Maniqueísmo foi uma heresia que surgiu na Igreja Cristã no final do séc. III d.C. Originou-se por influência do Zoroastrianismo, religião dos persas. Alguns cristãos, indo à Pérsia, deixaram-se influenciar pela crença dos persas, de existência de dois deuses, um do Bem e outro do Mal, senhores dos Reinos da Luz e das Trevas, respectivamente.
Mani era um deles, e os maniqueístas levaram para o Cristianismo outras crenças e práticas pagãs como o ascetismo (abstenção de comer carne, de beber vinho, e do próprio casamento). Para dominar a carne recomendavam jejuns e penitências corporais.
O maniqueísmo reduzia os elementos cristãos ao mínimo e elevava ao máximo conceitos pagãos do Zoroastrianismo não-ortodoxo. Trouxe para a Igreja cristã a crença dualista, contrária à fé monoteísta.
Para o Zoroastrianismo, Satanás não é apenas um espírito mau, porém impotente, sob o poder de Deus; é um deus com imensos poderes, capaz de opor-se a Deus (o do bem).
Hoje os adeptos do movimento chamado “Batalha Espiritual” ressuscitam essa crença quando atribuem a Satanás e aos demônios poderes ilimitados opondo-se a Deus e Seu Reino de tal forma que, segundo o seu ensino, nem os próprios cristãos estão livres de serem dominados pelo maligno. Crêem que estes também podem ser endemoninhados e ainda inventaram outro termo: cristãos podem ser “demonizados”. Seus ensinos são anti-bíblicos, retirados do espiritismo e do paganismo.
Dos casos bíblicos de pessoas endemoninhadas e da expulsão dos demônios, retiram a conclusão ilegítima de que sempre haveria possessões demoníacas, mesmo depois de completada a revelação de Deus, com o livro de Apocalipse.
Esquecem-se de que o livro de Atos dos Apóstolos registra que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pela mão dos apóstolos” e não pelas mãos de qualquer cristão. Inferem ilegitimamente das palavras de Cristo em Mc 16.17-18 que os cristãos em geral “expulsarão demônios”, etc. Como os pentecostais em geral, selecionam esses fatos espetaculares e milagrosos: não falam em “pegar nas serpentes” e “beber alguma coisa mortífera”... Com isso, limitam seus “milagres” a alguns fatos de difícil verificação: se de fato alguém está endemoninhado ou apenas com uma forte perturbação mental; se alguém estava realmente ou apenas aparentemente paralítico, cego, mudo ou surdo sob algum efeito psicológico, como é bastante comum - os casos psicossomáticos. Todos esses casos dão margem à existência de fraudes e encenação, como também acontece muito nas sessões espíritas. Por que não curam, por exemplo, alguma vítima da talidomida, fazendo aparecer no paciente algum membro que faltava? Ou no caso de vítima de paralisia infantil com algum membro atrofiado, por que não operam a completa e imediata restauração desse membro, como foi no caso do paralítico de At 3, que certamente tinha suas pernas (ossos, músculos e tendões) atrofiados e que andou imediatamente após a ordem de Pedro, e logo depois dava saltos de alegria?
Esse terreno é muito propício para charlatães. Se ficarmos com a doutrina bíblica correta estaremos a salvo de tais enganos.
Lembremo-nos de que em Mt 8.28-32, ficou bem claro que os demônios estão sob o poder de Cristo e nada podem fazer sem Sua permissão; de que em Jó 1.12 e 2.6 fica bem claro que Satanás age apenas dentro dos limites permitidos por Deus, inclusive nas tentações: 1Co 10.13. Pv.16.4 é outro texto claro sobre a soberania de Deus: “O Senhor fez todas as coisas para os Seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal”.
Lembremo-nos de que Satanás já está amarrado desde que Jesus Cristo veio, realizando exatamente aquilo que Satanás temia e tentou impedir: que Cristo realizasse sua missão redentora. Sem dúvida Satanás está ao nosso redor, e cabe a cada um de nós resistir-lhe mas não temos que viver amedrontados como se ele fosse um todo-poderoso adversário. Nós podemos “apagar todos os seus dardos inflamados” (Ef 6.16), sobretudo porque Cristo e o Espírito Santo intercedem por nós (Rm 8.27 e 34); o Espírito Santo habita em nós (Jo 14.17 e 1Co 6.19) e é mais poderoso do que o Adversário. “Maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (Jo 4.4) e “aquele que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1Jo 5.18).
“Em todas estas coisas somos mais do que vencedores” (Rm 8.37). Graças a Deus!
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