Em Mt 6.5 Jesus fala da oração individual. A sós, "tu, quando orares, ora a teu Pai em oculto" (grifo meu). Aí cada um de nós abre seu coração a Deus para confessar suas faltas, falar de suas dúvidas, suas angústias, seus anseios particulares. Aí, também, cada um pede pelos irmãos, pela Igreja no mundo, pelo próximo em geral. Nessa hora cada um de nós diz: "meu Pai", "me perdoe", "me abençoe", etc. A oração particular é imprescindível para o crescimento de cada um de nós.
Em Mt 6.9-13, Cristo fala da oração comunitária, oração pública, feita pela comunidade: "vós orareis assim:" (grifo meu). Agora não dizemos "meu Pai", mas "Pai nosso"; não dizemos mais "eu", mas dizemos "nós"; porque oramos em nome da comunidade. A oração comunitária, oração do povo reunido, é também imprescindível para o crescimento espiritual da Igreja, da comunidade.
Mas quem não ora individualmente também não tem condições nem razão para orar comunitariamente. Então, tratemos do assunto "Reunião de Oração".
No Antigo Testamento havia oração do povo reunido. No Novo Testamento continua a prática. Por exemplo, At 1.14, após a ascensão de Cristo, e antes do batismo com o Espírito Santo: "perseveravam unânimes em oração e súplicas" os apóstolos, outros irmãos e irmãs, entre elas Maria, mãe de Jesus. Em At 4.24-31, estão os cristãos, após o dia de Pentecostes, juntos, clamando: "concede aos Teus servos que falem com ousadia a Tua palavra" - oração coletiva, não individual.
Em reuniões de oração, porém, cometem-se alguns erros que as enfraquecem e as tornam pouco freqüentadas:
1) falta de objetividade nas petições. Assuntos particulares são referidos, e não assuntos específicos, de interesse coletivo. Tornam-se muito teóricas, cansativas e maçantes as reuniões.
2) longas orações, às vezes parecem intermináveis, pois quando pensamos que aquele que ora está terminando a oração, ele acrescenta mais um assunto e muitos rodeios em torno do assunto. Temos que lembrar duas coisas: a) não é por "muito falar que serão ouvidos" e b) não devemos orar a Deus e ensinar doutrina, ao mesmo tempo. Isto deve ser feito aos irmãos que precisam ser doutrinados, em outra hora e não enquanto oramos, na reunião; c) estamos falando a Deus e não temos que doutrinar o Senhor, nem argumentar com Ele, muito menos ensinar ao Senhor e dizer-Lhe por que e como Ele deve fazer. Tudo isso torna a oração imprópria, e cansativa a reunião. Quando alguém tem muito o que f'alar com Deus, será melhor que ore duas ou mais vezes, do que orar demoradamente.
3) Outro fator negativo, é a pessoa que ora falar tão baixo que os irmãos que estão um pouco mais longe não podem ouvir e entender; também não podem dizer "amém'" à oração feita. Aquele irmão orou, mas os outros não puderam orar com ele.
4) Outro equívoco comum em reuniões de oração é cometido pelo dirigente que fala demais. Ele pede que alguém ore por determinado assunto, e instrui sobre tudo o que o outro deve apresentar na oração; quando o dirigente termina a sua fala, podemos dizer apenas "amém", pois o dirigente já orou, quando expressou o desejo dele e da comunidade acerca do assunto anunciado. "Oração é o santo oferecimento de nossos desejos a Deus".
Concluindo: o povo de Deus, reunido, deve orar, precisa orar. Mas é com as Escrituras que temos de aprender como orar. Tem sido criados costumes que não são bíblicos; devemos nos livrar deles, para nosso próprio bem e da coletividade. Temos que orar sabendo que não é a nossa oração que vai fazer com que Deus aja, mas através dela expressamos o nosso desejo, esperando e querendo que seja feita a vontade do Senhor e não a nossa (Mt 6.10; 26.39, 42 e 44), porque "não sabemos o que havemos de pedir como convém", escreveu Paulo (Rm 8.26; Tg 4.3). A oração é exercício da fé, da humildade, e submissão à vontade de Deus; é confissão de nossos pecados e reconhecimento de nossa total dependência de Deus. Por isso Cristo nos ensinou que devemos "orar sempre e nunca desanimar" - Lc 18.1.
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