terça-feira, abril 18, 2006

Poesias

Meu Senhor sofre
Maria Aparecida de Lima Osório

“Disse Jesus: A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal” - Mat 26.38
“Estando angustiado, Ele orou mais intensamente; e o seu suor era como gotas de sangue que caiam no chão” - Luc 22.44

Num horto ermo,
Além do vale,
No cair da tarde,
Sozinho
Jesus sofre.

E o Seu sofrimento
Se traduz
Em súplica,
Em sangue,
Em agonia.

Prostrado, ora
O cálice da amargura
Penetra Seu ser.
O suor é sangue,
Sangue divino,
Vida que se esvai.

Pai, o Filho amado sofre
A angústia do mundo,
O terror do pecado,
A dor da maldade,
Da indiferença,
Da traição.

Meu Senhor sofre.
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Sorrir
Maria aparecida de Lima Osório

Se um dia eu quiser sorrir
Mas não sentir
A beleza do céu,
Do mar,
Das aves,
Das flores.

Se um dia eu quiser sorrir
Mas não sentir
O calor dos amigos,
Dos filhos,
Dos netos,
Meus amores.

Se um dia eu quiser sorrir
Mas não sentir
A alegria da atenção,
Da paciência,
Do carinho
De um amor.

Se um dia eu quiser sorrir
Mas não sentir
A certeza da fé,
Da esperança,
Da salvação
No Senhor.

Não devo sorrir.
Não será um sorriso
Mas um gesto vago,
Sem sentido,
Sem valor.

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Ao Deixar um Emprego Antigo
Maria Aparecida de Lima Osório
Agosto/97
No dia em que eu partir,
Quero reunir
As folhas da primavera
Que guardei no outono
Na arca-das-lembranças.

Quero reunir
As frases de amigos
Que guardei, sorrindo,
Na caixinha-de-música.

E as muitas horas tristes, feias,
De dor e sofrimento cheias,
De inimigos – ou falsos amigos –
Não as terei para guardar.

Grandes, pesadas, imensas,
(Por que maiores do que as outras,
aquelas dos amigos meus?)
Não tive forças para retê-las
E as entreguei a Deus.

Eu as encontrarei nos céus.
Então estarão leves, belas,
Transformadas pelas mãos de Deus.

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