Primeiro estudo - Sl 127
A Família depende da Bênção de Deus
A lição central deste Salmo está no versículo 1: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam”. “Casa”, aqui, é figura de linguagem; a casa, como construção, já depende de Deus, que dá capacidade ao arquiteto ou engenheiro para planejar e fazer os cálculos necessários; ao pedreiro, para que saiba fazer uso do nível e do prumo, para usar corretamente os diferentes materiais. Mas o salmo fala é do cuidado de Deus com quem vive dentro da casa, a família. Na língua portuguesa e nas Escrituras é comum o uso da palavra “casa” significando família ou clã.
O versículo 2 é uma confirmação: fala da inutilidade do trabalho dos membros da família, muitas vezes desde a madrugada até altas horas da noite, em busca dos bens materiais. Sem a bênção de Deus, muitas famílias chegam a crescer, a enriquecer, para, ao fim, desmoronarem como famílias, porque lhes faltaram os fatores que poderiam, realmente, fortalecê-las e dar-lhes estabilidade. Então vêm a desunião, o divórcio e a inimizade até.
Entretanto, aqueles bens são dados até “enquanto dormem”, sem a mesma preocupação, aos “amados” do Senhor.
É a experiência de muitos cristãos e famílias cristãs que muitas vezes vão dormir sem terem solução para algum problema, e quando acordam, pela graça de Deus, o problema foi resolvido. Talvez seja essa a experiência referida pelo autor do Salmo 2.5: “eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou”.
A mesma experiência referida no Sl 4.8: “Em paz me deitarei e dormirei, porque só Tu, Senhor, me fazes habitar em segurança”.
Em Pv 3.21-24, o sábio Salomão ensina: “Guarda a sabedoria e o bom siso... quando te deitares, não temerás: sim, tu te deitarás e o teu sono será suave”.
O v. 3 fala a respeito dos filhos, no plural. Já disse alguém, que família é quando existem marido, mulher e filhos. Quando há um filho só, existe o relacionamento de marido e mulher, existe o de pais e filho, mas ainda não existe o relacionamento de irmãos, também necessário para o completo desenvolvimento do caráter das pessoas: a convivência com o igual.
Neste versículo os filhos são apresentados como dádiva de Deus, pois só Ele pode dar e conservar a vida. Duas figuras de linguagem trazem a idéia de dádiva e alegria: “herança” e “galardão”, prêmio. Embora biologicamente os filhos sejam gerados pelos pais, a fecundação, o desenvolvimento do embrião e o nascimento da criança, sem dúvida dependem de Deus, o Senhor da vida.
Evidência disso são os casais que em todo o mundo querem filhos e não conseguem tê-los. A ciência tem procurado resolver esse problema com tratamentos médicos para os cônjuges, o processo bem sucedido de inseminação artificial, o bebê de proveta, a fecundação em laboratório e a implantação do embrião em um útero que não é o da mãe, incapacitada de dar prosseguimento à gestação. Todos esses recursos não invalidam o poder de Deus para dar a vida e levá-la a bom termo. Outro fato que comprova a vontade soberana de Deus nesse assunto, é o contrário: nascerem crianças contra toda espectativa, mesmo quando o casal toma todas as providências para evitar a fecundação. Deus é Quem decide sobre a vida.
As duas figuras de linguagem mostram que os filhos devem ser recebidos com alegria, como dádivas de Deus: herança e galardão, ou prêmio. Essas coisas sempre são recebidas com alegria.
Infelizmente, porém, não são todos os pais e mães que os recebem com alegria. Principalmente quando, no ato sexual, têm em mente só o prazer e não a busca da bênção de Deus. Esta pode ser a união completa com o cônjuge - inclusive a união espiritual - ou a possibilidade de receber a dádiva de um filho.
Esta idéia dos filhos como dádiva de Deus nos leva a pensar em como devem os pais receber e tratar os filhos:
1- com alegria e gratidão a Deus;
2- com o senso de responsabilidade. Segundo o Sl 24.1, todo ser humano pertence a Deus, inclusive nossos filhos. Somos mordomos de Deus, pois nossos filhos pertencem a Ele.
Existem presentes que ganhamos, que não chegam a despertar nosso interesse, inclusive porque não precisamos deles, mas há outros que, por menos que nos sirvam, não nos desfazemos deles de modo algum, porque eles têm um valor estimativo: ganhamos de alguma pessoa muito especial. Quando temos convicção de que os filhos nos são dados por Deus, então os recebemos com o apreço que eles realmente merecem.
Por isso, quando uma mulher percebe que está grávida, precisa começar a tomar cuidados especiais consigo mesma, para tratar bem a criança gerada: cuidar de sua alimentação, para dar à sua criança os sais minerais, as vitaminas e as proteínas necessárias ao seu desenvolvimento. Se possui algum vício, precisa abandoná-lo. Nascida a criança, os pais têm que cuidar do crescimento e da educação dos filhos - educação intelectual, moral e espiritual. Educar nesses três aspectos é muito mais difícil do que “criar” os filhos, mas é o mais importante.
“Instrue ao menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” - Pv 22.6.
“Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu poder; e estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” - Dt 6.5-7
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