quarta-feira, julho 29, 2009

Palestra com Noivos - 17

O versículo 4 diz: “A mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também o marido não tem poder sobre seu próprio corpo, mas tem-no a mulher”.
O que Paulo mostra, aqui, é que cada um deixa de ser dono de si mesmo, de seu corpo, pois se deu efetivamente ao cônjuge. Seu corpo não é só seu, mas é também do outro. Assim como as mãos socorrem os pés em alguma necessidade, e são os pés que levam todo o corpo de um para outro lugar, assim também entre o casal: o corpo de um serve ao corpo do outro.
Cabe aqui uma palavra sobre o tipo de relação sexual que seja agradável e satisfatória para ambos. Existe a relação chamada genital, que se caracteriza principalmente pela conjunção dos órgãos sexuais feminino e masculino. Existe também a relação mais sensual, em que os parceiros se excitam mutuamente, com muitas carícias, antes da conjunção genital.
Cada casal decidirá, ao passar dos dias, sobre o tipo de relação sexual que lhe convém e satisfaça a ambos, e poderá variar conforme as condições e a disposição de cada um. Isto é assunto do casal tão somente. Podemos usar uma comparação: há pessoas que, quanto à alimentação, comem o que lhes é bom para a saúde, na medida certa, sem gulodice e sem requintes no tempero, enquanto há outras que gostam da comida mais temperada, e gostam muito de determinados alimentos e os comem com apetite. Contanto que não prejudiquem sua saúde, têm o direito de comerem o que quiserem. Na vida sexual também há quem se satisfaz logo, sem muitos preâmbulos, sem “apetite”; mas há quem tem mais necessidade de carinho, de carícias, do que simplesmente a satisfação física e fisiológica.
Dentro do casamento o casal decidirá como será sua vida sexual, que certamente variará de acordo com as circunstâncias - maior ou menor disposição física, maior ou menor carência afetiva, condições psicológias mais favoráveis ou menos favoráveis, o ambiente em que estiverem e solicitados ou não, a qualquer momento, pelos filhos. É preciso lembrar que o casal precisa ter privacidade e convém que os filhos, desde pequeninos, não durmam no mesmo quarto dos pais.
O casal deve contar com todos esses e outros fatores, como normais na vida de qualquer casal, e cuidar de todos esses aspectos para que nunca se sinta frustrado e insatisfeito.
No versículo 5 Paulo é ainda mais incisivo, quando diz:
Não vos defraudeis um ao outro” (ed. corrigida) ou “não vos priveis um ao outro” (ed. atualizada). Um não tem mais o direito de se negar ao outro; isso seria como defraudar - deixar de dar ao outro o que lhe é devido; seria privá-lo de algo necessário, a que o outro tem direito. Cria-se um hábito, que deve ser mantido.
O relacionamento sexual entre o casal deve ser visto com muita seriedade e honestidade.
Mas existem razões e ocasiões em que ambos concordam, “por mútuo consentimento”, em abster-se do ato sexual. Pode ser que algum deles esteja muito cansado pelo trabalho exaustivo, pode estar passando por uma situação estressante que lhe tire as condições psicológicas para o ato sexual, e pode ser por um problema de saúde; então o cônjuge, reconhecendo o problema do outro, voluntariamente se abstém, sem queixa, sem reclamação.
O motivo pode, também, ser de ordem espiritual e religiosa, ainda que pouco comum. Embora não haja incompatibilidade entre sexo do casal e sua comunhão com Deus, pode um casal querer abster-se do sexo numa ocasião especial de maior intensidade da vida religiosa.
Neste caso - “para vos aplicardes à oração” - Paulo faz uma concessão (veja o versículo 6), observando, porém: “por algum tempo para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência”. Incontinência é a incapacidade de uma pessoa conter-se ou controlar-se, que é a capacidade de abster-se de algo necessário ou agradável, que lhe dá prazer. Há pessoas com maior ou menor capacidade de conter-se.
A incontinência ou incapacidade de qualquer dos dois conter-se, pode levá-lo à tentação e ao adultério. Então, após um pequeno período de abstenção, diz Paulo: “ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente”.

(continua)

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