quinta-feira, novembro 23, 2006

O Dízimo

Que a graça abundante de Cristo esteja com todos os irmãos.

Pregar “toda a Palavra” é o dever de todo pastor.

O assunto desta carta pode ser visto como difícil, como constrangedor, ou secundário. Mas não o julgo nem de um modo, nem de outro. É assunto claro nas Escrituras, apela para nossa compreensão e liberdade cristã, mas é, sobretudo, uma fonte de bênçãos.

É o dízimo, prova e fator de crescimento da própria fé.

Vejamos: como toda doutrina realmente bíblica, encontra-se em diversos textos bíblicos.

Primeiramente, em Gn 14.18-20: “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o e disse: bendito Abraão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos Céus e da Terra! E bendito o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de tudo.”

Ainda em Gn 28, após o belo sonho de Jacó (vs. 10 a 17), está uma referência de Jacó, neto de Abraão, ao dízimo; isto mostra que o dízimo era uma prática conhecida por Jacó, ainda que ele não entendesse a sua razão, por não ser ainda um homem convertido.

Depois encontramos a mesma prática do dízimo, convertida em lei, em Lv 27.30 e 32: “Também todas as dízimas do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor. Tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo é do Senhor”. Mais de 400 anos depois de Abraão, o dízimo aí está como parte da Lei, exatamente no livro que trata do culto devido a Deus, porque ele faz parte de nossa adoração ao Senhor.

No último livro profético do Velho Testamento - Malaquias 2.7-10, o dízimo é novamente referido por Deus: “Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos Meu estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a Mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal que dela vos advenha a maior abastança”.

Agora, em forma de repreensão - porque o povo em geral estava sonegando o dízimo devido a Deus e, além do dízimo, também as ofertas - “O dízimo é do Senhor” é a afirmação clara de Lv 27.28 e 30. Daí a acusação de Ml 3.8: “vós Me roubais”. Desviar, sonegar, deixar de entregar algo que pertence a outrem, é quebra do 8º mandamento “Não furtarás” (Ex 20.15). E Deus não usa eufemismos, não suaviza nem adoça qualquer tipo de pecado.

Depois do livro de Malaquias vem o Evangelho de Mateus. Aí encontramos Cristo dizendo que não veio revogar a Lei (5.17-19): “...não vim abrogar (suprimir, revogar, anular), mas cumprir”.

Em Mt 23 Cristo se refere aos escribas e fariseus, condenando seu legalismo, com o qual cumpriam os mandamentos na sua parte material e objetiva, mas eram incapazes de cumpri-los integralmente - “fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens” - v.5 e no v.23 se refere à prática do dízimo: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, pois dizimais a hortelã, o endro e o cominho, mas desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas”, isto é, dizimar a hortelã, o endro e o cominho, sem deixar de observar o mais importante, o juízo, a misericórdia e a fé.

Isto é para os crentes em todos os tempos. Assim como os 10 mandamentos fazem parte da Lei que Cristo não revogou, também Lv 27.28 e 30, e Mt 23.23.

Uma dificuldade que alguns encontram é na finalidade dada aos dízimos. No Antigo Testamento, em Dt 26.12 está indicando a correta aplicação dos dízimos: “Ao levita”, representando o culto, a Palavra a ser preservada e ensinada; “ao estrangeiro, ao órfão e à viúva”, que representam as pessoas que devem ser atendidas pela Igreja em suas necessidades físicas e materiais.

Aí está tudo aquilo em que se deve empregar os dízimos: tudo o que envolve o culto e a Palavra de Deus, e a obra social da igreja – isto é, todo o ministério da Igreja.

Onde entregar os dízimos? “Trazei todos os dízimos à Casa do Tesouro” - a dependência do templo onde se recolhiam os animais, os produtos das colheitas e o dinheiro que representavam as décimas partes do que cada um ganhava. Hoje é a tesouraria da Igreja.

Cabe aos Conselho das Igrejas, Presbitérios e demais concílios e órgãos da Igreja, administrar com sabedoria e temor os dízimos do povo. Cabe ao povo o direito de ser informado da maneira como os dízimos e ofertas são usados, e manifestar-se a respeito.

O dízimo não vai fazer falta àquele que o oferece? Não! Não pode fazer-nos falta aquilo que não nos pertence. Se “o dízimo é do Senhor”, não podemos retê-lo; isso seria apropriação indébita. Mas há, ainda, a garantia do Senhor, de “derramar sobre vós uma bênção tal que dela vos advenha a maior abastança”. Deus provê tudo que nos é necessário. Leia Mt 6.25 a 33. Deus cuida de nós e nos exorta: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Não há dúvida: se alguém põe em primeiro lugar o Reino de Deus e é fiel, não usurpa o que é de Deus e em Sua casa deve ser entregue.

Na realidade, 100% do que temos e do que ganhamos pertencem a Deus. O Senhor confia 90% à nossa mordomia ou administração, porém os 10% devem ser entregues e administrados por aqueles que são os mordomos de Sua Igreja.

Crer realmente em Deus e Sua palavra, e confiar em Suas promessas, é realmente uma fonte de bênçãos e alegrias.

Deus não nos propõe um negócio, uma barganha; Ele apenas nos garante que nossa fidelidade é recompensada ricamente. Primeiro, com bênçãos espirituais, que são as mais importantes e, depois, as “demais coisas” de que realmente necessitamos. Nem pense em fazer negócio com Deus. Pense em ser fiel, porque Ele é sempre fiel. Leia 2Tm 2.13.

Ser dizimista fiel é questão de fé. Ou cremos, e então confiamos e entregamos nosso dízimo, ou não cremos e nos privamos das melhores bênçãos de Deus.

O meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória.” (Fp 4.19). Confie nEle, obedeça-O livremente, de coração, e conte com as bênçãos do Senhor.

1 comentário:

ronie disse...

Em primeiro lugar não sou contra oferta e até utilizo o "índece" de 10% pra nortear (e não apenas restringir o montante da oferta). Mas sinceramente, se olharmos a fundo o dízimo pertence aos hebreus, e consequentemente aos judeus como lei desde religiosa até tributária. Para nos cristãos, penso que a lei é uma única : "Deus ama quem dá com alegria!" Mesmo que pessoas tenham dizimado antes da lei, não se justifica o dízimo como lei pra igreja, assim como a circuncisão. Nem Jesus e nem os apóstolos nunca ensinaram o dízimo pra igreja. Apenas Jesus se dirigiu a judeus no assunto. Casa do Tesouro pra Igreja? Fora de cogitação! O novo testamento (nova aliança) não propõe o dízimo como regra de oferta, e sim o coração grato e espontâneo! Contudo considero um bom começo e uma boa referência esse negócio de 10%! Porém Malaquis, devorador e tudo o mais... Jesus foi quem despojou os devoradores na cruz!