São diversas as razões por que não cremos em sua existência como um dom do Espírito Santo, nem cremos que elas possam ser interpretadas.
1a. – No dia de Pentecostes ninguém falou em “língua estranha”.
Leiamos a narrativa de Atos 2.1-13 nas várias traduções e edições hoje existentes, pelo menos nas mais comuns; leiamos também como está no texto original em grego:
a) At. 2.4 – a expressão “etérais glôssais” no Grego significa “em outras línguas”; assim é traduzida na “edição revista e corrigida” de Almeida, de 1938; também na “edição revista e atualizada” de 1969 da SBB; também na “edição revista e corrigida” da Editora Vida de 1984; na “edição revista e revisada” da Sociedade Bíblica Trinitariana; também na edição da Editora Ave Maria (católica), de 1959; também na “revista e atualizada” da Editora Vida Nova, de 1976. A tradução católica do padre Matos Soares, de Edições Paulinas, usa a expressão “várias línguas”. A “Bíblia de Jerusalém”, católica, também traduz “outras línguas”. A mais recente tradução dos originais, a Bíblia NVI, de 1993, grafa “noutras línguas”. Só na edição “Tradução na Linguagem de Hoje” (a menos confiável de todas), de 1988, encontramos “línguas estranhas”. Convém observar que a palavra grega “eteros” significa “outro”,”semelhante”, “diferente”, e não “estranha”.
b) 1Co 14.2 – Na mesma ordem acima: Almeida, edição revista e corrigida registra “estranha” em tipo itálico depois de “língua”; o tipo itálico é usado aqui e em outros textos e edições para indicar que tal palavra foi acrescentada, não consta do texto em grego; a edição revista e atualizada registra “em outra língua”; a revista e corrigida da Ed. Vida também usa “língua estranha” em itálico; a corrigida e revisada da Trinitariana usa “língua desconhecida” em itálico; a de Matos Soares (católica) usa “uma língua desconhecida”; a da Edit. Ave Maria (católica) diz “em outras línguas”; a de Almeida revista e atualizada, da Ed. Vida Nova também usa “em outras língua”. Novamente só a “Tradução na Linguagem de Hoje” (a menos confiável) diz “línguas estranhas” nos dois textos. A “Bíblia de Estudo de Genebra” diz “outras línguas” nos 2 textos. A “Bíblia de Jerusalém” traduz corretamente, apenas “línguas”. A NVI usa “uma língua”.
Há, assim, nas edições mais confiáveis uma unanimidade em reconhecer que a palavra “estranha”, quando aparece, significa outro idioma, e que no original grego não existe a palavra “estranha”.
Repetindo: no texto original em grego, em At.2.4 “etérais glôssais” é traduzido correta e literalmente por “outras línguas”, e em 1Co 14.2, “ho lalôn glôsse” que significa “o que fala língua”, em ambos não existe a palavra que se traduziria por “estranha” ou “estrangeira”, nem “outra”. A palavra “estranha” foi acrescentada inicialmente na “edição revista e corrigida” de Almeida, e depois outras edições fizeram o mesmo, ou acrescentaram “outra” ou “estrangeira” ou “desconhecida”, com o mesmo objetivo de esclarecer o texto que literalmente seria apenas “falar língua”.
A palavra “estranha”, acrescentada, deu margem para que alguns leitores tivessem o entendimento que os pentecostais e carismáticos têm até hoje: línguas incompreensíveis dadas pelo Espírito Santo!
Porém, mais abaixo, no versículo 6, o texto em grego e em português, diz “cada um os ouvia falar na sua própria língua” ou idioma, o que é confirmado no verso 8. Por que eles “ouviam em seus idiomas”? Porque os cristãos “começaram a falar” nesses idiomas ou dialetos. Provavelmente formaram-se diferentes grupos junto aos cristãos conforme as línguas que estes falavam. O mesmo texto bíblico conta quais eram esses grupos e línguas: “Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia, e Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Sirene, forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (At 2.9). São representantes de 15 lugares diferentes ou de 15 diferentes idiomas e dialetos, além do próprio hebraico ou aramaico falados pelos judeus.
Houve nesse dia o milagre de cristãos falarem em idiomas que eles não conheciam, o que se repetiu em outras ocasiões, que citaremos mais adiante.
Ninguém falou em língua incompreensível. Imaginar que os cristãos falaram em aramaico e os estrangeiros ouviram em outras línguas, é descabido.
(Continua na próxima semana)
5 comentários:
Olá Pastor!
Grata por sua visita ao meu blog e volte sempre que quiser.
"Irmãos não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento."
"Segui o amor..."
Um abraço
:)
Tem coerência pastyor, porém, estou a 11 anos falando em líguas, e nunca deixei de Glorificar ao Pai, ao filho e o Expírito santo, o que é isso então, espírito enganador ,, me enganando a todo este tempo???
No Amor de Cristo Pr. Alexandre
-> xandy disse...
o que é isso então, espírito enganador, me enganando a todo este tempo???
Pois é meu irmão, não culpe satanás por tudo! O problema está em vc mesmo! Nossa! 11 anos, caramba! Então vc está se enganando há muito tempo! Sabe o que vc deve fazer Pr. Alexandre? Simplesmente pare de falar e de se enganar!
-> Auto-engano é o resultado de um processo mental que faz com que um indivíduo , em um momento, aceite como verdadeira uma informação tida como falsa por ele mesmo noutro momento. <-
Além de acompanhar as reflexões do Pr. Rubens também acompanho esse abaixo, de uma olhada, vale a pena!
http://www.respondi.com.br/2011/04/por-que-nao-consigo-falar-lingua-dos.html#more
..que Deus o abençoe e que abra seu entendimento! =D
Pastor Alexandre, a Palavra é bem clara. Os dons em geral serviam como um chamariz para os judeus, que sem fé, não podiam enxergar a Deus. Porém nós vivemos pela fé (o justo viverá pela fé), e não por "pirotecnias" e histerias como se fazem nas igrejas.
No mais, leia com atenção a segunda metade de I Co. 13: "Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado." O que pode ser mais perfeito que a própria palavra de Deus? Portanto, se temos a palavra de Deus conosco, faz-se desnecessário profetizar, já que tudo o que Deus deseja nos dizer está escrito na Bíblia. Se não profetizamos, qual a utilidade de um dom de linguas? mesmo porque I Co 14 é bem claro que o dom de linguas é o menos importantes pois somente glorifica o homem. O que Deus deseja de nós é que nos dediquemos a Palavra Dele, aprendamos cada vez mais e mais. Profetizar o desejo de Deus é o mesmo que jogar a Bíblia no lixo. Falar em linguas é considerar-se superior a todos os outros irmãos (Fp. 2:3)
Pastor, por gentileza, o senhor poderia comentar sobre o que ocorreu na casa do Centurião Cornélio? O Espírito santo desceu sobre eles (os que ali estavam) e começaram a falar... Falar o quê, e para quem? E, após isto, porque Paulo orienta aos cristãos primitivos, a falarem em língua para si mesmos , por não edificar a Igreja? São duas perguntas, Pastor, desculpe-me o abuso. Grato!
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