A frase acima é democrática e cristã. Na teologia cristã a única uniformidade biblicamente exigível é em torno das doutrinas básicas da fé cristã, por exemplo: monoteísmo, soberania de Deus, a Escritura como única base de fé, só a fé como meio de salvação, a graça como causa da salvação, Cristo como único redentor e salvador. A negação ou alterações nessas e algumas outras doutrinas, resultam em erros doutrinários, muitas vezes trágicos.
Isto não significa, porém, que tudo o mais será permitido e aceito pacificamente por todo cristão sobre as mais diferentes doutrinas e práticas, secundárias mas importantes; por exemplo: circuncisão, forma de batismo (de adultos e crianças), dízimo, a Ceia do Senhor, governo de igreja, responsabilidade social da Igreja, liturgia, etc.
Sobre cada um desses, e muitos outros pontos doutrinários, existem os mais diferentes conceitos e práticas, com algum embasamento bíblico, distorcido ou não.
Por isso mesmo é que existem, desde os tempos da Reforma do século XVI, diferentes denominações, a começar com a luterana e a reformada (calvinista).
Se quiser sobreviver como tal, cada denominação ou ramo eclesiástico tem que ter e manter sua Confissão de Fé ou Base de Fé, bem como seus costumes e métodos claramente estabelecidos, inclusive a liturgia.
Igrejas ou denominações que não adquirem ou não mantêm uma identificação clara e definida, tendem ao seu próprio esfacelamento. A liturgia (cuja importância muitas pessoas minimizam), ou é um fator de fortalecimento e unidade, ou é uma brecha perigosa pela qual entra toda sorte de heresias, que comprometem sua identidade e estabilidade, na mesma medida em que conservam seus princípios litúrgicos ou não.
Uma Igreja, como outras instituições, pode ser conservadora sem ser retrógrada; e pode modernizar-se nos métodos e costumes, sem deixar os princípios bíblicos permanentes em que se assenta.
Existe, porém, um gosto pela modernidade, que se torna perigoso. Inversão de valores pode por isso ocorrer, pondo em risco toda a igreja.
É nosso dever estar sempre atentos e vigilantes para conservar o que é insofismavelmente bíblico, bem como para rejeitar tudo o que possa comprometer a própria fé e a natureza da Igreja. Nem tudo o que é antigo é bom, e nem tudo o que é moderno é saudável. O critério a ser aplicado é a conformidade com o ensino bíblico. Rejeite-se tudo que não se harmonize claramente com o ensino bíblico.
Há quase 500 anos a Igreja Presbiteriana é uma bênção no mundo; mas algumas Igrejas que conservam o nome de presbiterianas perderam o seu caráter e não são mais o que eram.
A Igreja Presbiteriana do Brasil também corre esse risco. Deve voltar a ser cuidadosa no preparo intelectual de todos os seus membros, especialmente de seus pastores, tendo o cuidado de não colocar o bacharelismo e o “peagadismo” acima da piedade, que “para tudo é proveitosa”.
A Igreja continua precisando de teólogos-pastores e não de diletantes sem compromisso sério com Cristo e Sua palavra.
Pastor é aquele que usa corretamente o seu cajado para defender o rebanho e nunca coloca acima desse cajado os seus diplomas de bacharel, mestre e doutor. Formar “teólogos” sem alma e zelo de pastor é contraproducente.
1 comentário:
Nao sei se eu concordo totalmente. Eu estenderia um pouco mais esse espectro do que pode ser considerado fruto da liberdade na diversidade. Claro que há um limite, um ponto que ninguém ultrapassa sem deixar de poder considerar-se cristao.
Enviar um comentário