhões, vivendo miseravelmente.
Quantas outras atividades inúteis e até mesmo nocivas – como as loterias e os jogos de azar – ocupam o tempo e as energias de milhões de pessoas, e redundam na destruição moral e física das pessoas!
Cada pessoa que teme a Deus deve verificar se a atividade a que se dedica é realmente honesta, produtiva, benéfica em todos os sentidos. Se não, mude de profissão, de emprego, de trabalho.
O moderno consumismo, com todos os seus males, é o grande estimulador da frivolidade, quando há tanta coisa construtiva e edificante em que devíamos todos ocupar nosso tempo e nossas capacidades. O trabalho que nada produz é nocivo e uma das causas da má distribuição de renda, e da conseqüente miséria.
O grande apóstolo Paulo escreveu: “Vede prudentemente como andais, não como néscios (tolos) mas como sábios, remindo (usando bem) o tempo, porquanto os dias são maus” - Ef 5.15-18.
(continua)
1 comentário:
Caro Rubens, é prudente deixar a Caixa Federal, perto da aposentadoria. Minha vontade é sair mesmo, mas penso se não é temerário. Queroi ajudar a Flávia na Facul e eu mesmo estudar Psicologia. Sei que Deus tudo pode, mas não O estaria tentanto?
Por favor, me aconselhe. Seu amigo
Arnaldo
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