terça-feira, outubro 20, 2009

Instituições Divinas e Invenções Humanas - 3

II. A FAMÍLIA

A família é a segunda grande instituição estabelecida por Deus. Ele criou primeiro o varão – Gn 2.7-17 – cujo nome, “Adam”, é cognato de “adamah” (terra). Em Gn 1.26 “Adam” é o substantivo que designa o homem no sentido genérico – ser humano – homem e mulher (Gn 1.27). Sabemos disso porque a palavra hebraica que se traduz por varão (homem, sexo masculino) é “ish”, e a palavra que encontramos em Gn 2.22 é a palavra “ishah” que se traduz por “mulher”; Deus criou o varão do pó da terra (Gn 2.7); já a mulher Deus fez ou criou usando como matéria não mais “pó da terra”, mas sim carne e osso de Adão (“uma de suas costelas”-Gn 2.21). O texto bíblico deixa bem claro que a mulher não foi feita de material inferior, mas de parte do próprio homem.

Comentou Santo Agostinho, que Deus não fez Eva dos pés de Adão como a indicar que ela seria inferior e pisada pelo homem; não a fez da cabeça do homem como a indicar que ela seria superior, e deveria dominá-lo, mas a fez de uma de suas costelas, de um de seus lados, como a indicar que estaria sempre ao seu lado, de sob o seu braço como indicando que ela estaria sempre sob a proteção do homem, e de junto de seu coração, como a indicar que ela seria o alvo dos afetos do homem.

Diz ainda o texto de Gn 2, no versículo 22, que Deus fez a mulher e “a trouxe a Adão”. Não seria para estar longe de Adão, em outro local do jardim, porém junto dele. Vemos aí o momento exato em que Deus uniu o homem e a mulher como casal, fundando a família. O texto de Gn 1.27-28 se encaixa exatamente aí – a ordem de multiplicar-se e dominar a Terra. Desde então seriam marido e mulher para juntos cumprirem a ordem de Deus.

A missão de marido e mulher, de multiplicarem-se gerando filhos, não seria simplesmente gerá-los, tal como fazem os irracionais, num crescimento populacional irresponsável, mas como seres inteligentes à semelhança de Deus, tendo também a responsabilidade de criá-los e educá-los, transmitindo-lhes conhecimentos e também formando seu caráter, o que inclui a formação religiosa dos filhos, segundo Dt 6.4-9.

Multiplicar-se, então, não significa apenas a perpetuação da espécie humana. O profeta Malaquias (2.14-15) diz: “Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher de tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher do teu concerto. E não fez somente um, sobejando-lhe espírito? E por somente um? Ele buscava uma semente de piedosos.

Marido e mulher, ao gerarem seus filhos, deverão estar assumindo a responsabilidade de educar os filhos transmitindo-lhes conhecimentos sobre a natureza, como produzirem os bens necessários, e o reconhecimento dos valores morais e espirituais. O Salmo 78.1-6 fala da transmissão de pais para filhos, das maravilhas realizadas por Deus.

A tarefa de educar é tão importante ou mais importante do que a tarefa de produzir os bens materiais. Essa tarefa cabe primeiramente à família. A escola, necessária sem dúvida, deve ser vista como auxiliar da família. Especialmente as escolas de crianças e jovens precisam ter o caráter de educandários e não de “deseducandários”, como muitas vezes tem acontecido há tempos e presentemente.

Ter filhos, criá-los e educá-los para serem tementes a Deus é o nosso dever.

Para isso Deus nos habilita. Ele nos educa para que também possamos educar. Primeiro, colocando no coração ou na consciência de cada um a Sua Lei – Rm 2.14-15: “De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os”.

Mas além da Lei colocada na consciência moral de cada um, Deus nos deu a Lei escrita em toda a Escritura Sagrada; lei resumida nos 10 mandamentos – Ex 20.1-17. Ela nos é dada para ajudar-nos a conhecer em detalhes o que Deus requer de nós.

É necessário, ainda, observar que a família instituída por Deus começa com a união de um homem e uma mulher – família monogâmica. Ensinam-nos ainda as Escrituras que Deus “odeia” ou “aborrece o repúdio” – Ml 2.16. Jesus Cristo, em Mt 19.3-12 e Mc 10.1-12, também fala do casamento como união que só pode desfazer-se por morte de um dos cônjuges – 1Co 7.39. Somente o adultério é apontado por Cristo como causa justa para divórcio (Mt 19.9).

Essa é a família instituída por Deus.

(continua)

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