terça-feira, março 20, 2007

UM ESTUDO SOBRE DOUTRINA

(lTm 4.16; Rm 6.17; Ef 4.14; 6.4; Cl 1.21-23; 1Tm 1.10; 4.1; 2Tm 4.3; Hb 13.9)

l. O que é doutrina. “Didakê” ou “didaskalia”, no Grego, significa ensino, instrução, doutrina. Tudo o que nos é ensinado nas Escrituras, é doutrina. Por isso pode-se falar em “a doutrina cristã”, como o conjunto de todo o ensino cristão, e também pode-se falar em doutrina da Salvação, da Predestinação, da Oração, do Perdão, etc.

2. Daí decorre a importância da doutrina: sem o ensino das Escrituras não teríamos um completo conhecimento de Deus, de Cristo, e de tudo o que Ele ensinou. Nem poderíamos salvar-nos, nem levar alguém à salvação (temos que ensinar o caminho certo, com correção, sem confusão). O conhecimento das doutrinas exerce no cristão o papel que o lastro exerce nos navios e nas aeronaves, dando-lhes estabilidade e condições de navegabilidade, mesmo em condições difíceis. As doutrinas dão peso às nossas convicções, de tal modo que, quando as conhecemos bem, não somos levados “por todo vento de doutrina” (Ef 4.14). Existem as doutrinas básicas da fé cristã: “Só a Escritura”, “Só a graça”, “Só a fé”, assim como existem as que podemos chamar “secundárias”.

3. “Só a Escritura” como a única revelação especial e escrita de Deus, inerrante, infalível, escrita por “homens santos de Deus inspirados (ou movidos) pelo Espírito Santo”. A finalidade: 2Tm 3.15-17; levar o homem à salvação e à prática de “toda a boa obra”.

4. “Só a graça” de Deus - Ef. 2.8. Só a graça de Deus pode livrar o homem do poder e escravidão do pecado, da condenação dada pelo próprio Deus - Gn 2.17; Rm 6.23. Quem condena também tem poder para indultar, perdoar, restaurar, com as condições por Ele estabelecidas (arrependimento, testemunho, serviço cristão, que o salvo certamente preencherá): Ez 18.21, 13, 17, 30-32; Mt 3.2; 4.17; Jo 1.12; 3.15-18; 2Co 5.17.

5. “Só a fé” - Jo 3.16; At 16.31; Rm 10.8-11. Todos os textos que falam do que é necessário para a salvação, apontam apenas a fé. Entretanto, a fé que salva não é apenas uma atitude mental, mas uma disposição de alma que envolve a inteligência - ato de crer -, os sentimentos, e a vontade, isto é, envolve toda a personalidade. Desse modo, aquele que não cria, passa a crer; aquele que não amava a Deus e ao próximo, passa a amar; o que praticava o mal e nisso tinha prazer, passa a fazer o bem e a detestar a prática do mal. Assim, fé , conversão e arrependimento são inseparáveis; arrependimento e conversão são como os dois lados de uma moeda - um não existe sem o outro, e ambos se tornam realidade porque Deus deu a fé, que os torna possíveis. 6. Seitas. Religiões e crenças anti-cristãs apontam outros meios para redenção e salvação: circuncisão, batismo, boas obras, missas, reencarnações, purgatório; todos esses meios são tão só pensamentos humanos, inúteis e anti-bíblicos. Sobre as boas obras, Paulo diz claramente: Gl 2.16; 5.6 e 6.15. A razão está em Is 64.6; Rm 7.18-19 e 21. O homem nada pode fazer que pague sua dívida ou desfaça seus pecados. Convém acrescentar, ainda, que a “fé que salva” não é fruto de uma auto-sugestão, não é apenas um grande desejo de obter ou receber algo, mas é incondicional submissão à vontade divina. É aquela disposição de alma demonstrada em Habacuc 3.17, em Jó 1.19.22 e 2Co 12.7-10. É uma fé humilde, porém viva, ativa, frutífera - Tg 2.14-19.

7. A todas as doutrinas bíblicas subjaz aquela que pode ser comparada à coluna vertebral da doutrina bíblica, a Soberania de Deus - Ele é o único Deus - Is 43.7 e 10, 13; 44.6; 45.5; Ele criou todas as coisas - Sl 33.8-9; 90.2; todas as coisas pertencem a Ele - Rm 11.36; Sl 24.1; Ele dirige os acontecimentos - Rm 8.28; Pv 16.4; Is 41.20; 43.7; Jó 33.29; Gn 45.5 e 7; 50.20. Porém, nem todas as doutrinas são igualmente importantes.

8. Existem doutrinas que podemos considerar secundárias, embora importantes também. Por exemplo, as doutrinas sobre o batismo ou formas de batismo (imersão, aspersão e afusão), sobre o governo da Igreja (episcopal, congregacional e presbiteriano), sobre os dons espirituais - Rm 12. 5-8; 1Co 12.1-11, 28-31 e assim também sobre o dízimo, as boas obras, e tantas outras.

9. Outro ponto importante sobre doutrina é este: não podemos pensar que nossa fidelidade a Deus se resume em termos a doutrina correta. Lembremos que entre as pessoas religiosas, nos dias de Cristo, os mais ortodoxos eram os fariseus ou anciãos, e Cristo disse que os publicanos e as meretrizes entravam no Reino dos Céus antes deles Mt 21.23-31. E os piores inimigos de Cristo foram exatamente os fariseus; é a ortodoxia farisaica, que ainda existe hoje. Por isso, ao falar dos dons espirituais, Paulo diz que mais importante do que eles, é obedecer a lei do amor - 1Co 12.31 até 13.13. 10. O ideal a serbuscado pelo cristão é ser fiel a Deus em todas as coisas - no que ele crê (tanto as doutrinas fundamentais, como as secundárias) e no que ele faz - e crescer espiritualmente “até que que todos cheguemos... a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). Então haverá no caráter e na sua vida o insubstituível “fruto do Espírito”: “caridade (ou amor), gozo (ou alegria), paz, longanimidade (ou paciência), benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (ou domínio próprio)”. O que Cristo ensina em Mt 23.24 se aplica também a este assunto: “Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo”. Também o ensino de Rm 14.1-3 se aplica a este assunto, como também o ensino de Gl 6.1, a fim de que não nos tornemos “caçadores de heresias” impiedosos, com o espírito inquisitorial. Então, somente com muita comunhão com Deus, buscando em tudo a direção e o ensino do Espírito Santo, através da leitura e estudo das Escrituras, juntamente com o cultivo do amor a Deus e ao próximo, poderemos ficar livres de cair no engano das heresias e no erro de deixar de amar o próximo. Atentemos para as instruções de João em 1Jo 4.1 e 2Jo 9 e 10. Defender e ensinar a sã doutrina, não fazer concessões nem média com heresias, e ao mesmo tempo amar aqueles que as ensinam, evangelizando-os com amor e muita paciência, esse é o grande desafio que fica diante de nós, no campo doutrinário. Deus nos dará vitória também como apologistas, defensores da fé e da sã doutrina.

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