A VOCAÇÃO PASTORAL – 1 Tm 1.12
Fico surpreso por estar, eu mesmo, preocupado – e muito – com o número enorme de pastores “sobrando” e outro tanto de candidatos ao ministério nos 7 ou 8 Seminários da I.P.B. O que devia ser motivo para satisfação, é motivo de apreensão
Houve um tempo, na Igreja, há cerca de 35 anos, que faltavam pastores e havia muitas vocações então chamadas “tardias”, de homens já experimentados no trabalho da Igreja, chefes de família, profissionais de diversas áreas: advogados, médicos, engenheiros, professores, evangelistas da J.M.N., aos quais a I.P.B. decidiu dar a formação teológica básica permitindo que os Presbitérios os examinassem e, aprovados, fossem ordenados para o ministério pastoral. Foram muitas dezenas, que supriram campos então carentes de pastores.
A I.P.B. tinha apenas 2 seminários – Recife e Campinas. Neles a preocupação era formar pastores e não apenas bacharéis.
A dúvida presente é esta: será que Deus tem chamado tantos jovens para depois deixá-los sem campos de trabalho? Estará Deus chamando tantos homens para se tornarem pastores improdutivos, que não fazem diferença, e ao mesmo tempo cooperem para que as Igrejas se tornem “mornas”, sem vida abundante, sem se empenharem na obra urgente da evangelização e formação de novas igrejas?
Creio firmemente que isto tem tudo a ver com o assunto da vocação, que precisa vir de Deus.
Um fato apresentado nas Escrituras é que Deus chamou os que Ele quis para serem os Seus profetas, os Seus juizes da Israel, os Seu apóstolos, os Seus pastores. Foi assim com Abraão (Gn 12), com Moisés (Ex.3), com Samuel (1Sm.3); com Isaias (Is.6), com Jeremias (Je 1), com Amós (Am.7.14-15), com João Batista (Lc 3.2-3), com os apóstolos (Mc 3.23), com Paulo (At.9.1-6 e 1Tm. 1.12), e com todos os referidos em Hb 11.
A ninguém que Ele chame, deixa na dúvida. “Deus me chamou”, “Deus me enviou”, é a certeza íntima dos vocacionados por Deus. Vocacionar vem do verbo latino “vocare” que significa chamar, como a viva voz, sem deixar dúvida.
Temo que muitos têm confundido seu próprio desejo como vocação divina. Deus não aceita isso. É emblemático o caso de Arão e Miriam – Nm 12.1-16. Deus tinha para eles um ministério muito importante, e a ele deviam dedicar-se sem se apoderarem de outro que Deus não lhes der – Nm 12.
Tenho visto muitos tornando-se ministros por decisão própria, de diferentes ministérios; o resultado é fracasso e prejuízo para a causa do Evangelho.
Nesta época de tão pouco temor de Deus no mundo, em que há tanta riqueza de um lado e miséria de outro; em que há tanto desemprego, a “tentação de ser pastor” parece que é um fato.
Relembro o apelo feito pelo missionário Floyd Grady, em um Congresso Nacional da Mocidade: “Moço, se Deus o chamou para o ministério, pelo amor de Deus, venha! Mas se Deus não o chamou, pelo amor de Deus, não venha!”
Pastor, se Deus não o chamou, não seja pastor, não dá certo!
(Rubens Pires do Amaral Osório, abril/2007)
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