quinta-feira, agosto 30, 2007

A Igreja e a Liderança

Como todo grupo social, uma Igreja também precisa de liderança. Portanto, de líderes. Ainda que haja na Igreja um que seja "o líder", há necessidade de outros para liderar os sub-grupos, seja a Escola Dominical, a Mocidade, a Junta Diaconal e o Conselho da Igreja, ou ainda o ensino, a ação social, a música, a reunião de oração, etc.
Líder não é sempre necessariamente o presidente, nem mesmo o pastor. Líder é aquele que, até involuntariamcnte, conduz os liderados: ele não precisa lutar pela liderança e impor-se aos demais. Esse é o verdadeiro líder, embora nem sempre seja um bom líder.
Tremenda, porém, é a responsabilidade do líder seja qual for o modo como se tomou líder. Ele pode conduzir o grupo a grandes vitórias, mas se não estiver suficientemente maduro, poderá leva-lo a derrotas. E se ele de algum modo lutou pela liderança, sua responsabilidade é dobrada.
Também acontecem casos de serem rejeitadas pessoas com condições de liderar melhor. Por exemplo, Isaías e Jeremias.
Na Igreja, dizíamos no início, há necessidade de vários líderes. Mas, porque se tratar de Igreja, não pode haver divisão e competição entre eles, mas sim, união e cooperação. O que está em jogo não é a posição de cada líder e o seu conhecimento como tal, mas é o trabalho e o sucesso ou o fracasso de toda a Igreja ou de parte dela.
Em todo grupo social - um país, uma empresa, uma familia ou igreja - é necessário diálogo, franqueza e lealdade entre os líderes, e entre líderes e liderados. Fora disso, há desunião, divisão, tristeza e derrota.
Um bom lema para todo líder é este: "Importa que Ele cresça e que eu diminua" - Jo 3.30.

quinta-feira, agosto 23, 2007

A oração individual e a comunitária

Em Mt 6.5 Jesus fala da oração individual. A sós, "tu, quando orares, ora a teu Pai em oculto" (grifo meu). Aí cada um de nós abre seu coração a Deus para confessar suas faltas, falar de suas dúvidas, suas angústias, seus anseios particulares. Aí, também, cada um pede pelos irmãos, pela Igreja no mundo, pelo próximo em geral. Nessa hora cada um de nós diz: "meu Pai", "me perdoe", "me abençoe", etc. A oração particular é imprescindível para o crescimento de cada um de nós.
Em Mt 6.9-13, Cristo fala da oração comunitária, oração pública, feita pela comunidade: "vós orareis assim:" (grifo meu). Agora não dizemos "meu Pai", mas "Pai nosso"; não dizemos mais "eu", mas dizemos "nós"; porque oramos em nome da comunidade. A oração comunitária, oração do povo reunido, é também imprescindível para o crescimento espiritual da Igreja, da comunidade.
Mas quem não ora individualmente também não tem condições nem razão para orar comunitariamente. Então, tratemos do assunto "Reunião de Oração".
No Antigo Testamento havia oração do povo reunido. No Novo Testamento continua a prática. Por exemplo, At 1.14, após a ascensão de Cristo, e antes do batismo com o Espírito Santo: "perseveravam unânimes em oração e súplicas" os apóstolos, outros irmãos e irmãs, entre elas Maria, mãe de Jesus. Em At 4.24-31, estão os cristãos, após o dia de Pentecostes, juntos, clamando: "concede aos Teus servos que falem com ousadia a Tua palavra" - oração coletiva, não individual.
Em reuniões de oração, porém, cometem-se alguns erros que as enfraquecem e as tornam pouco freqüentadas:
1) falta de objetividade nas petições. Assuntos particulares são referidos, e não assuntos específicos, de interesse coletivo. Tornam-se muito teóricas, cansativas e maçantes as reuniões.
2) longas orações, às vezes parecem intermináveis, pois quando pensamos que aquele que ora está terminando a oração, ele acrescenta mais um assunto e muitos rodeios em torno do assunto. Temos que lembrar duas coisas: a) não é por "muito falar que serão ouvidos" e b) não devemos orar a Deus e ensinar doutrina, ao mesmo tempo. Isto deve ser feito aos irmãos que precisam ser doutrinados, em outra hora e não enquanto oramos, na reunião; c) estamos falando a Deus e não temos que doutrinar o Senhor, nem argumentar com Ele, muito menos ensinar ao Senhor e dizer-Lhe por que e como Ele deve fazer. Tudo isso torna a oração imprópria, e cansativa a reunião. Quando alguém tem muito o que f'alar com Deus, será melhor que ore duas ou mais vezes, do que orar demoradamente.
3) Outro fator negativo, é a pessoa que ora falar tão baixo que os irmãos que estão um pouco mais longe não podem ouvir e entender; também não podem dizer "amém'" à oração feita. Aquele irmão orou, mas os outros não puderam orar com ele.
4) Outro equívoco comum em reuniões de oração é cometido pelo dirigente que fala demais. Ele pede que alguém ore por determinado assunto, e instrui sobre tudo o que o outro deve apresentar na oração; quando o dirigente termina a sua fala, podemos dizer apenas "amém", pois o dirigente já orou, quando expressou o desejo dele e da comunidade acerca do assunto anunciado. "Oração é o santo oferecimento de nossos desejos a Deus".
Concluindo: o povo de Deus, reunido, deve orar, precisa orar. Mas é com as Escrituras que temos de aprender como orar. Tem sido criados costumes que não são bíblicos; devemos nos livrar deles, para nosso próprio bem e da coletividade. Temos que orar sabendo que não é a nossa oração que vai fazer com que Deus aja, mas através dela expressamos o nosso desejo, esperando e querendo que seja feita a vontade do Senhor e não a nossa (Mt 6.10; 26.39, 42 e 44), porque "não sabemos o que havemos de pedir como convém", escreveu Paulo (Rm 8.26; Tg 4.3). A oração é exercício da fé, da humildade, e submissão à vontade de Deus; é confissão de nossos pecados e reconhecimento de nossa total dependência de Deus. Por isso Cristo nos ensinou que devemos "orar sempre e nunca desanimar" - Lc 18.1.

quinta-feira, agosto 16, 2007

A Igreja e seus Característicos

O que caracteriza uma Igreja é sua doutrina, juntamente com seus costumes. Não é só doutrina, nem são só costumes; aquela poderia ser reunida num só livro; estes refletem o modo de pensar, a filosofia, a prática doutrinária.
As igrejas evangélicas tinham seus característicos bem definidos: doutrina, governo, disciplina e liturgia ou forma de culto. Hoje estão se descaracterizando. Talvez seja em nome de um falso ecumeninsmo evangélico que se começou a permitir a introdução de práticas diferentes daquelas que até então as caracterizavam; falso, porque o verdadeiro ecumenismo cristão não leva crente nenhum e igreja nenhuma à perda de sua identidade. Unidade na diversidade, isso sim. Não somos amorfos, nem devemos ser.
A mídia - rádio, inicialmente, depois a televisão - foi usada levando as "novidades" a todos os grupos evangélicos. Essa aproximação - em si mesma desejável - deu, porém, resultados inesperados e reprováveis. A evangelização começou a ser confundida com proselitismo por grupos tanto mais agressivos quanto menos afeitos a estudo sério das Escrituras; crescimento numérico das igrejas passou a ser a grande preocupação; igrejas evangélicas se deixaram contaminar por essa febre de crescimento por adesão e não por conversão; urna anti-cultura começou a seduzir muitos evangélicos e o beneficiário de tal desapreço foi o néo-pentecostismo, agora dentro das igrejas.
As igrejas néo-pentecostais, por sua vez, foram cada vez mais se dividindo, de cisão em cisão, multiplicando e crescendo, exatamente por faltar, a cada urna delas, um corpo doutrinário que exige estudo, e práticas bem definidas, com base bíblica. A migração entre esses grupos é muito grande, motivada por novidades e modismos que vão surgindo, fruto da criatividade dos líderes. Um verdadeiro exibicionismo de fé caracteriza esses grupos e ao mesmo tempo é um fator de atração de incautos e ingênuos.
Se tudo isso se passasse apenas entre grupos néo­-pentecostais, o prejuizo espiritual para o Reino de Deus não seria grande, mas isso está acontecendo há tempos em igrejas evangélicas, com graves prejuizos para a evangelização séria e verdadeira, que não é superficial, pois objetiva não a adesão, mas a conversão e santificação, com base no Evangelho puro, sem mistura com práticas fetichistas e sem concessões de ordem moral.
A primeira denominação vítima desse fenomeno foi a Igreja Metodista. Com a cisão que deu origem a Igreja Metodista Wesleyana. A Convenção Batista Brasileira perdeu, em um ano, um milhão de membros. Quanto às igrejas presbiterianas, apesar de sua tradição conservadora e grande cuidado na formação teológica, bíblica e cristocêntrica, não tem ficado imunes a tal infiltração e consequente descaracterização.
Há mais de 20 anos, no norte do Paraná, um presbitério inteiro (de Cianorte) foi minado dando origem à Igreja Cristã Presbiteriana. Outras cisões deram origem às Igrejas Presbiterianas Renovadas. Hoje existem Igrejas Luteranas "renovadas" e muitas outras. O néo-pentecostalismo se infiltrou até na Igreja Romana.
Na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil não houve urna cisão; ela passou a viver com 3 grupos internos bem distintos: o primeiro, formado por pastores, crentes e igrejas que se mantem firmes na doutrina presbiteriana; o 2° grupo, de pastores, crentes e igrejas que se tornaram teologicamente liberais, e o 3o grupo, pentecostalizado completamente.
Isso está acontecendo, também em nossa Igreja Presbiteriana do Brasil - Deus tenha piedade de nós. O que acontece e pode causar grandes transtornos é numa ala da Igreja - onde parece prevalecerem pastores bem jovens - está-se criando um hibridismo absurdo: um calvinismo nominal consorciado com pentecostalismo mal-disfarçado. A direção da Igreja "parece" desconhecer o fato.
A estratégia do inimigo, para infiltrar-se na I.P.B. parece consistir em questionar certos valores: 1) por que não fazer uma pequena concessão litúrgica a alegres presbiterianos que gostam de música jovem de inspiração néo-pentecostal? 2) Por que não fazer outra concessão, com a introdução da poluição sonora das palmas, dos instrumentos elétricos mal tocados por jovens que irão embora se não puderem misturar culto e diversão? 3) Por que conservar a ortodoxia presbiteriana calcada na doutrina da soberania de Deus, absolutamente cristocêntrica, quando está visto que as igrejas que deixam isso de lado são as que mais crescem? Tornam-se antropocêntricas, mas são as que mais crescem?
O resultado de tal modo de pensar será uma igreja presbiteriana apenas no nome. Talvez provoque mesmo uma cisão. Até pode ser esse o objetivo de muitos.
Que fazer diante disso? Lembro-me da recomendação de Paulo em Rm 14.1: "Quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas." Rejeitá-lo não é a atitude certa; "recebei-o". É preciso ter paciência, suportá-lo conforme Cl 3.12-16, para ganhá-lo, tal como Priscila e Áquila fízeram com Apolo - At 18.24-26.
É preciso doutrinar quem não foi bem doutrinado. Crentes bons, convertidos e sinceros, mas que nunca foram ensinados como deviam ter sido; evangelizados superficialmente, não estão acostumados a "examinar as Escrituras" como recomenda Cristo, e como fizeram os judeus de Beréia. Seus "iluminados pastores" lhes ensinaram que o Espírito Santo revela tudo e poderá revelar tudo a todos; para quê, então, estudar? Por que preparar cuidadosamente um sermão ou uma aula, se podem apenas orar e deixar o Espírito Santo falar por meio deles?
Para isso é necessário visitar as igrejas e pregar o Evangelho puro e alertá-los sobre os "outros evangelhos". É preciso colocar ao alcance dos crentes literatura bíblica, a começar pelo jornal da igreja e as revistas da Escola Dominical; realizar muitas reuniões de estudo, simpósios, seminários, cursos por correspondência, etc. Muitos crentes sinceros serão recuperados. Simpatia, aliada a uma real piedade cristã e à firmeza doutrinária, poderá levar novamente a Igreja a gozar saúde espiritual. Nem tudo está perdido!

quinta-feira, agosto 09, 2007

..."Que os irmãos vivam em união"

Salmo 133

O desejo expresso de Deus é que todos nós, crentes em Cristo – pela graça de Deus e não por mérito nosso – vivamos “em união”. É nosso dever fazer tudo o que nos cabe para que o desejo de Deus se realize, para nosso próprio bem. “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da Redenção” – Ef 4.30.
Por que nem sempre vivemos em união? Porque somos imperfeitos e muitas vezes erramos, magoamos irmãos que na verdade amamos. Por outro lado, os ofendidos também são humanos e falhos como nós; não suportam a mágoa que lhes causamos; quebra-se a união que agradava a Deus. Até então Satanás é que está satisfeito, caímos em sua armadilha – 1Pe 5.8.
Nem importa saber quem tem razão quando isso acontece. Cada um precisa assumir a sua responsabilidade pela situação desagradável.
Mas Jesus Cristo nos enviou o Espírito Santo para habitar em nós e nos guiar “em toda a verdade” – Jo 14.16-17 e 16.13, e na santificação – 1Pe. 1.2.
A quebra da união só traz tristeza e grandes prejuízos. Para o bem de todos e da Igreja é necessário reatar a união e a amizade abalada. Quem ofendeu – involuntariamente ou não – e quem se sentiu ofendido, precisam se reconciliar – leiam Mt 5.23-24 e 18.15, e Prov.15.1.
Procurem logo os irmãos – sejam vocês os ofensores ou não. Se não conseguirem dizer alguma coisa, não se importem, dêem-lhes um abraço sincero; toda mágoa desaparecerá e uma nova alegria, e uma amizade mais forte serão a recompensa de todos e de toda a Igreja.
Cada um ore, peça a Deus que o abençoe e aos demais envolvidos no problema. Não deixe para “depois”; “concilia-te depressa...” – Mt 5.25.
As famílias e a Igreja toda voltarão a viver com a alegria que o Espírito Santo nos dá.
Diga, então, como o apóstolo Paulo: “Em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou” – Rm 8.37.

seu irmão pastor Rubens, em 28/5/07.

quinta-feira, agosto 02, 2007

A Doutrina da Graça de Deus

A graça de Deus é a oferta gratuita que Ele faz ao ser humano, de salvá-lo eternamente, adotando-o como filho. Salva-o da condenação, do poder do pecado e santifica-o para que o ser humano possa habitar no Céu. É gratuita porque o ser humano não merece tudo isto que Deus lhe oferece, nem tem condições, por si mesmo, de conquistar qualquer destas bênçãos. A Aliança assim estabelecida por Deus não depende do homem, mas tão somente da graça de Deus.
Textos básicos, iniciais: Gn 3.15; 12.1-3; 15.6; Gl 3.6 e 9; 4.24-28; 3.16 e 29.
Deus fez ou estabeleceu dois pactos: primeiro, o pacto das obras ou da obediência, com Adão e Eva, antes de serem pecadores. O ser humano tinha, então, condições de fazer sua parte, obedecendo; porém, fracassou - Gn 3.6. O concerto da Lei foi feito no Sinai - Gl 3.24. Nessa ocasião o homem prometeu cumpri-la. A Lei instrui o ser humano, mas também condena aquele que a transgride e está fora da aliança da Graça. A Lei escrita foi dada por Deus após haver estabelecido a Aliança, e não anula nem interrompe a Aliança da Graça. Aquele que, pela graça de Deus, está dentro da Aliança da Graça, não é condenado por sua transgressão da Lei, porque Cristo morreu e pagou sua dívida com Deus - 1Co 8.1 e 1Pe 1.18-19.
Gn 17.7-10 - concerto “perpétuo” com Abraão, tendo a circuncisão como sinal visível do pacto.
O pacto da Graça tem a garantia de sua realização na pessoa de Cristo e não na obediência do homem ou qualquer esforço seu - Rm 5.1; Ef 2.8. A fé, que também é dada por Deus, é que capacita o ser humano a gozar dos benefícios da graça, inclusive a graça de não mais ser escravo do pecado. Je 31.31-34; Hb 8.8-12 e Rm 6.14.
O ser humano responde a Deus com a fé em Cristo, pessoal, consciente, voluntária. Em Cristo, cada pessoa que O recebe é admitida no pacto da Graça.
O pacto da graça é particular e não universal, como querem os universalistas - Gn 12.7; 17.7; Gl 3.16- “à tua posteridade, que é Cristo”. Em Cristo é que somos incluidos no pacto da Graça.
É um erro pensar que a “dispensação da graça” é a partir de Cristo, e que antes dEle o que havia era a “dispensação da Lei”. Nenhum texto bíblico diz isso.
A graça foi estabelecida por Deus em Gn 3.15 e tornada explícita na chamada de Deus a Abraão, em Gn 12.1-3.
É um pacto da Trindade com o homem: o Pai oferece a graça, por meio do Filho, e o Espírito Santo o aplica a cada pessoa - Ef 1.1-7, 10-14; 1Pe 1.2; 1Co 15.10 (“sou”)
Ef 4.7 - “a cada um”; 2Pe 3.18 - “Crescei na graça”; 1Pe 5.10-12 - “esta é a verdadeira graça”.
A doutrina da Graça é teocêntrica e não antropocêntrica; depende só de Deus e não do homem. Deus é a causa da Salvação. Lm 3.22; Ef 2.5 e 8-10; Is 47.4; Jó 19.25-27; Sl 49.7-8. Sem Cristo não há salvação - Jo 14.6; Tt 3.5; Gl 2.16; At 13.39.
A graça tem uma aplicação universal apenas no sentido de alcançar pessoas de todas as raças, tribos e linguas, e não no sentido de alcançar todas as pessoas, numa salvação universal. Jo 3.16, 18, 36; At 16.31; Mt 28.19; Mc 16.15; Rm 1.16.
A graça nos reeduca com a Lei; o Espírito Santo nos capacita a observá-la, mesmo que imperfeitamente. É pelo processo da santificação, com os 2 aspectos: o positivo e o negativo. Tt 2.12 e 3.3-8.
A graça de Deus cria um novo homem, um novo povo, a Igreja - 1Pe 2.9-10; 1Co 10.31; Ef 4.1; Fp 4.1.
A graça de Deus nos dá esperança (certa e segura)- Tt 2.13.
Devemos entender “vida eterna” como qualidade de vida que começa imediatamente após a conversão, e não simplesmente como imortalidade; esta todos possuem. Por isso todos serão ressuscitados, conforme afirmou Jesus Cristo, em Jo 5.29; e todos comparecerão ao juizo final - Mt 25.34, 41 e 46.
Quem crê em Cristo, e O recebeu como Senhor e Salvador, tem a vida eterna. Por isso dê graças a Deus. “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom (dádiva) de Deus” - Ef. 2.8.

quinta-feira, julho 26, 2007

Enfim...



Não estou surpreso, pois pertenço a uma família de muitos longevos: meu avô paterno, 96 anos; meu pai, 94; minha mãe, 76; minha avó materna, 86; o caçula do 1º casamento de meu pai, 83; meu único irmão vivo tem 83, e agora eu com 80 anos!
Há anos comecei a preparar-me psicologicamente para “ficar velho”.
Não é nada ruim, acredite. Boa saúde, apesar das limitações da senilidade - andar bastante, correr pouco se puder, sem forçar; guiar o carro mas com cuidado redobrado; não estranhar nem se aborrecer quando esquecer que dia é do mês ou da semana, e assim muitas outras marcas da idade provecta.
Conforta-me e anima-me saber que um Oscar Niemeyer, com muito mais idade, ainda é um arquiteto notável, em atividade; que pastores evangélicos, na casa dos 80, ainda são úteis à Igreja. E também lembrar-me que Moisés aos 80 anos foi chamado por Deus para iniciar sua grande tarefa; que o apóstolo João, na idade senil, escreveu suas cartas e o Apocalipse.
É importante sabermos de nossas limitações e ter consciência realista do que ainda somos capazes, para não aceitarmos ser inválidos enquanto podemos fazer alguma coisa boa. Também não se aborreça se alguém quiser limitá-lo.
Aí se completam e não se contradizem os Salmos 90 e 92. O Salmo 90 diz “A duração de nossa vida é de 70 anos, mas se alguns pela robustez chegam a 80, o melhor deles é canseira e enfado” - fala do homem em geral. O Salmo 92 diz do servo do Senhor: “O justo florescerá como a palmeira... Os que estão plantados na Casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes, para anunciarem que o Senhor é reto”.
Cabe a Deus, e não a nós marcar, os limites, seja a duração de nossa vida, seja a ocupação que nos dá, até o final.
Como é bom envelhecer assim! Promete Deus, através do Salmo 128.6: “Verás os filhos de teus filhos...” (os netos que tenho) “...e a paz sobre Israel”; por essa paz verdadeira lutamos até o fim.
Esteja preparado para viver muito, se Deus quiser; sempre servindo-O com alegria.

S. José dos Campos, 31 de maio de 2007

sexta-feira, julho 20, 2007

Economia Forçada

Não é “pão-durismo”; é que os recursos de que dispomos está se acabando mesmo.
Estamos todos numa fase da Humanidade em que autoridades conscientes estão dizendo que todos nós precisamos economizar para o bem do próprio planeta, a Terra! Economizar água, energia elétrica, gás, alimentos, materiais de construção, roupas, etc., porque os recursos naturais do planeta estão escasseando rapidamente, em face do crescimento da população e do desperdício. Muita coisa que se joga fora apenas polui o planeta, além de representar mais gastos.
Além disso, nossos recursos estão se acabando depressa; para agravar a situação, o aumento de nossas aposentadorias, o governo teve a coragem de estabelecer em 3,3%! Compare: l% do salário de deputado federal é igual a 33% do salário mínimo! Dá pra entender tal discrepância?
Então, a saída é economizar ao máximo. Os salários não podemos diminuir; remédio são indispensáveis; não vamos deixar de comer, nem de ter os cuidados necessários com a higiene e o bem estar. Temos que eliminar tudo que é supérfluo, dispensável!
Vamos economizar em tudo o que é possível:
1. na energia elétrica: apagando as lâmpadas desnecessárias, a tevê quando não estivermos assistindo ou quando não há nada interessante para ver;
2. na água: em benefício de todos – criando o hábito de não abrir de todo as torneiras; basta abrir 1/3 normalmente, e até menos; reutilizar a água quando possível, para evitar “descargas” desnecessárias; não deixar torneira aberta enquanto escovamos os dentes, etc.
3. nos alimentos – deixar de comprar produtos mais caros; continuar a comprar feijão, arroz, pão, carnes, produtos de feira, etc. - mais baratos contanto que estejam bons -; não jogar fora alimentos que não estejam estragados; no caso de mingaus e outros alimentos, deve-se “raspar a panela” para não desperdiçar nada.
4. usar produtos de limpeza com economia: sabão em pedra em lugar de detergente líquido, muito mais caro: usar esponja e “bombril” até que não estejam mais servindo – só então jogá-los fora.
Economia e não desperdício são ensinos bíblicos. Por exemplo, Evangelho de João 6.12.
Colabore conosco, por favor, para o bem de todos.

segunda-feira, julho 16, 2007

Um Estudo do Livro de Oséias

O profeta Oséias provavelmene nasceu no Reino de Israel, e lá também exerceu o seu ministério profético.
A primeira parte do livro que traz seu nome conta o drama pessoal e familiar do profeta: recebeu uma ordem estranha de Deus, muito estranha: “toma uma mulher de prostituições”. Pode ser que não fosse uma prostituta, mas uma moça leviana que, no coração, já era prostituta. Oséias cumpriu a ordem de Deus, casou-se. Esse drama foi, também, uma alegoria ou figura da infidelidade de Israel a Deus. E a maneira como o profeta agiu, guiado por Deus, foi também uma figura do tratamento que Deus deu aos dois povos, Israel e Judá..
Quando nasceu o lº filho de Gomer, a esposa de Oséias, ele lhe deu o nome de Jesreel - nome de uma cidade de Judá - ligado ao fato da matança da família do rei Acabe, feita por Jeú (2Rs 10.10 e 11). Talvez Oséias não tivesse certeza de que essa criança não fosse seu filho. Mas quando nasceu o 2º, que era uma menina, parece que o profeta sabia que a filha não era sua, daí dar-lhe o nome, por ordem de Deus, de Lo-Ruama (não compadecida) - v. 6 - e faz no v. 7 um contraste com Judá. Todos os reis de Israel foram infiéis ao Senhor, mas em Judá vários foram inféis. Enquanto o Reino de Judá durou apenas 250 anos e desapareceu totalmente, o Reino de Israel durou 350 anos porque também não permaneceu totalmente fiel ao Senhor, mas não desapareceu; as 2 tribos foram dispersas, mas até hoje permanece o povo judeu.
Porém, nos v. 10 e 11 predizem-se bênçãos para Israel, como é referido e esclarecido em Rm 9.25-28.
No capítulo dois encontramos o profeta repreendendo a mulher através dos filhos (v. 2 a 13), da mesma maneira como Deus repreende Judá.
Mas nos v. 14 a 23, falam Deus ao Seu povo, e o profeta a Gomer, de sua disposição de restaurar o povo infiel e a esposa infiel. Sem prejuizo da justiça, prevalecem o amor e o perdão.
O capítulo 3 traz a ordem de Deus a Oséias para receber sua mulher, apesar de toda a infidelidade dela; não seria, porém, uma vida dupla de Gomer e uma vida de indignidade do profeta; Gomer seria restaurada moral e espiritualmente. Seria necessário resgatá-la; talvez ela estivesse na situação de serva de quem a explorava, e Oséias pagou o resgate referido no v.2; é figura, também do resgate pago por Cristo por Sua Igreja - 1Pe 1.18-19; 1Co 6.20; Mt 20.28.
Fica aqui uma preciosa lição para os casais cristãos: a lei do perdão, mediante o arrependimento e a restauração do faltoso, é maior e mais forte do que a lei que apenas pune.
Os capitulos 4 a 13 contêm severas repreensões de Deus a Israel, especialmente à tribo de Efraim, a maior das 10 que compunham o Reino de Israel. As repreensões são: “não há verdade nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, e há homicídios sobre homicídios”. Os v. 8 a 14 repetem e aumentam tão triste lista de pecados e defeitos. Alguns dos pecados maiores são aí referidos: luxúria, incontinência (excessos em tudo), bebida, idolatria, paganismo, prostituição. Não está sendo assim mesmo o que acontece nos dias de hoje? A Igreja pode conformar-se?
Todo o capítulo 5 fala das culpas e consequências do pecado de Israel. Duas expressões que aí estão são sugestivas: “traspassaram os limites”, “Efraim quis andar após a vaidade”, uma atitude pecaminosa consciente. No último verículo (15), uma declaração de Deus: o castigo de Deus continuará “até que se reconheçam culpados e busquem a Minha face; estando angustiados Me buscarão”. Mas no v. 12 diz Deus: “Para Efraim serei como a traça; para a casa de Judá, como a podridão”; porque, infelizmente, não haveria o arrependimento.
No capítilo 6 encontramos uma aparente decisão de Israel, de voltar para o Senhor; mais parece uma atitude cínica do que uma atitude sincera. Tanto assim, que Deus responde com desdém à pretensão do povo, pois este não expressara reconhecimento da falta e arrependimento; seria um retorno apenas interessado no perdão de Deus, sem a mudança do pecador; pedido de perdão, sem arrependimento, não tem resposta favorável.
Deus ensina, por isso, o que foi citado por Cristo, em Mt 9.13: “misericórdia quero, e não sacrifício”. No Salmo 51 Davi coloca a questão em termos corretos: “Não Te comprazes em sacrifícios, senão eu os daria... Os sacrifícios para Deus são o coração quebrantado; a uma coração quebrantado e contrito, não desprezarás, ó Deus”.
Capítulo 7. Neste capítulo continua Deus se queixando de Israel: “obraram a falsidade”, “ninguém há entre eles que me invoque”.
Há, aqui, várias expressões significativas: “Efraim é um bolo que não foi virado!”... “é como uma pomba enganada, sem entendimento”; “fugiram de Mim”, “disseram mentiras contra Mim”; “contra Mim se rebelam”, “pensam mal contra Mim”; o domínio do pecado.
No capítulo 8 continua a queixa de Deus : “Traspassaram o Meu concerto, rebelaram-se contra a Minha lei”, “Israel rejeitou o bem” (v.3), “do seu ouro fizeram ídolos para si, para serem destruidos” (v.4). “Em pedaços será desfeito o bezerro de Samaria”. “Semearam ventos e segarão tormentas” (v. 7). “Efraim miltiplicou os altares para pecar” (v.11), “teve altares para pecar”, isto é, embora construisse altares para fazer ofertas pelo pecado, esses altares se tornaram altares para o pecado. É como se hoje construíssemos templos para agradar a Deus, mas nossa vida de pecado continuasse a mesma. “Israel se esqueceu do seu Deus e edificiou palácios, e Judá multiplicou cidades fortes. Mas Eu enviarei um fogo contra as suas cidades” - v. 14.
Capítulo 9. Contém as advertências de Deus, com o anúncio de consequências e castigos que Israel sofreria: derrota militar e deportação para o Egito (como um retorno à escravidão, de onde havia saído com Moisés, cerca de mil anos atrás. “O profeta” é chamado de “insensato” (v.7) e “inimigo na Casa de Deus” (v.9).
Deus diz que havia achado Israel “como uvas no deserto” (um prodígio realizado por Deus), “mas eles foram para Baal-Peor”.
Capítulo 10. O v. 1 é cheio de ironia, mas o v. 2 fala do pecado do “coração dividido” e culpa de Israel. “Eu os castigarei na medida do Meu desejo”. Deus é severo como juiz.
O v. 12 aponta a solução: “semear justiça, buscar o Senhor”. Mas Israel escolhera o caminho da impiedade, destemor de Deus (v.13). O castigo será grande e culminará com a morte do rei - v. 15 - símbolo de derrota.
Capítulo 12. “Efraim se apascenta (se alimenta) de vento”, “multiplica a mentira e a destruição”. Faz aliança com Assíria incrédula e pagã, e não com Judá. Mas também Judá incorre no erro, e o Senhor promete que também retribuirá segundo o que merece por isto. Lembra a Judá o passado, desde o nascimento de Jacó, e sua conversão no vale de Jaboque (v.4).
No v.6 convida Judá a converter-se. Mas o que aconteceu? Israel foi desonesto - é a figura da balança enganadora (v.7) e se ufana de ter enriquecido (v.8), proclamando: “em todo o meu trabalho não acharão em mim iniquidade alguma” - não parece com os corruptos de hoje?
Porém o juizo de Deus virá: “Eu sou o Senhor teu Deus... ainda te farei habitar em tendas” (não mais em palácios). A justiça de Deus é confirmada no v. 14.
O capítulo 13, até o v. 13, fala da rebeldia e iniquidade de Israel e da justiça de Deus, mas no v. 14 fala da misericórdia de Deus. “Eu os remirei”. É o poder de Deus, que pode resgatar e restaurar o perdido, texto citado por Paulo em 1Co 15.54-55, para falar novamente na insubmissão dos que serão punidos - vs. 15 e 16.
Capítulo 14. Convite à conversão - v. 1 e 2. Um arrependimento verdadeiro e uma mudança real de atitude está traçada no v. 3: “Não nos salvará a Assíria, não iremos montados em cavalos, e à obra das nossas mãos não diremos mais: 'tu és o nosso Deus'; porque por Ti o órfão alcançará misericórdia”.
V. 4 a 6: a promessa de Deus: “Eu curarei a enfermidade deles e os amarei de todo o Meu coração, pois a minha ira desviou-se deles. Serei como orvalho para Israel; como o cedro do Líbano aprofundará as suas raízes: seus brotos crescerão. Seu esplendor será como o da oliveira, sua fragrância como a do cedro do Líbano”.
V. 7: um estímulo a todos que quiserem voltar para o Senhor: “Os que habitavam à sua sombra voltarão. Reviverão como o trigo, florescerão como a videira, e a fama de Israel como o do vinho do Líbano”.
V. 8: mudança completa - “O que Efraim ainda tem com ídolos?” Como está em 2Co 5.17: “As coisas velhas já passaram, eis que surgiram coisas novas”.
V. 9: convite a meditar sobre tudo isso, ainda que não possa entendê-lo. Rm 9.33-36: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juizos, e quão inescrutáveis os Seus caminhos! Porque quem conheceu o intento do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro? Ou quem Lhe deu primeiro a Ele, para que lhe fosse recompensado? Porque dEle e por Ele e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém”.

quinta-feira, julho 05, 2007

O Apocalipse

“Apocalipse” significa Revelação. É o livro profético do Novo Testamento.
Um livro difícil de entender em seu todo. João Calvino, um verdadeiro gênio no campo da Teologia, compreendeu isso; escreveu comentários sobre a Bíblia toda, com exceção deste livro; por isso falou-se dele: “Até nisso foi sábio”. Nós, muito mais, precisamos ter a humildade de reconhecer nossas limitações, atentando para a recomendação de Paulo em Rm 12.3: “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Almeida, Corrigida); e na NVI: “Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”. Ninguém, por vaidade, pense que pode entender tudo. Nenhum de nós entende, nem pode entender tudo o que está nas Escrituras. Leia Dt 29.29.
Vamos estudar o Apocalipse, no que for possível, nesta oportunidade.
No início, João fala da finalidade do livro:
1.1 - da felicidade de alguém ler, ouvir e guardar o ensino das Escrituras;
l.3. - É o livro que, por ser o último, encerra a Revelação escrita de Deus, e o que ele diz aqui e em outros textos, refere-se a toda a Bíblia, por exemplo em Ap 22.18-19.
Dirige-se às sete igrejas da Ásia, figura de toda a Igreja, e de cada igreja local.
João, o autor, não escreve de si mesmo e por sua iniciativa, mas “Da parte de Jesus Cristo” (v. 5). Referindo-se à volta de Cristo, afirma “todo olho o verá” (v. 7).
João estava na Ilha de Patmos, uma das ilhas do Arquipélago Grego, e hoje tem o nome de Patino. Diz ele: “fui arrebatado”, como Paulo em 2Co 12.2. E Deus lhe disse: “o que vês escreve-o às sete igrejas” (v. 11). Foi o que João fez.
Em l.13-16 ele nos dá uma descrição do “Filho do Homem”, em linguagem toda simbólica. Não precisamos nos preocupar em entender a linguagem figurada e simbólica que encontramos através de todo o livro.
Porém, entre figuras que não entendemos encontram-se textos bem claros, como os versos 17 a 20 do primeiro capítulo.
As sete cartas (cap. 2 e 3) contêm alguns elogios, especialmente às igrejas de Smirna e Filadélfia, e muitas repreensões às demais. Todas elas se aplicam perfeitamente à Igreja de hoje. “Tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4).
Nos capítulos seguintes há muita dificuldade para entender; mas há trechos de grande valor para nossa edificação.
O capítulo 7 tem alguns versículos que os “Testemunhas de Jeová” usam indevidamente em defesa de seus ensinos: o v. 4 fala do número dos “assinalados” - 144.000 - que, dizem eles, são os “Testemunhas de Jeová” que irão para o Céu (ver também 14.3: 12 tribos, 12.000 de cada uma). Qual a base para se afirmar que o texto se refere a eles? Além disso omitem que logo a seguir, no v. 9, João fala de “uma multidão que ninguém podia contar...”; esses são os salvos, no Céu. Então, 144.000 é um número simbólico.
Há muitos textos inteligíveis e confortadores: Ap 11.15, 17; 14.12-13; 18.1-5; 19.1-10 (o v. 10 é de extrema importância).
O cap. 20 é o capítulo que os pré e os pós-milenistas usam para defender suas idéias e imaginações: “o milênio”. “1.000 anos” é repetida aqui 5 vezes: versos 2, 4, 5, 6, e 7. É a mesma expressão usada por Pedro em 2Pe 3.8.
A Igreja Presbiteriana é “amilenista” – não cremos que haverá um período de 1.000 anos em que Cristo reinará sobre a Terra. Cristo já reina, desde Sua encarnação. Ele foi anunciado como o “rei dos judeus”, o rei de um reinado que não terá fim (2Sm 7.8, 12, 13, 16). Ele é o Rei, embora muitos não O reconheçam e não o recebam como tal.
Sobre a volta de Cristo há os textos bem claros de 1Co 15. 51-52 e 1Ts 4.13-17 e ainda Mt 25.31-34 e 41.
O que cremos sobre o “milênio”. O livro de Apocalipse fala da vitória de Cristo no mundo, que se iniciou com a Sua encarnação, continuou com Sua vida, morte e ressurreição. Ele venceu Satanás (Ap 1.17-18; 5.90 e seguintes; 15.4; 19.11 e 16; 20.4; 22.3-5).
O capítulo 21 fala dos novos Céus e nova Terra. Por que? Esclarece 2Pe 3.10-12; os atuais Céus e Terra serão consumidos e criados novos. Ap 21.1-8 é compreensível e confortador.
Pós-milenismo é a corrente teológica que apregoa que haverá na Terra um período de 1.000 anos de paz, e depois disso Cristo virá. Esse período seria resultado de um aperfeiçoamento do mundo, por influência da Igreja. A realidade é completamente diferente (Lc 18.8; Mt 24.3, 8-14). As duas guerras mundiais do século XX desmoralizaram essa corrente
Pré-milenismo afirma que Cristo virá e estabelecerá Seu reino no mundo por 1.000 anos. Os pré-milenistas dispensacionalistas chegam ao ponto de estabelecerem quase um calendário ou cronograma dos acontecimentos. Fazem verdadeiras profecias sobre o futuro.
Baseia-se em interpretação literal dos textos do Apocalipse, quando não é possível entender assim. Quando não podemos entender, devemos reconhecer isso (Dt 29.29).
Os pré-milenistas forçam a interpretação, e o resultado é o predito em 2Pe 3.16; vale a pena reler a advertência de 2Pe 3.17.
Grandes textos confortadores: 7.9-17; 14.12-13; 19.1-10; 21.1-8; 22.6-17, e uma lição sobre o respeito a toda a Escritura (22.18-19).
Apocalipse encerra com o desejo dos crentes – 22.20-21: “ó vem, Senhor Jesus!”

segunda-feira, julho 02, 2007

Vocação Pastoral

A VOCAÇÃO PASTORAL – 1 Tm 1.12

Fico surpreso por estar, eu mesmo, preocupado – e muito – com o número enorme de pastores “sobrando” e outro tanto de candidatos ao ministério nos 7 ou 8 Seminários da I.P.B. O que devia ser motivo para satisfação, é motivo de apreensão
Houve um tempo, na Igreja, há cerca de 35 anos, que faltavam pastores e havia muitas vocações então chamadas “tardias”, de homens já experimentados no trabalho da Igreja, chefes de família, profissionais de diversas áreas: advogados, médicos, engenheiros, professores, evangelistas da J.M.N., aos quais a I.P.B. decidiu dar a formação teológica básica permitindo que os Presbitérios os examinassem e, aprovados, fossem ordenados para o ministério pastoral. Foram muitas dezenas, que supriram campos então carentes de pastores.
A I.P.B. tinha apenas 2 seminários – Recife e Campinas. Neles a preocupação era formar pastores e não apenas bacharéis.
A dúvida presente é esta: será que Deus tem chamado tantos jovens para depois deixá-los sem campos de trabalho? Estará Deus chamando tantos homens para se tornarem pastores improdutivos, que não fazem diferença, e ao mesmo tempo cooperem para que as Igrejas se tornem “mornas”, sem vida abundante, sem se empenharem na obra urgente da evangelização e formação de novas igrejas?
Creio firmemente que isto tem tudo a ver com o assunto da vocação, que precisa vir de Deus.
Um fato apresentado nas Escrituras é que Deus chamou os que Ele quis para serem os Seus profetas, os Seus juizes da Israel, os Seu apóstolos, os Seus pastores. Foi assim com Abraão (Gn 12), com Moisés (Ex.3), com Samuel (1Sm.3); com Isaias (Is.6), com Jeremias (Je 1), com Amós (Am.7.14-15), com João Batista (Lc 3.2-3), com os apóstolos (Mc 3.23), com Paulo (At.9.1-6 e 1Tm. 1.12), e com todos os referidos em Hb 11.
A ninguém que Ele chame, deixa na dúvida. “Deus me chamou”, “Deus me enviou”, é a certeza íntima dos vocacionados por Deus. Vocacionar vem do verbo latino “vocare” que significa chamar, como a viva voz, sem deixar dúvida.
Temo que muitos têm confundido seu próprio desejo como vocação divina. Deus não aceita isso. É emblemático o caso de Arão e Miriam – Nm 12.1-16. Deus tinha para eles um ministério muito importante, e a ele deviam dedicar-se sem se apoderarem de outro que Deus não lhes der – Nm 12.
Tenho visto muitos tornando-se ministros por decisão própria, de diferentes ministérios; o resultado é fracasso e prejuízo para a causa do Evangelho.
Nesta época de tão pouco temor de Deus no mundo, em que há tanta riqueza de um lado e miséria de outro; em que há tanto desemprego, a “tentação de ser pastor” parece que é um fato.
Relembro o apelo feito pelo missionário Floyd Grady, em um Congresso Nacional da Mocidade: “Moço, se Deus o chamou para o ministério, pelo amor de Deus, venha! Mas se Deus não o chamou, pelo amor de Deus, não venha!”
Pastor, se Deus não o chamou, não seja pastor, não dá certo!
(Rubens Pires do Amaral Osório, abril/2007)