1. Textos básicos sobre a oração - leia esses textos
Mt 6.5-13: instruções de Cristo, e o "Pai Nosso". Mt 21.21-22: "tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis".
1Jo 5.14: "se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve".
Tg 4.3: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites".
Mt 7.7-11: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á".
Lc 18.1: "...dever de orar sempre, e nunca desfalecer". 2Co 12.7-10: Paulo e o espinho na carne.
Tg 5.13-18: a oração, a união com azeite, os efeitos da oração, o exemplo de Elias.
2. Como deve ser a oração – análise de Mt 6.5-13
v. 5 - Quem ora deve ser sincero e autêntico. O prazer daquele que ora é o de estar falando com Deus, seu Senhor, a Quem ama e quer agradar. Não é para exibir aos outros a sua religiosidade. Os que oram para exibir-se já foram "vistos pelos homens", como queriam; nada tem a receber de Deus.
v. 6 - A oração individual e secreta, esteja onde estiver o crente, de preferência um lugar tranqüilo em que nada perturbe sua comunhão com Deus. Aquele que ora espera legitimamente ser recompensado ou atendido por Deus e certamente o será.
v. 7 - A oração deve ser espontânea, feita com naturalidade, sem a pretensão de pressionar ou impressionar a Deus, seja pelo muito falar, seja pelo repetir muitas vezes a petição, ou por qualquer outro artificio. Deus quer que falemos com Ele como um filho amoroso fala com seu pai, sem pretender comove-Lo, sem chantagem emocional. Os incrédulos ou pagãos é que pretendem de algum modo impor a Deus o seu desejo.
v. 8 - Não podemos seguir esse exemplo, pois Deus sabe qual é a necessidade e certamente, naturalmente, vai nos dar o que mais convém, de acordo com a vontade dEle. Tanto e assim, que Deus nos dá a cada dia bênçãos que nem sequer nos ocorreu pedir ou nos esquecemos de fazê-lo. Se Deus nos desse só o que pedimos, como seria pobre a nossa vida!
v. 9 - Jesus nos ensina coma orar e o que falar com Deus na oração. Cristo diz "Vós orareis assim:..."; está nos ensinando a oração coletiva e, portanto, a oração que fala das necessidades e sentimentos coletivos e não particulares de uma pessoa.
"Pai Nosso" porque Deus é o Pai de todos os que crêem, e na oração coletiva ninguém falará "meu Pai". Esta expressão é para a oração individual, particular, de uma só pessoa e não da comunidade, do grupo dos que crêem.
O que se contém nesta primeira parte da oração é a invocação, não de Alguém ausente, mas onipresente a Quem vamos nos dirigir em oração e queremos que Ele nos ouça e manifeste a Sua presença. "...que estas nos céus" é o reconhecimento de que nós ainda estamos na Terra, no mundo material, em uma categoria inferior de vida, enquanto Deus está no Céu, isto é, onipresente. Mas tendo por habitação o próprio Céu, o mundo espiritual. "Santificado seja o Teu nome" é o reconhecimento da santidade de Deus, representado pelo Seu nome.
v. 10 - "Venha o Teu reino" expressa o desejo de que o reino espiritual venha a nós de tal modo que nós também participemos dele e nele vivamos. "Seja feita a Tua vontade..." é a declaração de que desejamos a realização da vontade de Deus acima da nossa vontade, assim como no Céu ela é feita, sem nenhuma desobediência dos anjos de Deus e dos salvos que lá estão. Esta petição tem tanto um sentido escatológico (a volta de Cristo), como um sentido imediato. A volta de Cristo não deve ser para nós preocupação nenhuma; temos que estar sempre preparados para o retorno do Senhor. Por isso mesmo Cristo não nos disse quando Ele virá. Mas temos que estar interessados sempre no estabelecimento do reino de Deus "em nós". Em Lc 17.21 Jesus Cristo nos diz: "o reino de Deus está dentro em vós", como está na “edição atualizada”; assim está no grego do N. T. Por que andarmos preocupados com a volta de Cristo, se o reino de Deus ainda não está em "nós", permeando toda a nossa personalidade e nossa vida?
v. 11 - "o pão nosso de cada dia nos dá hoje". Aqui pedimos com humildade que Deus nos sustente, pois d'Ele dependemos. Não deve isto, porém, referir-se apenas aos bens materiais, necessários mas temporais, passageiros; esta petição deve incluir os bens espirituais e morais, mais importantes do que os materiais. Não significa que devemos esperar que Deus coloque esses bens milagrosamente dentro de nossas casas, sem que trabalhemos para obtê-los. Deus nos capacita para o trabalho e temos que trabalhar. Também quanto às bênçãos espirituais: cabe-nos usar com diligência os meios de graça através dos quais Ele nos abençoa: oração, leitura e meditação sobre as Escrituras, participação no culto com o povo reunido, participação na Ceia do Senhor, participação nos trabalhos e atividades promovidos ou desenvolvidos pela Igreja, orando especialmente por aqueles que foram incumbidos por Deus para pregar e instruir o povo quanto às Escrituras, quer sejam os pastores ou outros mestres. "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus"; este pão espiritual é mais importante do que os bens materiais.
v. 12 - "E perdoa-nos as nossas dívidas". É o pedido coletivo de perdão pelos pecados da comunidade e de cada um. Nossas dívidas com Deus são pecados mesmo, conforme fica claro no texto de Lc 11.4. Para cobrir essas dívidas, Cristo pagou e nos resgatou com seu próprio sangue - 1Pe 1.18. Isto equivale a pedir a Deus que leve a coletividade e cada pessoa ao reconhecimento das faltas e ao arrependimento pelos pecados, pois ensinam-nos as Escrituras que perdão é dado quando há o arrependimento. Veja-se 2Cr 7.14; Ez 18.21-23, 27, 30-32; Mt 3.2; Mc 1.4-5; Lc 13.5; 17.3-4.
"Assim como perdoamos aos nossos devedores". Aqui está uma afirmação que precisa ser verdadeira e ao mesmo tempo é um compromisso que assumimos com Deus, de perdoar, assim como somos perdoados, sempre mediante o arrependimento, lembrando-nos, também, que Cristo pagou pelos pecados de todos nós.
Do mesmo modo que Deus perdoa o pecador arrependido, como se não mais Se lembrasse de nossos pecados, assim deve ser nosso perdão: passar a tratar o faltoso como se não tivesse cometido a falta. Ver Is 43.25.
v. 13 - "E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal". É o pedido de socorro, feito a Deus, para livrar-nos das tentações. Como Ele permite que sejamos tentados até o ponto que podemos resistir, pedimos-Lhe não permitir que sejamos tentados ao ponto de cairmos mas, ao contrário, que Ele nos impeça de pecar. Apesar disso muitas vezes pecamos porque não resistimos quanto devíamos resistir; pecamos porque deixamos de ter comunhão com Ele e ficamos indefesos. Ele permanece fiel, mas somos infiéis; por isso pecamos. Veja 1Co 10.13; 2Tm 2.13; Tg 4.7; Hb 12.4.
"Porque Teu é o reino, e o poder, e a gloria, para sempre. Amem". A oração termina com este ato de louvor e reconhecimento do Senhor como soberano. "Amem" significa "assim seja"; é a confirmação de que o que dissemos é realmente o que desejamos. Nunca, nas Escrituras, encontramos esta palavra em forma de interrogação, uma pergunta ao povo que nos ouve, esperando resposta positiva; esse uso errado do "amem" é uma das muitas "modas" inventadas que invadem nossas igrejas. Muitos pregadores o usam como artificio para obterem o apoio dos ouvintes ao que estão dizendo. Convém banir das igrejas esse e outros costumes que não tem base bíblica. Esse costume vulgariza o "amem" e por isso é prejudicial.
Desse modo Cristo nos dá ensinos básicos sobre a oração: como orar, como não orar e o que falar na oração: reconhecer a Deus como Senhor do Céu, perfeito e santo; pedir-Lhe a realização de Sua vontade, o domínio de Seu reino sobre nós, o sustento material e espiritual e o perdão, com o compromisso de perdoarmos também; o pedido de socorro diante das tentações para vivermos vida de santidade, e novamente louvar a Deus.
(na próxima semana: a espontaneidade da oração)
1 comentário:
Rubens,
Oração para ser feita e vivida. Perdemos muito a noção comunitária do início do cristianismo, principalmente em uma época onde reina o individualismo. Mas esta oração, nos lembra que o Pai "é nosso" e não só meu. Parabéns pela postagem.
Abraço.
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