São três campos distintos e inter-relacionados do conhecimento humano; relacionam-se entre si, tanto quanto as áreas ou realidades em que vive o homem: o mundo material, o mundo das ideias e pensamentos, e o mundo espiritual.
Assim como o cérebro, formado de matéria - átomos e células - é o instrumento da inteligência racional do ser humano, assim também o corpo, incluindo o cérebro e a capacidade de raciocínio do ser humano, é instrumento da alma espiritual do ser humano.
Três campos distintos e intercorrentes do conhecimento do ser humano, a Ciência, a Filosofia e a Religião necessariamente existem e agem com instrumentos e métodos diferentes.
A Ciência está no campo da experimentação e da prova; a Filosofia está no campo da razão e do raciocínio lógico e transcende o campo da Ciência. Ela não tem que provar a existência real da ideia e do pensamento; ela lida com essas duas realidades, assim como a Ciência não tem que provar a existência da matéria, mas lida com ela.
A Religião está no campo da fé, daquilo em que o homem crê; não ignora nem pode ignorar a realidade da matéria, nem o conhecimento que a Ciência nos dá. A Religião não prescinde da Ciência; ao contrário, pode e deve usar as informações que a Ciência lhe dá, e também os recursos que a Filosofia nos oferece.
Assim como a Filosofia transcende o campo da Ciência, também a Religião transcende o campo de ambas.
Qualquer delas pode afirmar e ensinar verdades preciosas e incontestáveis. Mas qualquer delas pode incorrer em erros e excessos.
A Ciência tem se contraditado através dos séculos. Desde a afirmação de que a Terra é plana, até o conhecimento da amplitude do Universo. Modernamente, devido a seus próprios recursos cada vez mais precisos, a Ciência de uma década contradiz a Ciência da década anterior, numa prova cabal de que está sujeita a erro. O que afirma hoje pode ser negado amanhã.
A Filosofia, campo das ideias, apresenta, não só em diferentes fases da História, mas até concomitantemente, ideias, conceitos e pensamentos inteiramente contrários entre si. Mas a Filosofia é preciosa para alargar o campo do conhecimento humano, e para ensinar o homem a pensar.
A Religião é o campo em que as posições mais se chocam, na medida em que as pessoas religiosas ignoram as informações dadas pela Ciência e pela Filosofia. O religioso deve crer sem desprezar sua capacidade de pensar, para não crer em absurdos. Ao mesmo tempo, não pode crer só naquilo que a Ciência pode comprovar.
Erra o religioso quando quer negar a afirmação do cientista sem ter os recursos de experimentação e prova que este possui. Erra o cientista quando invade o campo da Filosofia ou o campo da Religião para contraditar crenças ou verdades que não são cientificamente demonstráveis. E erra o filósofo quando também invade o campo alheio da Ciência ou da Religião.
Os três campos do pensamento humano são admiráveis e precisamos aprender com todos eles. É necessário, porém, o uso do bom senso para que os limites de cada um seja respeitado, e nem cientista, nem filósofo, nem religioso façam afirmações irrazoáveis, insensatas e nocivas.
As Escrituras Sagradas dizem em Hebreus 1.1-2: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem. Pela fé entendemos que os mundos foram criados”. Nem sequer pretendem provar que os mundos foram criados, pois não tem como fazê-lo, do mesmo modo que o cientista não tem como provar o contrário. As mesmas Escrituras não negam as coisas que se veem, mas denunciam a falsamente chamada ciência (1 Timóteo 6.20), a ciência do cientista que erra porque sai do seu campo de observação, experimentação e prova.
Para concluir estas considerações: Ciência, Filosofia e Religião coexistem há séculos. O melhor dos cientistas pode ser um grande religioso, como foi Isaac Newton, e têm sido grandes cientistas da atualidade. O mais profundo teólogo pode e deve ser também um profundo conhecedor e admirador da Ciência e da Filosofia. E assim também pode o bom filósofo ser um fervoroso cristão e profundo conhecedor da Ciência.
É uma falácia insensata pretender o cientista combater a fé no espiritual e eterno, pois isso está fora de sua alçada. Isto tem acontecido mais vezes do que o religioso e o filósofo indevidamente contraditarem a Ciência verdadeira.
Há, até, um esforço de cientistas – como Richard Dawkins - para provar que a fé religiosa é vã. Um erro tão insensato como seria o do religioso fanático que ignorasse a Ciência e pretendesse negar o seu valor.
Temos que dar graças a Deus que nos fez de matéria, mas nos fez racionais e nos deu uma alma espiritual e, sobretudo, nos deu a fé para crermos nEle e em Sua palavra.
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